O número de atendimentos a mulheres em situação de violência praticamente quadruplicou na Defensoria Pública do Estado em 2020 em comparação com o mesmo período no ano passado. Entre os meses de março e junho, foram 285 atendimentos ao contrário dos 73 registrados nos mesmos meses de 2019. O órgão também registrou 61 pedidos de medidas protetivas. Para entender melhor o cenário no qual as mulheres estão inseridas, a Defensoria realizou uma pesquisa com as solicitantes dessas medidas.
Nos últimos dias, o Estado registrou casos graves de violência contra a mulher. Em um deles, uma auxiliar de limpeza teve a orelha dilacerada após uma mordida dada pelo próprio companheiro em Jardim Carapina, na Serra.
Durante a pandemia do novo coronavírus e para facilitar o acesso das mulheres às medidas protetivas, a Defensoria Pública disponibilizou um formulário on-line, por meio do seu site, e um canal de WhatsApp para atendimento das demandas. De oito de maio até 13 de julho foram recebidos 61 pedidos de medidas protetivas por essas ferramentas.
O órgão realizou uma pesquisa com as solicitantes dessas medidas protetivas. O estudo apontou que 59,2% foram agredidas pelos maridos ou companheiros, 100% sofreram agressão psicológica, 57,1% sofreram agressão moral, 34,7% foram vítimas de agressão física, 24,5% sofreram agressão patrimonial e 4,1% sofreram violência sexual.
De acordo com as defensoras públicas que prestam atendimento às mulheres, as agressões ocorrem simultaneamente ou alternadamente e, em muitos casos, são subnotificadas.
Segundo Maria Gabriela Agapito, coordenadora de Promoção e Defesa dos Direitos das Mulheres, o aumento do número de atendimentos a mulheres em situação de violência registrado pela Defensoria não significa aumento nos índices de violência de gênero. Isso porque, apesar das medidas de isolamento social configurarem um ambiente propício para o aumento da incidência deste tipo de violência, há ainda uma grave situação de subnotificação.
A coordenadora explica que essa situação é agravada pelo monitoramento constante do agressor e o crescimento da vulnerabilidade social, dificultando ainda mais que as mulheres nessa situação acionem a rede de atendimento e os canais de denúncia.
Maria Gabriela acredita que uma das causas para o crescimento da quantidade de atendimentos é o aumento do número de defensoras em atuação no núcleo. Em 2019, tínhamos apenas uma e agora contamos com o apoio de mais três que realizam os atendimentos encaminhados pelos centros de referência de atendimento às mulheres, bem como dos formulários de medidas protetivas on-line, explica.
O atendimento às mulheres em situação de violência doméstica é feito por meio do WhatsApp (027) 99837-4549 e o canal para solicitar medidas protetivas on-line pode ser acessado neste link: https://tinyurl.com/yacohef4.
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