Um empresário goiano – que atualmente reside em Bruxelas, capital da Bélgica – e um ex-tabelião do Cartório de Registro Civil e Tabelionato de Itapemirim, no Sul do Estado, foram indiciados por envolvimento no incêndio criminoso que atingiu o cartório em maio deste ano. Segundo a Polícia Civil, a intenção deles foi de destruir provas de que documentos foram fraudados para o empresário conseguir cidadania italiana.
Segundo o titular da Delegacia Regional de Itapemirim, Djalma Pereira, o inquérito do caso foi concluído e quatro pessoas foram indiciadas por participação no incêndio criminoso. Ele afirma que o empresário foi quem contratou os goianos para executar o incêndio. O homem, que está morando na Europa, está foragido. O ex-tabelião de 62 anos foi preso na última quinta-feira (22), no Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP), onde aguardava voo para viajar para a Inglaterra.
O delegado explicou que os documentos fraudados para garantir a cidadania italiana ao empresário goiano foram devolvidos pelo consulado, que teria pedido ao cartório que autenticasse os papéis. “Destruindo o cartório, não teria como informar se o documento era original ou não. Papéis originais de certidão foram furtados para adulterar a documentação”, afirmou Djalma Pereira.
O nome dos envolvidos não foi divulgado pelo Delegacia Regional de Itapemirim. “O ex-tabelião do cartório, preso na semana passada em Guarulhos, São Paulo, não deu declarações em seu depoimento, mas um dos contratados para o crime, confessou que a intenção deles era destruir os livros de registros para que o documento não fosse identificado como fraudado”, explicou.
De acordo com o delegado Djalma Pereira, a Interpol (Organização Internacional de Polícia Criminal) e a Polícia Federal foram notificadas sobre o pedido de prisão do suspeito.
O delegado disse que o ex-tabelião de 62 anos, preso em aeroporto de São Paulo quando se preparava para viajar para a Inglaterra, permanece preso em Guarulhos e já foi requisitado à justiça que ele seja recambiado para o sistema prisional do Espírito Santo.
“Com as investigações, abrimos outros três inquéritos para investigar outras suspeitas de fraudes para pessoas se beneficiarem de cidadania, nos últimos cinco anos. Há suspeita de que haja uma espécie de despachante na Itália, que intermedia essas negociações. Segundo informações, ele cobraria até 25 mil euros por cada documento”, explicou Djalma Pereira.
Segundo a Polícia Civil, "os dois homens e o antigo tabelião foram indiciados pelo crime de incêndio qualificado. Além disso, o ex-tabelião também foi indiciado pelo crime de falsificação de documento e peculato. Já o mandante que está em Bruxelas foi indiciado por ter ordenado o crime".
O Cartório de Registro Civil e Tabelionato de Itapemirim já havia sido alvo de uma tentativa de incêndio no dia 1º de maio, quando janelas ficaram queimadas e alguns documentos foram danificados. Três dias depois, outro incêndio — de maior proporção — atingiu o lugar.
Na ocasião, a proprietária do estabelecimento estimou que 90% do acervo foi perdido. Uma casa ao lado do imóvel, situado na Vila de Itapemirim, também foi atingida. Dois outros suspeitos do crime foram presos no dia 11 de junho, em Goiás. Eles foram recambiados no Centro de Detenção Provisória de Cachoeiro de Itapemirim.
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