Uma bebê com apenas três meses de vida deu entrada no pronto-socorro do Hospital Infantil de Vitória, em Bento Ferreira, na Capital, na tarde de quinta-feira (19), com marcas de agressão. Consta em boletim de ocorrência da Polícia Militar que uma médica que atendeu a criança informou aos policiais que ela apresentava, além de desnutrição, deformidade craniana, hematoma no olho e lesões que seriam causadas por mordidas. O pai da menina, um jovem de 22 anos, foi preso por maus-tratos, e a mãe, uma adolescente, responderá por ato infracional análogo ao mesmo crime que ele.
Os nomes dos envolvidos no caso e o bairro onde eles residem não estão sendo informados para não expor a vítima, como prevê o Estatuto da Criança e do Adolescente (Ecriad). Conforme a PM descreveu no registro da ocorrência, a criança é da Serra, e foi levada pela mãe, uma adolescente, inicialmente à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Castelândia. No local, duas assistentes sociais do município foram chamadas devido aos sinais de violência. Diante da gravidade do estado de saúde, a bebê foi transferida para o hospital em Vitória.
Em relato aos policiais militares, a médica que atendeu a criança no Hospital Infantil de Vitória disse que a corporação foi acionada porque a mãe deu versões confusas sobre possíveis agressões sofridas pela bebê, se seria por parte dela, do pai da menina ou de um primo de oito anos, também citado pela adolescente. A menor, segundo a pediatra que fez o receituário da criança, teria inicialmente negado quedas, depois disse que a filha teria caído do sofá, fazendo alegações conflitantes.
A Polícia Militar encaminhou a mãe e o pai da bebê à Delegacia Especializada do Adolescente em Conflito com a Lei (Deacle), em Vitória. A corporação disse que a adolescente apresentava um hematoma no olho esquerdo e um na testa, que ela alegou terem sido causados por uma panela que caiu de um lugar alto no rosto dela, além de arranhados no braço que ela disse ter provocado em si.
Procurada pela reportagem, a Polícia Civil disse que o jovem de 22 anos, pai da bebê, conduzido à Delegacia Especializada de Adolescentes em Conflito com a Lei (Deacle), foi autuado em flagrante por maus-tratos majorado, quando resulta em lesão corporal grave e é praticado contra crianças menores de 14 anos, na forma da Lei Henry Borel (Lei 14.344/22) e corrupção de menores. Ele foi encaminhado para o Centro de Triagem de Viana (CTV).
Quanto à mãe da criança, a corporação disse que a adolescente assinou um Boletim de Ocorrência Circunstanciado (BOC) por ato infracional análogo ao crime de maus-tratos majorado, quando resulta em lesão corporal grave e é praticado contra crianças menores de 14 anos, na forma da Lei Henry Borel (Lei 14.344/22). Após um familiar dela assumir o compromisso de comparecer ao Ministério Público do Espírito Santo (MPES) quando solicitado, a menor foi reintegrada à família.
Não há informações sobre o estado de saúde da menina de três meses, internada no Hospital Infantil de Vitória.
O repórter Caíque Verli, da TV Gazeta, conversou com familiares do casal. A avó paterna da criança contou que os dois brigavam muito, mas que nunca soube de agressões contra a bebê. "Direto tinha confusão, os dois se agrediam. Eu sempre via briga deles dois, mas sobre a criança eu nunca percebi nada. Isso foi uma surpresa para mim, ele sempre descia com a menina para eu ver e ela estava tranquila", revelou a mãe do rapaz, que não quis se identificar.
Somente nesta semana, este é o terceiro caso noticiado por A Gazeta de bebê que vai parar no hospital com suspeita de agressão. No início desta semana, Fábio dos Santos Silva, de 28 anos, padrasto do pequeno Davy Lucas Cândido Rodrigues Pedrosa, de 4 anos, foi preso, autuado por homicídio qualificado após deixar o enteado já morto no Pronto Atendimento de Alto Lage, em Cariacica, na manhã de terça-feira (17). Exames apontaram que a criança teria sido vítima de espancamento.
No mesmo dia em que Davy foi deixado sem vida no PA, a irmã do menino, uma bebê de um ano e 10 meses, foi encontrada no meio da rua em Cariacica, e levada para o Hospital Infantil de Vitória. Segundo a assistente social da unidade, a menina apresentava sinais de agressões físicas. A criança já teve alta.
A Polícia Civil também investiga a morte de um bebê de dois meses que morreu após dar entrada no Pronto Atendimento (PA) da Glória, em Vila Velha, na tarde de terça-feira (17). Na ocasião, a Polícia Científica informou que, conforme relato da equipe médica, o teria morrido por complicações devido a abuso sexual.
A criança também apresentava esforço respiratório e cianose, que se caracteriza pela coloração azulada em partes do corpo devido à falta de oxigenação no sangue, segundo informou a prefeitura, responsável pela unidade de saúde. Apesar dos relatos aos peritos da Polícia Cientifica, a corporação afirmou que somente com exames será possível confirmar a causa da morte.
O bebê foi levado à unidade pelos pais, uma mulher de 24 anos e um homem de 21. A Guarda Municipal levou os dois à Delegacia Regional de Vila Velha, onde foram ouvidos e liberados, segundo a Polícia Civil. "A autoridade policial não identificou elementos suficientes para realizar a prisão em flagrante naquele momento, tendo em vista a necessidade de diligências complementares”, afirmou a corporação, na ocasião.
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