Marcio Tyrone Conti de Amorim, de 22 anos, suspeito de atropelar duas pessoas em Cidade Continental, na Serra, após uma briga por causa de som alto no final de março deste ano, virou réu no processo sobre o caso. Na ocasião, uma das vítimas — Francisco Carlos do Nascimento, de 63 anos — morreu, e uma mulher de 50 anos, que sobreviveu.
Segundo consulta processual realizada pela reportagem no site do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES), o processo do caso está na 3ª Vara Criminal da Serra e, nele, consta um mandado de prisão preventiva decretado pela juíza Daniela Pellegrino de Freitas Nemer.
A reportagem demandou a Polícia Civil para saber sobre o cumprimento do mandado e mais informações sobre o caso, mas a assessoria de imprensa da corporação respondeu, por nota, que "não há atualizações sobre essa investigação a serem divulgadas no momento". Procurada, a Secretaria de Estado da Justiça (Sejus) informou que não consta no sistema registro de entrada de Marcio em presídio.
Em conversa com A Gazeta, o advogado Pablo Ramos Laranja, que representa a defesa do jovem, disse que seu cliente “é um jovem sem antecedentes criminais, que trabalhava de forma lícita na época dos fatos, não tendo nada que desabonasse sua conduta. Na ação penal, a defesa juntou inúmeras cartas de boa conduta, expedidas por moradores da própria comunidade onde ocorreu o acidente", iniciou.
"Ele está com sua saúde mental destruída em face do ocorrido, pois jamais teve a intenção de tirar a vida de um semelhante. Após o acidente, o Tyrone passou a ter sérios problemas psicológicos, momento em que foi necessário passar por exame psiquiátrico, onde foi constatado por profissional renomado da psiquiatria que ele adquiriu sintomatologia psiquiátrica aguda, mantendo memória vívidas e 'flash-backs' do ocorrido, sendo ainda um risco eminente a si mesmo, pois em virtude do ocorrido, sua mente está dilacerada, precisando usar medicamentos contínuos”, explicou o advogado.
Questionado sobre o mandado de prisão contra Marcio, Pablo informou que a defesa já juntou na ação penal laudo psiquiátrico, e disse que o jovem não é uma pessoa perigosa, que oferece risco a sociedade. "De todas as testemunhas que prestaram depoimento na DHPP/Serra, nenhuma relatou se sentir ameaçada ou intimidada por ele, pois sabem bem que o que ocorreu foi uma fatalidade. O Tyrone é uma pessoa pacata e inofensiva, e está profundamente abalado — não por responder uma ação penal, mas por saber que uma vida foi perdida e outra pessoa machucada, sendo este o principal motivo causados dos seus problemas de saúde mental", disse.
A reportagem perguntou ao advogado por que, considerando o mandado de prisão preventiva em aberto, Marcio ainda não se apresentou à polícia. "Ele recebeu ameaças em redes sociais, por isso ainda não se apresentou. Estamos tentando revogar a prisão", afirmou o advogado.
Ainda de acordo com o advogado, Marcio Tyrone Conti de Amorim trabalhava como conferente de mercadoria — havia iniciado no trabalho em abril do ano passado, e, aos finais de semana, ele também atuava como garçom em quiosques e restaurantes no litoral da cidade onde mora. "Informo ainda que foi juntado na ação penal declaração de emprego do Márcio", disse.
Pablo explicou que o jovem foi criado em Cidade Continental, bairro onde ocorreram os fatos, mas já não morava mais lá. "O pai dele foi transferido para trabalhar no Litoral Sul do Estado, e ele foi junto morar lá, acompanhando a família. No dia em que tudo aconteceu, ele estava na Serra para fazer uma vistoria no imóvel que a família tem lá no bairro, e que havia alugado para uma empresa".
A reportagem perguntou ao advogado como teria começado a briga por causa de som alto, que terminou no atropelamento de duas pessoas envolvidas na confusão. Ele disse que não tem detalhes sobre essa parte.
O atropelamento de duas pessoas após uma confusão devido a som alto no bairro Cidade Continental, na Serra, aconteceu no dia 31 de março deste ano. Imagens de câmeras de videomonitoramento registraram parte da briga e o momento em que o carro em alta velocidade atinge parte dos envolvidos. Ao volante, estava Marcio Tyrone Conti de Amorim, de 22 anos.
Uma das pessoas atropeladas era Francisco Carlos do Nascimento, de 63 anos, que acabou morrendo em um hospital particular. Uma mulher de 50 anos, que também foi atingida pelo veículo, foi socorrida para um hospital, e recebeu alta no mesmo dia. As imagens gravadas ajudam a ter dimensão do ocorrido. Por elas, dá para ver que, com a força do impacto, o para-brisa do automóvel chega a quebrar. A mulher cai perto da calçada e se levanta pouco depois do acidente. Já o homem permanece caído no chão. Em seguida, o carro deixa o local.
Na ocasião, a Polícia Militar informou que uma equipe da corporação esteve no bairro para verificar uma denúncia de ameaça e encontrou duas vítimas caídas no chão, em decorrência do atropelamento, e que o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado para prestar o socorro.
"Segundo testemunhas, houve uma discussão entre moradores devido ao som vindo de uma casa, onde o autor do atropelamento estava. Em dado momento, o homem arrancou com o veículo, atropelou as vítimas e fugiu em seguida. Buscas foram realizadas, mas o condutor não foi localizado", afirmou a PM à época, em nota.
A Polícia Civil informou, na ocasião, que o homem atropelado, uma das vítimas, morreu no hospital. A investigação do caso foi feita pela Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Serra.
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