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Aula em escola do ES vira caso de polícia após turma parar em hospital

Aula em escola do ES vira caso de polícia após turma parar em hospital

Experimento em aula de Ciências foi realizado com compartilhamento de agulha; pais estão apreensivos pela saúde dos adolescentes

Publicado em 17 de março de 2025 às 16:49

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Carol Leal
Repórter / ana.saraiva@redegazeta.com.br

Mais de quarenta alunos de uma escola estadual foram hospitalizados após um professor realizar testes de tipagem sanguínea reutilizando a mesma agulha para todos os adolescentes na sexta-feira (14), na cidade de Laranja da Terra, localizada na Região Serrana do Espírito Santo. O nome da escola e do professor não serão divulgados para preservar a identidade dos alunos.

De acordo com a Secretaria da Educação (Sedu), os alunos fazem parte das turmas de 2ª e 3ª série do Ensino Médio e têm idades entre 16 e 17 anos. Eles participavam da aula de Práticas Experimentais em Ciências, ministrada por um professor de química que demonstrou como realizar um teste para descobrir o tipo sanguíneo de cada um.

Devido ao compartilhamento de agulha, os pais dos alunos estão apreensivos com a saúde dos filhos e alegam que os adolescentes estão sendo discriminados na escola pela possibilidade de terem sido infectados. Além disso, eles também exigem que a escola arque com os custos dos testes e possíveis medicamentos necessários.

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Ele (o professor) usou a mesma agulha para alunos da mesma turma. Eu estou com muito medo de que minha filha possa estar infectada com alguma doença.

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Mãe de aluna que participou do experimento
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A Sedu informou ainda que os alunos estão bem e frequentando as aulas normalmente. Todos os 44 estudantes foram submetidos a teste rápido de diagnóstico de infecção, que deu negativo para todas as doenças testadas. Quanto ao professor, que não teve identidade divulgada, o contrato foi encerrado e o caso foi encaminhado para a corregedoria da Sedu.

Na manhã desta segunda-feira (17), foi realizada uma reunião entre a Secretaria municipal de Saúde e a Secretaria Estadual de Saúde para alinhamento sobre o protocolo a ser adotado no acompanhamento dos estudantes, que vão repetir os testes em 30 dias. Ainda nesta segunda-feira, a escola também se reuniria com pais e alunos, com a presença da Secretaria Municipal de Saúde, para esclarecimentos.

Segundo a Polícia Civil, o caso seguirá sob investigação da Delegacia de Polícia de Laranja da Terra e detalhes da investigação não serão divulgados no momento. Procurada pela reportagem de A Gazeta, a Secretaria Municipal de Saúde respondeu que se prontificou rapidamente a atender os adolescentes no dia do ocorrido e que segue acompanhando o caso.

Confira a nota completa

Nota da Secretaria municipal de Saúde de Laranja da Terra

A Secretaria Municipal de Saúde de Laranja da Terra recebeu a informação de que alunos de uma escola necessitavam de atendimento urgente. Vale ressaltar que cabe à Secretaria Estadual de Educação, juntamente com outros órgãos estaduais, esclarecer os detalhes sobre o ocorrido dentro da unidade escolar.

 Diante da demanda, a Secretaria acionou o médico plantonista do hospital e a Vigilância Epidemiológica do município, estruturando uma linha de ação imediata. Além disso, foi feito contato com a Secretaria de Estado da Saúde do Espírito Santo, que orientou sobre os protocolos e medidas a serem adotadas na ocasião.

 Foram prestados 44 atendimentos, pelas equipes do Hospital Municipal de Laranja da Terra e da Unidade Básica de Saúde da sede. Todos os atendidos estavam em boas condições de saúde, sem apresentar sintomas incomuns ou agravantes.

 A Secretaria Municipal de Saúde segue acompanhando o caso de perto prestando apoio aos alunos e familiares.

O outro lado

Nesta quinta-feira (20), em nota, a defesa do professor declarou que “a única preocupação dele é o bem-estar dos alunos e da comunidade escolar envolvida nesta situação”.

O advogado Enoc Joaquim da Silva disse que “nos últimos dias fora divulgada a informação de que o professor não teria sido localizado pela autoridade policial", o que segundo a defesa não procede, "vez que desde a última terça-feira a defesa do professor fez contato com a assessoria do Ministério Público e com a Autoridade Policial de Laranja da Terra, se colocando à disposição para qualquer esclarecimento necessário".

“Imperioso destacar que o professor sempre desenvolveu seu trabalho com zelo e ética, buscando sempre o melhor caminho para o aprimoramento educacional de seus alunos, sendo profissional da área há pelo menos 13 anos”, disse o advogado, na nota.

A defesa informou que o professor prestou depoimento na quarta-feira (19) à polícia em Laranja da Terra, apresentando o que chamou de “verdadeira narrativa dos fatos”. O advogado confirmou que a demissão do professor se deu de forma unilateral pela Secretaria de Estado de Educação (Sedu).

Segundo a defesa, não será detalhado o teor do que o professor demitido disse à polícia “a fim de não trazer prejuízo ao trabalho investigatório”.

“A aula prática com os alunos não se tratou de realização de exame para identificação do tipo sanguíneo dos alunos e sim de visualização de células em microscópio, tendo o professor se cercado de todos os cuidados necessários (de acordo com os materiais que tinha a sua disposição) para evitar qualquer tipo de prejuízo ou risco aos alunos", informou a defesa do professor.

Por fim a defesa disse que a participação dos alunos no experimento “se deu de forma voluntária, não havendo qualquer imposição ou constrangimento para a participação dos mesmos nas atividades desenvolvidas", que as "atividades se deram em Laboratório de Ciência existente na própria instituição educacional”, e que o professor está à disposição para “qualquer esclarecimento”.

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