Roubos de gado têm gerado prejuízo e medo em produtores rurais de Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Espírito Santo. Em alguns casos, o animal é abatido ainda dentro da propriedade e os restos mortais são abandonados. Há casos também em que caminhões e carretas são usados para transportar os animais roubados.
O produtor Joaquim Roberto, que mora na localidade São Vicente, no interior do município, foi vítima recentemente e segue preocupado com a situação. “Cheguei pouco antes das 6h da manhã, encontrei a cerca cortada, uma vaca no meio da estrada e a outra só tinha a buchada. Mataram e sumiram. Levaram tudo. A gente precisa de uma solução para isso. Já é o terceiro animal meu que levam” disse.
Joaquim contou ainda que, além dele, outros produtores na redondeza também foram vítimas.
Outro produtor que também já foi vítima de roubo de gado é o Gil Maria. Na primeira vez, ele não encontrou vestígios do animal, já na segunda, encontrou a cabeça. “Já fui roubado duas vezes. Uma novilha eu não achei pedaço, só a cerca cortada, mas agora roubaram uma bezerra que eu achei só a cabeça. Levaram tudo, só ficou a cabeça. Toda manhã eu levanto cedo pra contar o gado e ver se falta algum. E faço com medo, porque a sensação de segurança não tenho. Cada vez que leva um é um prejuízo. A gente já pensou em vigiar, mas como que nós vamos vigiar? Não tem como.”
O vice-presidente da Federação de Agricultura do Espírito Santo, Wesley Mendes, falou que os produtores convivem com o clima de insegurança, uma vez que os roubos têm sido frequentes e em diferentes formas.
“A sensação de insegurança é total. Tem o roubo organizado do gado, que leva uma carreta de boi de uma vez, e tem essa matança aleatória que é feita na propriedade. Agem sempre na calada da noite, de maneira sorrateira e covarde. Todo dia tem relato de roubo, sem exageros. Eu fui roubado, meus vizinhos foram roubados, roubo de equipamentos, de casas. Todo tipo de roubo. O produtor chega e encontra sangue, cabeça para o lado, rabo para o outro. Isso é muito triste. É um mal trato com o animal que o produtor não comete”, disse.
Wesley falou que a federação e o sindicato rural têm pedido ajuda aos órgãos de segurança. “Durante esse ano inteiro a gente tem lidado com órgãos de segurança, tanto estadual, quando do município, para solucionar esse problema, ou tentar amenizar isso que é um risco social grave.”
O vice-presidente da Federação ressaltou, ainda, o risco de consumo dessa carne sem passar pelas devidas análises. “O produtor rural sabe produzir e encaminhar a carne para o frigorífico onde é feito uma análise para ir ao mercado, o ladrão que pode vender a carne para qualquer um e não sabe de nada disso. É um risco de saúde gravíssimo”, informou.
A Polícia Militar informou que realiza policiamento ostensivo em todo o município de Cachoeiro de Itapemirim, que inclusive conta com o reforço da Patrulha Rural na região do interior, mas devido à impossibilidade de estar presente em todo lugar ao mesmo tempo, conta sempre com a contribuição das comunidades para acionar uma viatura imediatamente, via Ciodes (190), sempre que houver suspeito ou ocorrência de crime em andamento, para que a equipe mais próxima se dirija mais rápido ao local.
A PM ressaltou que quando não houver detidos em flagrante, é necessário que a vítima registre a ocorrência em uma delegacia para que a Polícia Civil investigue, identifique e possa punir os criminosos que estejam agindo na região.
A Polícia Civil informou que a Delegacia Especializada de Investigações Criminais (Deic) de Cachoeiro de Itapemirim recebeu, no ano de 2021, registros de furtos de 13 animais no município. As investigações realizadas até o momento indicam que tratam-se de casos isolados e não há informações que apontem para ligação entre os fatos.
A Polícia Civil comunicou que investiga todos os casos formalizados nas delegacias, e orienta que as vítimas desse tipo de caso registrem a ocorrência em qualquer delegacia, ou por meio da Delegacia Online, https://delegaciaonline.sesp.es.gov.br, munidas de todo material que comprove o crime e que auxilie a polícia no trabalho de investigação. A população pode contribuir com informações de forma anônima através do Disque-Denúncia 181, que também possui um site onde é possível anexar imagens e vídeos de ações criminosas, o disquedenuncia181.es.gov.br. O anonimato é garantido e todas as informações fornecidas são investigadas.
Com informações de João Henrique Castro, da TV Gazeta Sul.
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