Uma das cartas redigida pelo advogado Frank William de Moraes Leal Horácio, 30 anos, dentro do presídio de Guarapari, era dirigida à esposa de um traficante.
Segundo a Polícia Civil, a carta era de Ícaro Santana Soares, o Icrinho, preso por quatro assassinatos, e a destinatária era a esposa dele que estava tendo um relacionamento amoroso com o melhor amigo do marido, Fernando Telles.
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A reportagem do Gazeta Online conseguiu ter acesso à carta na qual Ícaro tenta transparecer tranquilidade ao encerrar a união com a mulher, dizendo que está tudo bem. Porém, ele faz um pedido específico.
Ele manda a esposa ir para a casa da mãe dela, onde teoricamente seria mais fácil ela ser assassinada, pois os traficantes que receberam a ordem da execução moram no mesmo bairro, disse o delegado Rodrigo Sandi Mori, titular da DHPP, durante a coletiva desta tarde.
A armadilha, porém, não deu certo, pois o advogado já havia contado para Fernando Telles sobre a ordem de execução do casal. O advogado, que também tinha Fernando Telles como cliente, o orientou a fugir e, assim, somente a esposa seria morta. Porém, ele se recusou a deixar a parceira ser morta. No dia seguinte, o advogado repassou o recado de execução do casal para os traficantes comparsas de Ícaro, explicou o delegado.
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ACESSO AO INQUÉRITO
Após a morte, o advogado Frank William passou a advogar para os suspeitos e teve acesso às investigações, inclusive de depoimentos sigilosos. O setor de inteligência da DHPP Serra levantou um áudio em que o advogado repassava informações sobre testemunhas sigilosas do inquérito policial.
Ele repassou para os familiares dos suspeitos quem ele acreditava que fossem as testemunhas sigilosas. Uma das pessoas apontadas teve que fugir de casa. No dia seguinte, a residência dela foi destruída por criminosos. O advogado ultrapassou os limites de atuação da advocacia e passou a atuar em conjunto com criminosos a partir do momento trouxe uma ordem pra matar de dentro do presídio; escreveu uma carta de próprio punho a pedido do mandante e colocou em risco a vida de testemunhas ouvidas no inquérito policial, descreveu o delegado.
O advogado também tem outros clientes dentro da organização criminosa de traficantes mais forte do Espírito Santo, o Primeiro Comando de Vitória (PCV) que atua no Bairro da Penha.
Confira na íntegra o texto da carta:
Eu não tô muito bem com não com essas falações aí. É que nem eu te falei: Você tem o livre arbítrio de chegar até a mim e falar que não dá mais. Se você fez ou não fez, problema seu. Só não brinca com meu sentimento.
Se não dá pra você, já desfaz a carteirinha e a união estável. Quero que você passe a casa pro nome do doutor porque eu já vou tá quitando com ele e o restante (nome de traficantes).
Você tá morando aí com seu irmão? Entrega minhas coisas aí pra minha mãe que você não tá usando mesmo. Não quero problema com você. Só faz isso que eu tô te pedindo aí. Não vacile comigo. Passa os números dos meninos do São Marcos aí pro doutor.
É pra você sair hoje da casa do seu irmão e vai pra casa da sua mãe. Eu quero saber que você foi pra casa da sua mãe hoje.
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