Uma bebê de apenas três meses, morta no dia 22 de julho pelos próprios pais, foi asfixiada com o objetivo de praticar um ritual de magia, em que sacrificaram a criança como oferenda ao diabo. Foi o que concluiu o inquérito policial divulgado pela Polícia Civil nesta segunda-feira (5). Segundo a corporação, o casal foi indiciado por homicídio triplamente qualificado. O fato aconteceu no bairro Vila Vicente, em Barra de São Francisco, no Noroeste do Espírito Santo.
Na época do crime, os pais da bebê, um jovem de 21 anos e uma adolescente, de 17 anos, que não tiveram as identidades divulgadas, foram detidos. Ambos apresentaram versões diferentes do crime.
Aos policiais, a adolescente disse que na noite do dia 21 de julho, após chegar da igreja, teve uma discussão porque o companheiro teria ido para casa sem a esperar. Devido à briga, ela disse que não queria dormir com o jovem e estendeu um cobertor no chão do quarto do casal, onde teria dormido com o bebê.
Por volta da meia-noite, devido ao frio, ela disse que se levantou, agasalhou a filha e a colocou na cama onde deitou com o companheiro. Por volta das 6h30, a adolescente relatou que acordou e se levantou. Ainda conforme a versão da adolescente aos policiais, ela ligou para um taxista querendo saber o valor do serviço para levá-la à cidade de Teixeira de Freitas, na Bahia. Em seguida, foi ao quarto onde o jovem já estava acordado e a filha dormindo.
A menor contou que foi acordar a bebê e viu que a cabeça dela estava com edema e o nariz escorrendo sangue. Ela teria chamado o companheiro, que gritou pela vizinha — que é proprietária do imóvel e reside na parte térrea do imóvel.
Já o jovem afirmou que após chegar da igreja discutiu com a adolescente devido ao ciúme dela. Após a briga, a companheira foi dormir no chão do quarto com a criança, contudo, ele contou que teria ficado monitorando as duas. Passado um tempo, o homem disse que teria chamado a menor de idade para deitar na cama com a filha porque estava muito frio e a bebê estava chorando. Por volta das 6h, ele acordou e viu que a adolescente estava deitada na cama sobre a filha, mexendo no celular.
De acordo com a versão do jovem, ele tirou a companheira de cima da filha, correu para abrir o portão e pedir socorro. Ele disse que embora a menina tivesse o costume de acordar constantemente durante a madrugada, não escutou a filha chorar naquela noite. Ele contou ainda que a companheira entregou a bebê à vizinha para ajudar a socorrê-la.
Esta mulher disse que a menina, aparentemente, não estava respirando e a colocou sobre a calçada após perceber que a bebê estava com o rosto arroxeado e com secreção no nariz.
De acordo com o delegado adjunto da Delegacia Regional de Barra de São Francisco, Daniel Azevedo, no desenrolar das investigações do caso, ficou demonstrado que "os pais da criança a asfixiaram para praticar um ritual de magia, em que sacrificaram o bebê como oferenda ao diabo", contou.
Segundo a Polícia Civil, o jovem de 21 anos foi indiciado por homicídio triplamente qualificado cometido por motivo torpe, asfixia e contra menor de 14 anos. A adolescente, por sua vez, foi indiciada por ato infracional análogo aos mesmos crimes. O homem encontra-se preso e a adolescente internada na Unidade Feminina de Internação (UFI).
Após a conclusão do caso, o inquérito policial foi relatado ao Ministério Público do Espírito Santo (MPES), que decidirá se oferece denúncia ou não durante a ação penal.
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