Os últimos 30 dias foram de muita dor para a família a Alice da Silva Almeida, de 3 anos, morta após ser vítima de bala perdida no bairro Dom João Batista, em Vila Velha, no dia 9 de fevereiro. Hoje, um mês depois, a família da criança só espera por justiça. Porém, muitas perguntas sobre a investigação ainda estão sem respostas. Segundo a Polícia Civil, o caso segue em segredo de justiça. Dois suspeitos foram presos.
Segundo informações, o alvo dos criminosos era um jovem de 17 anos que, ao tentar escapar, invadiu o quintal da casa da família de Alice. O adolescente também foi atingido na perseguição, mas foi socorrido e sobreviveu. A menina foi atingida e não resistiu. A criança era neta de um sargento da Polícia Militar e a morte gerou bastante comoção no Estado. O governador Renato Casagrande (PSB) chegou a se manifestar em redes sociais e garantiu que os responsáveis pelo crime não sairiam impunes.
Dois suspeitos da morte de Alice foram presos. A primeira prisão foi na manhã do dia 20 de fevereiro em uma operação da Polícia Civil, com o apoio da Guarda Municipal de Vila Velha, que visava desarticular o tráfico de drogas no bairro Dom João Batista. Na ocasião, o suspeito afirmou que estava com os autores dos disparos, mas informou que não foi o responsável direto pela morte da menina.
Um mês após o crime, muitas perguntas sobre o caso ainda estão sem respostas. A reportagem de A Gazeta fez questionamentos sobre a investigação à Polícia Civil, que respondeu por nota.
Há alguma novidade nas investigações? Os dois detidos ainda estão na prisão? Qual a idade deles? Qual a identificação deles? Qual foi a participação dos dois no crime?
Não há novidades sobre o caso que possam ser divulgadas no momento.
Testemunhas falam de quatro criminosos dentro do carro onde estavam os atiradores. A informação procede? Os outros dois já foram identificados? Foram localizados? Há mandado de prisão contra eles?
O inquérito ainda está em andamento e as investigações seguem em caráter de segredo de justiça. A Polícia Civil destaca que a população tem um papel importante nas investigações e pode contribuir com informações de forma anônima através do Disque-Denúncia 181, que também possui um site onde é possível anexar imagens e vídeos de ações criminosas, o disquedenuncia181.es.gov.br. O anonimato é garantido e todas as informações fornecidas são investigadas.
Indagada sobre a motivação da polícia para tratar o caso como segredo de justiça, a Polícia Civil afirmou que "qualquer informação passada sobre o andamento das investigações pode atrapalhar na solução do caso".
"A decisão de solicitar segredo de Justiça partiu da delegada que preside o inquérito policial e foi acatada pelo judiciário. A autoridade em questão possui discricionariedade para realizar esse pedido, dentro da lei, e entende que qualquer informação que possa ser repassada a respeito das investigações pode atrapalhar no êxito do caso. Ainda de acordo com a lei, a delegada possui 30 dias, que ainda podem ser prorrogados, para concluir o inquérito. Enquanto não for finalizado, o trabalho será realizado de forma sigilosa", afirmou a nota.
A morte da pequena Alice abalou não só familiares, como também os inquilinos da família, que moravam em casas no mesmo terreno da residência onde a criança foi atingida por tiros. A mãe da menina, Amanda Guedes, afirmou que todos abandonaram os imóveis por medo e por sofrerem com as lembranças da criança.
"Mudamos de lá porque não aguentávamos olhar para os lados e ver tudo que lembrava a Alice. Os inquilinos das três casas que minha família tem também pediram para sair. Todo mundo saiu por medo e por não aguentar ficar na casa, por amor à Alice. Tudo virou de pernas para o ar. Estamos morando em um apartamento alugado. Minha mãe veio morar aqui também. Meu marido está afastado do trabalho, porque no dia do crime deu um soco na parede e quebrou os ossos dos dedos", contou.
Da revolta pela morte até o entendimento de que em tudo há um propósito, foi um caminho doloroso. Amanda conta que logo após o crime, por diversas vezes se perguntou o porquê de Deus ter permitido a morte da filha de forma tão violenta. Ela conta que foi o marido que deu força, pedindo para aceitasse a vontade de Deus, que em tudo tinha um propósito e que eles voltariam a ser felizes.
"Ele me fez entender que com revolta eu não chegaria nas respostas para minhas perguntas. Foi quando tive o meu momento com Deus. Sentei no quarto escuro e pedi parar tirar aquela raiva de mim, porque eu só queria morrer. Tive a resposta de que nossos filhos não são nossos. Que Deus não deixa de ser Deus por levar minha filha. A lição que tiro hoje é de que nada vale roupa, bens materiais, carro, casa, ou profissão se não temos as pessoas que amamos. Que o que importa é o amor. Eu idolatrava minha filha. Deus fala que devemos amá-lo antes de qualquer pessoa. Deus me deu um anjo e se Ele não tivesse tirado ela de mim, eu não teria a visão do mundo que tenho hoje", diz.
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