O delegado que investigou o caso da morte da jovem Gabriela Chermont, Germano Henrique Pedrosa, disse em depoimento dado no primeiro dia do julgamento nesta terça-feira (10) que sofreu pressão política com o avanço das investigações. A informação é do assistente de acusação, o advogado Cristiano Medina da Rocha, que representa a família da vítima no processo.
O delegado foi uma das quatro testemunhas de acusação ouvidas no primeiro dia do julgamento de Luiz Cláudio Ferreira Sardenberg, ex-namorado da vítima e suspeito de matá-la. O júri entrou em seu segundo dia nesta quarta-feira (11), no Fórum Criminal de Vitória, na Cidade Alta. Gabriela morreu após cair do décimo segundo andar de um hotel em Vitória, na madrugada de 21 de setembro de 1996. O ex-namorado da jovem, Luiz Cláudio Ferreira Sardenberg, é acusado pelo crime de homicídio. A defesa do empresário, no entanto, alega que a vítima cometeu suicídio.
De acordo com o assistente de acusação, o delegado disse no depoimento que chegou a ser transferido para uma unidade do interior após se aprofundar no caso e que só tomou conhecimento da transferência quando chegou para trabalhar e soube que vários pertences pessoais já haviam sido retirados da delegacia.
"Em determinado dia, ele chegou na delegacia e tomou conhecimento de que havia sido transferido de delegacia, inclusive sem qualquer comunicação prévia. Disse que, em 35 anos de polícia, não viu nada parecido. Levaram os móveis dele, mesa, cadeira e armário para outra delegacia. Isso causou uma revolta muito grande dele, ele acabou indo falar com o governador na época, que não entendeu o porquê da transferência, e o governador o reconduziu imediatamente para a delegacia, possibilitando que ele continuasse as investigações", disse o advogado Cristiano Medina da Rocha.
Também foram ouvidos no primeiro dia do julgamento a mãe de Gabriela, Eroteídes Chermont, uma funcionária do Ministério Público que trabalhava com a vítima e um médico legista. Segundo o advogado que acompanha a família da jovem, os depoimentos comprovaram a tese de que Gabriela foi agredida e jogada pela janela.
"O delegado apontou pontos de vestígios de sangue dentro do apart hotel, no frigobar, na janela do quarto. Ele entende que Gabriela foi agredida e lançada pela janela do quarto. Trouxe todos os elementos de prova que levam a essa conclusão, entre eles uma lesão que Gabriela tinha em apenas um dente e que se deu antes da queda, como se ela tivesse levado um murro na boca, batido com a boca nesse frigobar", afirmou o advogado.
Nesta quarta-feira (11), por volta das 13h a quinta e última testemunha de acusação já prestava depoimento. Pela manhã, as duas primeiras testemunhas trazidas pela defesa foram ouvidas. Às 20h15 começava a prestar depoimento a quinta testemunha da defesa do réu, restando apenas duas. Já por volta de 21h45, encerrou-se o segundo dia de julgamento, que deverá ser retomado na manhã desta quinta-feira (12), às 9h30.
Em seguida à totalidade de oitivas de testemunhas, o réu será ouvido e poderá dar a sua versão sobre o caso.
A previsão é de que o resultado do julgamento saia nesta quinta-feira (12), após a fase de debates entre a defesa e a acusação. Sete jurados quatro mulheres e três homens foram sorteados para participar do júri popular e definir o destino de Luiz Cláudio.
A Polícia Civil foi procurada pela reportagem de A Gazeta para comentar sobre o depoimento do delegado. Em nota, respondeu que "não há nenhum registro, em relação ao fato, feito pelo delegado na Corregedoria da Polícia Civil".
Por nota, a defesa do réu afirmou que há depoimentos e laudos técnicos que apontam para o fato de que Gabriela Chermont cometeu suicídio. "Acreditamos que o julgamento, após tantos anos, vai acabar com o sofrimento na vida de duas famílias, trazendo a verdade. Luiz Cláudio Ferreira Sardenberg é inocente e espera por esse julgamento há mais de duas décadas", declarou.
A defesa diz que o laudo médico que consta dos autos "aponta que a vítima morreu de politraumatismo, em consequência do impacto violento da queda do 12º andar do prédio, em movimento causado pela própria vítima". Segundo a defesa, a perícia mostra que não houve luta corporal, nem vestígios de sangue no apartamento atestado pelo exame de DNA.
A Polícia Civil respondeu a demanda da reportagem após a divulgação desta matéria. Segundo o órgão, não há nenhum registro, em relação ao fato, feito pelo delegado na Corregedoria da Polícia Civil. As informações foram incluídas no texto.
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