Duas das principais lideranças do Primeiro Comando de Vitória (PCV), detidos no sistema prisional capixaba, estão entre os clientes do advogado Frank Willian de Moraes Leal Horácio, preso na última sexta-feira (13) como intermediador de um homicídio.
Um deles é Carlos Alberto Furtado, o Beto. Detido desde 2013, ele lidera a organização criminosa que domina o Complexo da Penha, o PCV, e o seu braço armado, o Trem Bala, ambas ligadas ao Primeiro Comando da Capital (PCC), cujas principais lideranças estão reclusas, mas ainda continuam dando ordens e comandando suas empresas de dentro do presídio, tentando ampliar seu território. A informação faz parte de uma denúncia do Ministério Público Estadual apresentada à Justiça no final do ano passado.
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Entre o ano de 2018 e o início de 2019, Beto foi atendido por um total de 55 advogados, dentre eles Frank. É mais do que o dobro de profissionais que fazem a defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que se encontra preso na Polícia Federal, e cuja banca conta com 24 advogados.
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A denúncia do MPES aponta que é dos presídios que saem as decisões que afetam as comunidades da Grande Vitória. Uma das cartas que constam em processo, por exemplo, determinava a execução de um outro preso que havia acabado de deixar o sistema.
Outro cliente visitado por Frank foi Giovani Otacílio de Souza, o Paraíba, preso em 2017 com uma arma de ouro. Ele era um dos chefes do tráfico de drogas do Bairro da Penha, em Vitória. Na época, tinha nove mandados de prisão em aberto contra ele. No período entre 2017 a 2019, ele foi atendido por 28 advogados, em 178 visitas.
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Paraíba foi condenado na última semana a 38 anos de prisão por um homicídio ocorrido em 2014. Segundo a Justiça, ele autorizou a morte de uma pessoa dentro de um bar, no Bairro Bonfim. Queria tomar a boca de fumo do irmão da vítima localizada em Serra Dourada.
O QUE DIZ A OAB-ES
Por meio de nota, a Ordem dos Advogados do Brasil - Seccional Espírito Santo (OAB-ES) informpu que está acompanhando o caso por meio da Comissão de Prerrogativas. Quanto a procedimentos ético-disciplinares, a Ordem informa que os processos internos tramitam sobre sigilo, por força de Lei Federal, e que não pode passar informações.
OUTRAS PRISÕES
No dia 20 do mês passado, outras duas advogadas foram presas na Operação Ponto Cego, realizada pelo Núcleo de Repressão às Organizações Criminosas (Nuroc). Luezes Makerlle da Silva Rocha e Gabriela Ramos Acker são suspeitas de escreverem cartas com recados de bandidos para outros criminosos do Espírito Santo.
Segundo as investigações da Polícia Civil, os bilhetes eram enviados para os comparsas que estavam fora da prisão para a execução de diversas tarefas criminosas, como o pagamento de armas de fogo, coação de testemunhas em processos criminais, compra e venda de entorpecentes, e até simulação de estado civil para mulheres fazerem trabalho de troca de informações.
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No último dia 3 o Tribunal de Justiça, que já havia negado o pedido de soltura das advogadas, aceitou a solicitação feita pela Comissão de Direitos e Prerrogativas da Seccional da OAB-ES. com isto as duas advogadas vão permanecer em prisão domiciliar durante as investigações que apuraram a participação delas em uma organização criminosa.
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