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Casal que teve carro baleado por policial no ES pensou que era assalto

Casal que teve carro baleado por policial no ES pensou que era assalto

Dois policiais de folga com sinais de embriaguez participaram de abordagem a suspeitos, quando um deles disparou contra um veículo que passava pelo local em que estava o casal e um sobrinho de 13 anos

Publicado em 5 de setembro de 2022 às 08:17

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Carro preto de uma família foi atingido por um disparo de arma de fogo efetuado por um policial civil. (Archimedes Patricio )

O casal que estava no carro preto atingido por um disparo de arma de fogo efetuado por um policial civil de folga em Guarapari, no último sábado (3), relatou os momentos de desespero que viveu e disse que, naquele momento, acreditou estar diante de um assalto. No veículo, também estava o sobrinho dos dois, de 13 anos. O policial estava com sinais de embriaguez, teve a carteira funcional apreendida e foi preso. 

Dois policiais civis de folga com sinais de embriaguez participaram de uma ação que resultou em dois suspeitos e o carro da família atingidos por disparos de arma de fogo,  no bairro Itapebussu, mas somente o que atirou foi preso. O casal, que passava com o sobrinho dentro carro pelo local no momento em que eles abordavam dois suspeitos, conta o momento de terror vivido no momento em que o veículo foi atingido por tiro

“A gente achou ser realmente um assalto. Fomos parados com um tiro, com gritarias e ameaças. A gente foi ameaçado de morte. Ele [policial civil] colocou a arma na minha cara, antes de eu descer mesmo do carro, antes de eu me identificar e falar quem eu era”, afirmou a vendedora ao repórter Caíque Verli, da TV Gazeta. Ela pediu para não ter o nome divulgado.

O companheiro da vendedora, um empresário, relatou que os policiais agiram da mesma forma com outros veículos que passaram pela via naquele momento. “O que eles fizeram não foi só com a gente, foi com vários carros, eles pararam, ameaçaram. São pessoas [policiais civis] completamente loucas”. O homem se emocionou no meio da entrevista e disse que teve medo de morrer.

Os nomes dos policiais não foram informados pela Polícia Civil, mas a TV Gazeta apurou que o que foi preso em flagrante chama-se Onésimo Ferraz de Almeida Junior. A reportagem busca o contato da defesa dele para um posicionamento e, assim que houver uma manifestação sobre o ocorrido, este texto será atualizado.

POLICIAL CIVIL FOI PRESO

O policial civil de folga Onésimo Ferraz de Almeida Junior estava com sinais de embriaguez e foi preso após participar da ação que resultou em dois suspeitos e o carro de uma família atingidos por disparos de arma de fogo, na noite de sábado (3), no bairro Itapebussu, em Guarapari.

Outro policial civil de folga também participou da abordagem e, segundo a corporação, apresentava sinais de embriaguez, mas não foi preso. Ambos tiveram as carteiras profissionais e armas apreendidas pela Corregedoria da PCES, que investiga o caso.

Imagens enviadas à reportagem de A Gazeta mostram os dois policiais (um de camisa amarela e o outro de camisa azul) ao lado dos dois indivíduos caídos no chão. Um deles aparece ferido na perna, enquanto o outro tem um ferimento no rosto. É possível ver que o policial de camisa amarela dá chutes em um dos indivíduos.

Em certo momento, quando um carro chega ao local da abordagem, um dos policiais dispara contra o veículo. Aos gritos, eles mandam que os ocupantes saiam do carro. Três pessoas, dois homens e uma mulher, então descem do veículo. Outros carros passam pelo local e também são abordados, mas têm a passagem liberada.

SUSPEITOS

Em comunicado enviado neste domingo (4), a Polícia Civil informou que dois policiais civis de folga receberam uma denúncia sobre elementos armados em uma região de intenso tráfico de drogas, conhecida como Buraco Quente, no bairro Itapebussu, em Guarapari.

