A Polícia Civil anunciou, em coletiva realizada no dia 6 de maio, que concluiu o inquérito sobre o crime que terminou com a morte da menina Alice da Silva Almeida, de 3 anos, vítima de bala perdida no dia 9 de fevereiro deste ano. Ela brincava no quintal de casa, no bairro Dom João Batista, em Vila Velha, quando um adolescente, que era alvo de criminosos da região, fugiu para a casa da família de Alice. A conclusão do caso mostrou que o ataque foi consequência da disputa do tráfico de drogas na região e que a ordem para matar o jovem que era alvo dos disparos partiu de dentro do presídio. Um dos atiradores continua sendo procurado e um menor ainda não foi apreendido.
De acordo com a delegada Raffaella Aguiar, titular da Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Mulher (DHPM), o tráfico de drogas na região de Dom João Batista, em Vila Velha, era unificado. Porém, no início de 2019, os chefes do tráfico romperam, formando três grupos diferentes: boca do Terceirão, boca do Jamba e a boca do Botafogo, esta última comandada por Rafael Proveti do Nascimento, o Rara, de 36 anos, atualmente detido.
Mesmo preso, a polícia afirma que Rafael comandou ataques contra os rivais através de recados passados pela mulher, Ana Paula Dias Ferreira, vulgo Tia Paula, de 36 anos, presa no último dia 29 de abril de 2020 pela Polícia Militar, em Vila Velha, a caminho de uma igreja. As investigações mostram que foi durante visitas íntimas no presídio que Rafael ordenou a morte do adolescente de 17 anos, que faria parte da boca do Jamba. Segundo a polícia, também foi Ana Paula a responsável por passar a ordem aos criminosos da boca do Botafogo. Durante o atentado, Alice foi vítima de bala perdida.
"A partir desse rompimento, começou uma disputa acirrada para quem ia comandar toda aquela área: Terreirão, Jamba ou Botafogo. Devido essa disputa, começaram a surgir vários homicídios, como aconteceu no ataque que vitimou Alice. Entendemos que o chefe do tráfico do Botafogo, o Rafael, também tinha autoria nesse crime, por meio da mulher dele, que era leva e traz das informações. As investigações mostram que nada acontecia ali sem o consentimento do Rafael. Ele ordenou a morte do adolescente, pertencente ao grupo do Jamba, e a Ana Paula transmitiu a ordem dele. A intenção era matar os rivais e tomar a boca", explicou a delegada.
A titular da DHPM contou que durante as investigações a Polícia Civil montou a cena do crime, apontando que no dia do fato quatro criminosos envolvidos no ataque estavam em um Gol branco com intenção de matar o adolescente de 17 anos do grupo rival. Porém, no momento do crime, o menor estava conversando com o pai da Alice, no portão da casa da família.
"A criança estava brincando quintal. Próximo à casa da vítima tem um beco que dá para uma casa e no terraço dessa casa ficava segurança da boca da Jamba. Esse segurança percebeu o carro se aproximando, desceu correndo para tentar impedir e não conseguiu. Houve um revide troca de tiros e os criminosos que foram matar o adolescente são os autores dos disparos que vitimaram a criança", contou a delegada.
O segurança da gangue do Jamba foi identificado como Jhonatan Henrique Barbosa, vulgo Jhonatan Capeta, de 28 anos. Ele foi preso no dia 20 de fevereiro de 2020 pela Polícia Militar, em Cariacica.
Após a polícia conseguir montar a cena do crime, começou a trabalhar para identificar os envolvidos. Depois da prisão de Thiago Martins de Souza, foi possível saber quem eram os outros ocupantes do carro e realizar prisões. A delegada afirma que apesar de ter tido quatro atiradores durante a ação, contando com o segurança da gangue do Jamba, Jhonatan Henrique Barbosa, apenas três foram autores da morte da gangue Botafogo. Porém, para ela, todos assumiram o risco de matar um inocente durante o ataque.
"Nenhum deles queria a morte da criança. Mas queriam a morte do adolescente e assumiram o risco em matar quem quer que seja ao atirarem em via pública. Por isso, todos vão responder pela tentativa de homicídio contra o adolescente e pelo homicídio contra a criança. Os maiores ainda respondem pela corrupção de menor porque havia um adolescente entre os atiradores. Agora, a polícia tenta localizar o atirador Isaias Themoteo Leão, que ainda está foragido", disse.
Indagada sobre o atirador de 15 anos, que não foi localizado, a Polícia Civil informou que foi representada pela apreensão do adolescente. Porém, a polícia aguarda a decisão da justiça para que seja expedido um mandando de apreensão contra o menor.
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