A denúncia contra dois capixabas pelo assassinato de uma brasileira nos Estados Unidos foi aceita pelo juiz Marcos Pereira Sanchez, da 1ª Vara Criminal de Vitória. Thiago Philipe Souza Bragança e Wenderson Júnior Dalbem Silva são agora réus em uma ação penal e vão ainda permanecer detidos, uma vez que o magistrado decretou a prisão preventiva deles.
De acordo com a investigação policial e com a denúncia apresentada pelo Ministério Público do Estado (MPE), Thiago e Wenderson mataram Ana Paula Feitosa dos Santos Braga, mais conhecida como Ana Paula Braga, no apartamento da vítima, na cidade de Los Angeles, na Califórnia.
Eles chegaram a gravar um vídeo mostrando o corpo da jovem envolto de 23 anos em um edredon e, na sequência eles o ocultaram em uma caçamba de lixo, no deserto de Hot Springs. O corpo não foi encontrado pela polícia de Los Angeles, que já suspendeu as buscas.
Em sua decisão, o juiz Marcos Pereira Sanchez destaca que havia fundamentos necessários para a decretação da prisão preventiva. Existem indícios suficientes de autoria, prova da ocorrência do crime e do perigo gerado pelo estado de liberdade pelos acusados.
Sobre a execução do crime, o juiz destacou que demonstra que os acusados contam com personalidade desprovida de sensibilidade moral, sem um mínimo de compaixão humana, não valorizando, destarte, o semelhante de forma a ser possível a convivência social, mormente diante da brutalidade e barbaridade em que teriam atuando, levando a vítima à morte por meio de asfixiada (estrangulamento) com o uso de cintos e fio elétrico.
O magistrado lembrou ainda que o crime teve repercussão internacional e que ainda há o risco de fuga dos acusados. Existe o risco de fuga por parte dos acusados, na medida em que já transitaram por cerca de três países. Efetivamente, após o cometido do crime no estado de Califórnia, Estados Unidos, os denunciados se abrigaram no México até o momento em que conseguiram retornar ao Brasil.
Outro ponto apontado pelo magistrado é que no dia em que foram presos, em Cariacica, os acusados estavam saindo com casa com uma mochila contendo poucas peças de roupas e objetos pessoais. Demonstrando, assim, a intenção de fugirem, o que resta evidenciado na conversa do acusado Wenderson e sua genitora, que aconselha o filho a não fugir, conforme relatório de análise telefônica, explica o juiz.
Por último, o juiz apontou o risco para as testemunhas e parentes da vítima caso os acusados fossem soltos. Até esta decisão eles estavam cumprindo prisão temporária, que foi convertida em preventiva, por tempo indeterminado. Acrescentou ainda que há, no processo, informações concretas de ameaça a testemunha seus familiares.
Ana Paula morava há pouco mais de um ano nos EUA. Em seu último endereço, em Los Angeles, trabalhava como motorista de aplicativo. A última vez que a família teve contato com ela foi no dia 29 de janeiro, um dia antes do crime. A mãe, Delma Felix, mora no interior de Minas Gerais.
A vítima teria sido morta no dia 30 de janeiro deste ano na West 39th Street, em Los Angeles, por Thiago e Wenderson. De acordo com a polícia, eles teriam estrangulado a vítima com fio de um equipamento elétrico. Depois, envolveram o corpo da jovem em um edredom e o transportaram para outro local.
Os capixabas acusados de assassinar Ana Paula percorreram quase 15 mil quilômetros em uma fuga que lembra filmes de Hollywood. A maratona envolveu três países (EUA, México e Brasil) e, ao chegarem ao Espírito Santo, passaram ainda para várias cidades antes de serem presos em Cariacica, no dia 22 de fevereiro.
Segundo a denúncia do MPES, o crime foi praticado por motivo fútil. É apontado ainda que Ana Paula não teve como se defender, por estar em inferioridade numérica. A vítima deixou um filho que mora com o pai, nos EUA.
A investigação do crime envolveu a polícia de Los Angeles, nos EUA, a Polícia Federal, e a ação da polícia capixaba ocorreu por meio do Grupo Integrado de Operação de Segurança Pública (Giosp), que integra todas as inteligências das agências de segurança do Estado.
Assim que foi alertada sobre a presença dos suspeitos no Espírito Santo, o Núcleo de Repressão às Organizações Criminosas e à Corrupção (Nuroc) abriu o inquérito do caso que foi encaminhado para a 1ª Vara Criminal de Vitória, que decretou a prisão preventiva dos suspeitos.
A Polícia Federal (PF) e o 7º Batalhão da Polícia Miliar de Cariacica estavam de campana observando os suspeitos. Quando tiveram a informação da expedição do mandado, entraram em ação. A Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) também participou da ação.
O advogado dos acusados, Jonderson de Almeida Garcia, informou que, em decorrência da pandemia do novo coronavírus ainda não teve acesso aos seus clientes. Destacou que assim que tomar conhecimento da denúncia apresentada pelo MPES, irá preparar a defesa preliminar dos acusados.
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