A corporação explicou que os policiais se dirigiram até o local e se depararam com os suspeitos. Afirmou ainda que houve troca de tiros e dois indivíduos, de 16 e 22 anos, foram detidos. O adolescente foi atingido na perna direita e está hospitalizado. Foi apreendida uma bolsa, encontrada entre os suspeitos, contendo 67 pinos de cocaína, 55 pedras de crack e R$ 515,25 reais.

Conforme apuração da TV Gazeta, o adolescente fraturou o fêmur, devido ao disparo efetuado pelo policial civil. A mãe do menino afirmou que a droga não era do filho e que os policiais agrediram os suspeitos. "Primeiro, pegaram meu filho, espancaram, para depois efetuarem o disparo nele. Já chegaram batendo", afirmou. 

POLICIAIS COM SINAIS DE EMBRIAGUEZ

A Polícia Civil confirmou que os dois policiais apresentavam "alteração psicomotoras, como odor etílico e falas desconexas" e que a Corregedoria da corporação foi acionada. O policial civil que efetuou os disparos foi autuado em flagrante por disparo de arma de fogo majorado.

"Por se tratar de um agente de segurança pública, não cabe fiança na esfera policial. Ele foi encaminhado ao Alfa 10 (presídio de policiais)", explicou a corporação em nota.

O segundo policial civil foi ouvido e liberado após a autoridade policial entender que não havia elementos suficientes para uma prisão em flagrante naquele momento.

As carteiras funcionais e as armas dos policiais civis foram apreendidas. O procedimento criminal foi encaminhado à Corregedoria da Polícia Civil para as diligências. "Foi instaurada ainda uma Investigação Sumária na Corregedoria da corporação para analisar o caso no âmbito administrativo", afirma a PCES, por nota.

Posicionamento da Polícia Civil na íntegra

A Polícia Civil informa que, na noite desse sábado (03), dois policiais civis de folga receberam uma denúncia sobre elementos armados em uma região de intenso tráfico de drogas, conhecida como 'Buraco Quente', no bairro Itapebussu, em Guarapari.

Os policiais se dirigiram até o local, onde se depararam com os suspeitos. Houve troca de tiros e dois deles, de 16 e 22 anos, foram detidos. O adolescente foi atingido na perna direita, estando, até este momento, hospitalizado. Foi apreendida uma bolsa, encontrada entre os suspeitos, contendo 67 pinos de cocaína, 55 pedras de crack e R$ 515,25 reais.

Durante a ação, os policiais abordaram um veiculo que passava pela via, e o capô do carro foi atingido por disparo de arma de fogo. Nenhum passageiro que estava no veículo ficou ferido. Foi realizada a perícia e posteriormente o veículo foi restituído ao dono.

Em depoimento, o suspeito de 22 anos confessou que estava atuando como olheiro do tráfico de drogas e afirmou que as drogas pertenciam ao adolescente, e que ele estaria no local para comprar a droga do adolescente. Ele foi autuado em flagrante por colaborar como informante do tráfico de drogas e foi encaminhado para o Centro de Detenção Provisória (CDP) de Guarapari.

O adolescente de 16 anos responderá por ato infracional análogo ao crime de tráfico de drogas, e foi reintegrado à família após o familiar assumir o compromisso de comparecer ao Ministério Público, quando solicitado.

Em razão dos policiais civis apresentarem alteração psicomotoras, como odor etílico e falas desconexas, a Corregedoria da Polícia Civil foi acionada.

O policial civil que efetuou os disparos foi autuado em flagrante por disparo de arma de fogo majorado. Por se tratar de um agente de segurança pública, não cabe fiança na esfera policial. Ele foi encaminhado ao Alfa 10 (presídio de policiais). O segundo policial civil foi ouvido e liberado após a autoridade policial entender que não havia elementos suficientes para lavrar auto de prisão em flagrante naquele momento.

As carteiras funcionais e as armas dos policiais civis foram apreendidas. O procedimento criminal foi encaminhado na integralidade à Corregedoria da Polícia Civil para as demais diligências que o requer. Foi instaurada uma Investigação Sumária na Corregedoria da corporação para analisar o caso no âmbito administrativo

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