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Avó de menina assassinada pelo pai vem ao ES liberar corpo da neta

Avó de menina assassinada pelo pai vem ao ES liberar corpo da neta

Ana Victória Silva dos Santos, de apenas 8 anos, foi motra pelo próprio pai depois de não ter feito o dever de casa, na última sexta-feira (11)

Publicado em 13 de abril de 2025 às 14:35

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Welington Caio Nogueira, pai de Ana Victória, matou a própria filha com socos e pauladas
Welington Caio Nogueira, pai de Ana Victória, matou a própria filha com socos e pauladas. (Divulgação)
Bruno Nézio
Repórter / bruno.cunha@redegazeta.com.br

A avó paterna de Ana Victória Silva dos Santos, de apenas 8 anos, chegou a Vitória neste domingo (13) para liberar o corpo da menina, assassinada a pauladas pelo próprio pai depois de não ter feito o dever de casa em Cariacica, na Grande Vitória. A mulher, que não quis se identificar, veio de Itueta, no interior de Minas Gerais, cidade onde morava com a neta até o início deste ano.

Segundo a avó, ela e Ana Victória viviam juntas em Itueta até janeiro, quando a menina e o irmão gêmeo se mudaram para o Espírito Santo para viver com o pai, Welington Caio Silva Nogueira, de 28 anos. "Minha neta vivia comigo, levava ela para a escola, médico, tudo. As minhas lembranças são as melhores que eu tenho, era a minha vida", comentou a avó, em entrevista ao repórter Paulo Ricardo Sobral da TV Gazeta.

A avó contou que foi informada sobre o assassinato da neta por uma equipe do Conselho Tutelar de Itueta. "Eu estava sozinha em casa e o conselho tutelar me ligou. Eu tomei um choque, não acreditei, entrei em desespero e estou em choque até agora"

Segundo a conselheira da cidade, que também preferiu não ser identificada, a mãe da criança mora em Minas Gerais e perdeu a guarda dos filhos por maus tratos. Tanto Ana Victória quanto seu irmão gêmeo estavam na casa do pai há apenas três meses.

"Desde sábado o conselho tutelar de Cariacica entrou em contato com a gente e o Conselho Tutelar de Aimorés, em Minas, também. Isso porque na época em que as crianças foram retiradas da mãe por maus tratos e negligência, eles moraram na cidade. Nós fomos muito bem acolhidos pelo conselho de Cariacica e fomos mantendo contato até chegarmos aqui. Foi um trabalho em equipe", narrou a conselheira.

Com o apoio dos conselheiros tutelares, a avó conseguiu organizar a viagem até Vitória para realizar a liberação do corpo da neta. Ela disse não entender como o filho, que ela descreveu como "um rapaz bom", pôde cometer um ato tão violento. Ainda disse que não quer falar com ele, "Não sei informar o que aconteceu. Não foi o filho que eu criei. Ele não tinha vícios, era estudado, ele ia se formar em Engenharia Civil e já trabalhava. A vida deles era os filhos, ele vivia para as crianças".

O corpo de Ana Victória foi liberado no fim da manhã deste domingo (13). A menina será velada e enterrada em Itueta. 

Após o crime, o irmão gêmeo de Ana Clara foi acolhido pelo Conselho Tutelar e levado para um abrigo em Cariacica. O conselheiro tutelar do município Marcos Paulo Fonseca pontuou que o irmão de Ana Victória relatou que também era agredido pelo pai. E que, durante busca nos documentos na residência da família após o crime, foi encontrado um receituário da menina que comprovava TDAH e autismo também.

Agora, o Juizado da Infância e Juventude é quem vai decidir o futuro do garoto, em um processo considerado delicado e que pode levar alguns dias para ser concluído. Enquanto continua em um abrigo, a avó disse à reportagem da TV Gazeta que vai lutar pela guarda do menino.

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Vou lutar pelo meu outro neto, para ele poder voltar para a casa dele. Estou vivendo pelo meu neto, não sei o dia de amanhã mas vou fazer de tudo que eu tenho para lutar pelo o que está no abrigo

Avó paterna de Ana Victória
Não quis se identificar
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Relembre o caso

Ana Victoria Silva dos Santos, de oito anos, morta pelo pai com golpes na cabeça e na costela
Ana Victoria Silva dos Santos, de oito anos, morta pelo pai com golpes na cabeça e na costela. (Arquivo pessoal)

O crime aconteceu na noite da última sexta-feira (11), no bairro Itaquari, em Cariacica. A menina morava com o pai, o irmão e a madrasta há três meses. De acordo com testemunhas, vizinhos viram Welington carregando a filha nos braços. A menina foi levada ao Pronto Atendimento de Alto Lage, mas, segundo relato da equipe médica à Polícia Militar, Ana Victória já chegou sem vida, com sinais claros de agressão.

Welington foi preso em flagrante e confessou o crime. À polícia, ele relatou que agrediu a filha com socos e pauladas, principalmente na região da costela e da cabeça, depois de ser chamado à escola da menina para conversar sobre o comportamento dela.

Com a série de agressões, a criança apresentou dificuldade respiratória, momento em que o agressor decidiu levar a menina até a unidade de saúde. Ainda de acordo com a Polícia Militar, a madrasta da criança alegou que chegou a ouvir as agressões, mas que não interveio.

Segundo a Polícia Civil (PCES), o homem foi conduzido à Delegacia Regional de Cariacica, onde foi autuado em flagrante por homicídio qualificado contra pessoa menor de 14 anos e com aumento de pena pelo fato de ser o tutor da vítima. Após a prisão, Welington foi encaminhado ao Centro de Triagem de Viana (CTV).

A madrasta, por sua vez, foi ouvida e liberada “já que a autoridade policial não identificou elementos suficientes para realizar a prisão em flagrante naquele momento”, informou a PC, também em nota.

Segundo a defesa da mulher, na delegacia, a madrasta da criança teria demonstrado "muito medo do companheiro, por isso não conseguiu intervir no momento das agressões". Também em nota enviada à reportagem, o advogado da mulher alegou que "desta forma, o delegado, entendendo que ficou demonstrado que ela não agiu com conduta dolosa ou omissiva, a liberou. Assim, estaremos aguardando o andamento do processo e ela se coloca à disposição da Justiça para esclarecer qualquer dúvida", destacou.

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