A avó paterna de Ana Victória Silva dos Santos, de apenas 8 anos, chegou a Vitória neste domingo (13) para liberar o corpo da menina, assassinada a pauladas pelo próprio pai depois de não ter feito o dever de casa em Cariacica, na Grande Vitória. A mulher, que não quis se identificar, veio de Itueta, no interior de Minas Gerais, cidade onde morava com a neta até o início deste ano.
Segundo a avó, ela e Ana Victória viviam juntas em Itueta até janeiro, quando a menina e o irmão gêmeo se mudaram para o Espírito Santo para viver com o pai, Welington Caio Silva Nogueira, de 28 anos. "Minha neta vivia comigo, levava ela para a escola, médico, tudo. As minhas lembranças são as melhores que eu tenho, era a minha vida", comentou a avó, em entrevista ao repórter Paulo Ricardo Sobral da TV Gazeta.
A avó contou que foi informada sobre o assassinato da neta por uma equipe do Conselho Tutelar de Itueta. "Eu estava sozinha em casa e o conselho tutelar me ligou. Eu tomei um choque, não acreditei, entrei em desespero e estou em choque até agora"
Segundo a conselheira da cidade, que também preferiu não ser identificada, a mãe da criança mora em Minas Gerais e perdeu a guarda dos filhos por maus tratos. Tanto Ana Victória quanto seu irmão gêmeo estavam na casa do pai há apenas três meses.
"Desde sábado o conselho tutelar de Cariacica entrou em contato com a gente e o Conselho Tutelar de Aimorés, em Minas, também. Isso porque na época em que as crianças foram retiradas da mãe por maus tratos e negligência, eles moraram na cidade. Nós fomos muito bem acolhidos pelo conselho de Cariacica e fomos mantendo contato até chegarmos aqui. Foi um trabalho em equipe", narrou a conselheira.
Com o apoio dos conselheiros tutelares, a avó conseguiu organizar a viagem até Vitória para realizar a liberação do corpo da neta. Ela disse não entender como o filho, que ela descreveu como "um rapaz bom", pôde cometer um ato tão violento. Ainda disse que não quer falar com ele, "Não sei informar o que aconteceu. Não foi o filho que eu criei. Ele não tinha vícios, era estudado, ele ia se formar em Engenharia Civil e já trabalhava. A vida deles era os filhos, ele vivia para as crianças".
O corpo de Ana Victória foi liberado no fim da manhã deste domingo (13). A menina será velada e enterrada em Itueta.
Após o crime, o irmão gêmeo de Ana Clara foi acolhido pelo Conselho Tutelar e levado para um abrigo em Cariacica. O conselheiro tutelar do município Marcos Paulo Fonseca pontuou que o irmão de Ana Victória relatou que também era agredido pelo pai. E que, durante busca nos documentos na residência da família após o crime, foi encontrado um receituário da menina que comprovava TDAH e autismo também.
Agora, o Juizado da Infância e Juventude é quem vai decidir o futuro do garoto, em um processo considerado delicado e que pode levar alguns dias para ser concluído. Enquanto continua em um abrigo, a avó disse à reportagem da TV Gazeta que vai lutar pela guarda do menino.
O crime aconteceu na noite da última sexta-feira (11), no bairro Itaquari, em Cariacica. A menina morava com o pai, o irmão e a madrasta há três meses. De acordo com testemunhas, vizinhos viram Welington carregando a filha nos braços. A menina foi levada ao Pronto Atendimento de Alto Lage, mas, segundo relato da equipe médica à Polícia Militar, Ana Victória já chegou sem vida, com sinais claros de agressão.
Welington foi preso em flagrante e confessou o crime. À polícia, ele relatou que agrediu a filha com socos e pauladas, principalmente na região da costela e da cabeça, depois de ser chamado à escola da menina para conversar sobre o comportamento dela.
Com a série de agressões, a criança apresentou dificuldade respiratória, momento em que o agressor decidiu levar a menina até a unidade de saúde. Ainda de acordo com a Polícia Militar, a madrasta da criança alegou que chegou a ouvir as agressões, mas que não interveio.
Segundo a Polícia Civil (PCES), o homem foi conduzido à Delegacia Regional de Cariacica, onde foi autuado em flagrante por homicídio qualificado contra pessoa menor de 14 anos e com aumento de pena pelo fato de ser o tutor da vítima. Após a prisão, Welington foi encaminhado ao Centro de Triagem de Viana (CTV).
A madrasta, por sua vez, foi ouvida e liberada “já que a autoridade policial não identificou elementos suficientes para realizar a prisão em flagrante naquele momento”, informou a PC, também em nota.
Segundo a defesa da mulher, na delegacia, a madrasta da criança teria demonstrado "muito medo do companheiro, por isso não conseguiu intervir no momento das agressões". Também em nota enviada à reportagem, o advogado da mulher alegou que "desta forma, o delegado, entendendo que ficou demonstrado que ela não agiu com conduta dolosa ou omissiva, a liberou. Assim, estaremos aguardando o andamento do processo e ela se coloca à disposição da Justiça para esclarecer qualquer dúvida", destacou.
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