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Bomba nas ruas é nova arma do tráfico na disputa por territórios no ES

Bomba nas ruas é nova arma do tráfico na disputa por territórios no ES

No ano, já foram registradas 24 ocorrências de acionamento do esquadrão antibombas no Espírito Santo, sendo cinco em pouco mais de um mês

Publicado em 18 de outubro de 2021 às 21:03

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 Esquadrão antibomba da Polícia Militar é acionado para detonar granada artesanal no bairro Andorinhas, em Vitória. No interior do artefato haviam pregos e outros objetos perfurantes
Esquadrão antibomba da Polícia Militar é acionado para detonar granada artesanal no bairro Andorinhas, em Vitória. No interior do artefato haviam pregos e outros objetos perfurantes. (Fernando Madeira)

Os artefatos explosivos que têm assustado os moradores da Grande Vitória são fruto da disputa pelo tráfico de drogas, segundo a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp). Eles são usados na luta entre facções rivais e servem tanto para atacar adversários na disputa por territórios quanto para demonstrar poder.

Em pouco mais de um mês, o esquadrão antibombas da Polícia Militar foi acionada cinco vezes para ocorrências deste tipo. Três foram em Vitória, uma em Cariacica e uma em Vila Velha, nesta segunda-feira (18). No ano, já foram 24 ações desse tipo em todo o Espírito Santo.

De acordo com o secretário estadual de Segurança Pública, Alexandre Ramalho, os materiais são encontrados em locais onde há forte presença de grupos de traficantes. Trata-se de explosivos artesanais, improvisados, que os próprios criminosos fabricam ou compram de alguém que produz.

O que torna a situação ainda mais perigosa para a população é o fato de que o uso de explosivos é cada vez mais frequente e os bandidos não parecem ter muito conhecimento sobre como detoná-los.

“Temos percebido aumento de apreensões e um descuido disso em determinados locais. São explosivos que não detonaram por desconhecimento deles. Às vezes não sabe nem qual é o mecanismo de acionamento deles. É extremamente perigoso nas mãos de pessoas inadequadas”, afirma Ramalho.

Segundo um integrante do esquadrão antibombas que não quis se identificar, os artefatos são usados para intimidar, causar pânico, em uma estratégia que se assemelha ao terrorismo.

“Eles querem causar pânico e sensação de insegurança, tanto na população quanto nos rivais. O risco é de todo mundo, mas a destinação deles é a guerra do tráfico”, disse.

Ele afirma que o número de ocorrências subiu nos últimos três anos e que a estratégia é “importada” dos criminosos do Rio de Janeiro.

“A gente vinha se preparando desde 2017. E calhou de copiarem o Rio de Janeiro, que é um local com muita incidência desse tipo de crime, e começaram a usar aqui recentemente”, relata.

O secretário Alexandre Ramalho concorda que o método veio do Estado vizinho, mas diz que aqui ele ainda é usado em proporção menor.

“É um modelo que está sendo copiado (do Rio de Janeiro) mas nem de longe se compara com a proporção de lá”, aponta.

Ele diz que a situação é preocupante, principalmente porque os explosivos, utilizados por pessoas que parecem não ter conhecimento de como acioná-los, são um risco tanto para a população quanto para as forças de segurança.

“Tudo que é utilizado pela criminalidade e que pode atingir nossas polícias é algo que nos preocupa. Isso coloca em risco a integridade física dos nossos policiais. Temos que ter cautela e preparo e o acionamento precisa continuar sendo pelo meio técnico”, diz.

Com suspeita de bomba, rua é isolada pela PM em bairro de Vitória(Fernando Madeira)

Segundo o integrante do esquadrão antibombas, qualquer objeto pode ser usado como disfarce para um explosivo. O que determina o grau de perigo, inicialmente, é o contexto e que ele é encontrado. No caso das últimas ocorrências na Grande Vitória, estavam em bairros onde há forte presença do tráfico.

Ao se deparar com algum objeto suspeito, a orientação é não se aproximar e acionar a Polícia Militar imediatamente.

“Não pode mexer, nem tocar, nem tentar mudar de lugar, ou chegar perto para tirar fotos. É ligar imediatamente para a polícia, que vai dar o encaminhamento necessário para a ocorrência”, explica.

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