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Boletim narra versão de PMs sobre morte de jovem em Vitória

Boletim narra versão de PMs sobre morte de jovem em Vitória

Weliton da Silva Dias morreu durante ação policial no último sábado (2); policiais envolvidos afirmaram que o jovem estava armado com uma submetralhadora

Publicado em 4 de abril de 2022 às 12:18- Atualizado há 3 anos

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Morto durante ação policial em Vitória, o jovem Weliton da Silva Dias, de 24 anos, estaria armado com uma submetralhadora e teria fugido ao avistar os policiais na noite do último sábado (2) – esta é a versão narrada no boletim de ocorrência feito na Primeira Delegacia Regional pelos policiais envolvidos no caso.

Weliton da Silva Dias, de 24 anos, é morto a tiros por um policial militar.
Em destaque, Weliton da Silva Dias, de 24 anos, morto a tiros por um policial militar. Ao fundo, o registro do momento em que ele levou dois tiros. (Reprodução)

De acordo com o registro, o patrulhamento estava na Rua Apóstolo São Paulo, um "local de intenso tráfico de entorpecentes e crimes contra a vida", quando um indivíduo foi avistado portando "armamento em bandoleira" – espécie de correia que serve para transportar a arma no ombro ou a tiracolo.

Naquele momento, o suspeito teria ido em direção a um beco. No acompanhamento, um dos policiais – identificado como Sandro Frigini – "visualizou o indivíduo fazendo movimento que levava a crer que atiraria contra o militar", que, com o objetivo de se proteger, efetuou dois disparos.

Imagens feitas na Rua Quatro de Janeiro, popularmente conhecida como "Beco da Sorte", mostram essa parte da abordagem. No vídeo, o Weliton não parece oferecer qualquer tipo de resistência e está com as mãos levantadas, atrás da cabeça, quando recebe os dois tiros, ambos na região do peitoral.

"Como o indivíduo caiu no chão, foi possível se aproximar do agressor a fim de recolher o armamento que estava em posse dele." Nessa hora, o boletim de ocorrência diz que o policial "percebeu que a arma estava em bandoleira, sendo necessário cortá-la para retirar a arma do infrator".

Ou seja, o registro traz dois momentos em que o militar teria percebido que o suspeito estava armado e usando uma bandoleira: uma no início da abordagem e outra depois dos disparos. O socorro ao Weliton Dias da Silva também teria sido prestado por um "grupo de pessoas", levando-o ao Pronto Atendimento de São Pedro.

O SEGUNDO HOMEM BALEADO

Também participou da ocorrência o soldado Victor Fagundes de Oliveira, que teria ido à viatura para solicitar apoio e socorro para o jovem de 24 anos. Durante esse trajeto, no entanto, "um grupo de traficantes da 'Gangue do Zé Pretinho'" foi em direção a ele, "colocando em risco a sua integridade física".

Como essas pessoas não teriam atendido ao pedido de afastamento feito pelo militar e uma delas ainda teria tentado segurar a arma do policial, "foi estritamente necessário o uso da arma de fogo a fim de cessar a injusta agressão". Um indivíduo acabou ferido com um tiro na perna.

Rapaz foi baleado na perna em
Rapaz foi baleado na perna esquerda durante a ação policial no bairro São Pedro, em Vitória. (TV Gazeta)

A vítima desse disparo foi um barbeiro de 23 anos. Em entrevista à TV Gazeta, ele contou que tentou se aproximar do local em que Weliton foi ferido e que o policial tentou dar uma coronhada nele. "Eu tirei a mão dele, perguntei se ele estava doido e ele me deu um tiro. Ele mirou, foi na minha frente", afirmou.

Depois do disparo, o grupo de criminosos teria se dispersado, segundo o boletim. "Na região, é comum que grupos de pessoas ligadas ao tráfico de entorpecentes interfiram na ação policial, exatamente o que aconteceu na data de hoje (sábado), o que impossibilitou o socorro dos infratores por parte da Polícia Militar."

"EXTENSA FICHA CRIMINAL"

Ainda segundo consta no registro oficial da ocorrência, o jovem Weliton da Silva Dias "é conhecido pela guarnição e apontado por populares como sendo um dos chefes do tráfico de entorpecentes do local, com várias passagens no sistema prisional capixaba e com extensa ficha criminal".

Conforme divulgado anteriormente pela Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp), ele tem oito passagens pela polícia, entre os anos de 2012 e 2019. Entre os crimes mencionados estão: porte ilegal de arma de fogo, ameaça, desacato ou resistência à ação policial e tráfico de drogas.

ÔNIBUS INCENDIADO

Já na parte final do boletim, é citado que "após a ocorrência, um grupo de criminosos da 'Gangue do Zé Pretinho' incendiou um ônibus do Sistema Transcol". Por outro lado, moradores do bairro São José afirmaram que o incêndio foi uma forma de protesto, pela forma como Weliton foi morto.

Em nota, o Sindicato das Empresas de Transporte Metropolitano da Grande Vitória (GVBus) informou que a empresa responsável está apurando o caso e que, segundo informações preliminares, o coletivo tinha acabado de sair da garagem, por volta das 20h, quando suspeitos ordenaram o motorista a descer e atearam fogo.

POLICIAIS AFASTADOS E INQUÉRITO INSTAURADO

Secretário estadual de Segurança Pública, o coronel Márcio Celante afirmou que os policiais envolvidos na ocorrência foram preventivamente afastados das operações nas ruas e as armas usadas por eles, recolhidas. Um inquérito policial militar também foi instaurado e tem prazo de 60 dias para ser concluído.

Em entrevista à TV Gazeta na manhã desta segunda-feira (4), o secretário também adiantou que o cabo Sandro Frigini e o soldado Victor Fagundes de Oliveira devem ser ouvidos ainda nesta tarde, com o objetivo de obter mais detalhes sobre o que aconteceu e esclarecer dúvidas iniciais.

ASSOCIAÇÃO PRESTA APOIO A POLICIAIS

Em nota, a Associação dos Cabos e Soldados da Polícia Militar e Bombeiro Militar do Espírito Santo (ACSPMBMES) afirmou que dará todo o suporte necessário aos dois policiais envolvidos na abordagem do último sábado (2), em Vitória, e ressaltou que os disparos foram dados para "assegurar a vida do próprio policial".

A entidade também reforçou que Weliton – "vulgo Leste" – estava com uma metralhadora em uma região conhecida pelo tráfico de drogas e homicídios e que "o policial teve milésimos de segundos para a tomada de decisão e precisou considerar todas essas questões, além de estar sob a pressão da atividade".

Errata Atualização
5 de abril de 2022 às 09:08

A Associação dos Cabos e Soldados da Polícia Militar e Bombeiro Militar do Espírito Santo enviou nota sobre o caso. O texto foi atualizado.

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