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Caso Jane Cherubim: recusa para foto pode ter sido causa de agressão

Caso Jane Cherubim: recusa para foto pode ter sido causa de agressão

A vendedora Jane Cherubim permanece internada na Casa de Caridade de Carangola, em Minas Gerais; segundo o irmão, ela está começando a falar

Publicado em 7 de março de 2019 às 10:42

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Jane Cherubim, espancada quase até a morte no interior do ES. (Reprodução)

Não querer tirar uma foto porque estava cansada depois de uma noite de trabalho. Essa pode ter sido a causa do espancamento sofrido pela vendedora Jane Cherubim, 36 anos, em Dores do Rio Preto, no Espírito Santo. Em entrevista ao Gazeta Online, um dos irmãos da vítima, o representante comercial Salvador Cherobin contou o que sabe sobre o motivo de tanta violência.

“Acreditamos que foi ciúme ou alguma coisa do tipo. Chegou a informação de que a única coisa que aconteceu foi que ele quis tirar uma foto com ela e ela disse que estava muito cansada e queria ir para casa. E que eles fariam em outro momento. Daí ele arrancou com o carro, saiu e cometeu isso tudo que ele fez”.

Caso Jane Cherubim - recusa para foto pode ter sido causa de agressão

"POXA, MÃE. O QUE FIZERAM COMIGO?"

A vendedora Jane Cherubim, de 36 anos — que foi espancada pelo namorado, em Dores do Rio Preto, Região do Caparaó — permanece internada na Casa de Caridade de Carangola, em Minas Gerais, com muitos ferimentos. À mãe, a vítima relatou que tem medo de que o companheiro, Jonas do Amaral, de 34 anos, entre no hospital e questionou o motivo de tamanha agressão: "Poxa, mãe! O que fizeram comigo?".

A informação foi dada ao Gazeta Online por um dos irmãos de Jane, o representante comercial Salvador Cherobin. Ele contou que a jovem  ainda não consegue abrir os olhos devido aos ferimentos e respira com dificuldades, mas não foi necessário o uso de aparelhos. "Ela já está falando aos poucos".

Na última segunda-feira (4), Jane foi encontrada pelos irmãos, em uma curva, seminua, desmaiada e torturada, na estrada que dá acesso ao Parque Nacional do Caparaó, pelo lado do Espírito Santo. Um dia após o crime, na noite de terça-feira (5), ela confirmou à família que foi agredida pelo namorado, que está sendo procurado pela polícia. 

ENTREVISTA

Salvador esteve no hospital com a irmã e está muito abalado. O representante comercial acredita que se ele e o irmão demorassem para chegar ao local onde a vendedora estava caída, ela não teria sobrevivido.

Como vocês estão três dias após o ocorrido?

“No momento a gente teve muita força, mas hoje a gente está muito abalado. Parece que vem caindo a ficha. Sempre que eu falo desse momento eu começo a ... (Choro). Tenho dificuldades de falar sobre o assunto. Foi uma experiência muito difícil, porque quando chegamos era uma meia curva, o farol do meu carro clareou e meu irmão deu um grito. Foi aquele desespero e estava o corpo da minha irmã jogado no asfalto, exatamente no meio da pista. Até mesmo nós poderíamos ter passado por cima. Não passamos porque eu estava muito atento e o carro dele estava parado a uns 35 metros a frente. Na hora, nós tivemos que tomar uma decisão, porque sabíamos que ele poderia estar por perto, mas a prioridade era a minha irmã. Então a gente priorizou, porque ela estava em um momento muito difícil, achávamos que ela não poderia estar viva. Tivemos força, conseguimos sentir o pulso dela, porque ela ainda estava quentinha. Foi aquele desespero. Arrumamos o banco do carro, botei ela no carro, meu irmão sentou atrás e veio segurando ela. Ela estava muito machucada, seminua, sem as peças íntimas, a unha estava quebrada. Ela estava machucada da cabeça aos pés. Tinham lesões por toda parte do corpo”.

Como Jane está?

“Ela vem se recuperando. Ela está muito machucada, muito inchada ainda. Ela não abre os olhos, respira com certa dificuldade, mas sem aparelhos. A boca ainda está muito inchada, ela levou todo tipo de espancamento que você pode imaginar. Ela já está falando aos poucos e, inclusive, era uma preocupação minha. Queria confirmar com ela no momento certo. Dela ter o mínimo de condição para me falar isso. A nossa preocupação era não estar tomando nenhum tipo de juízo, pois era muita coisa acontecendo e ela me confirmou que foi o Jonas que fez isso tudo com ela. E nos entristece muito porque a gente não esperava isso dele. Ele convivia conosco, aparentemente era uma pessoa tranquila e, de repente, ele se transformou nisso”.

Ela disse os motivos da agressão?

“Acreditamos que foi ciúme ou alguma coisa do tipo. Chegou a informação de que a única coisa que aconteceu foi que ele quis tirar uma foto com ela e ela disse que estava muito cansada e queria ir para casa. E que eles fariam em outro momento. Daí ele arrancou com o carro, saiu e cometeu isso tudo que ele fez”.

Ela demonstra estar com medo?

“A gente já percebe que sim. Hoje ela perguntou para minha mãe, “Poxa mãe! O que fizeram comigo?”, e depois mencionou com a minha mãe o medo dele entrar ali no hospital. A gente tem fé e a gente acredita que isso não vai acontecer, pois ela está acompanhada, tem segurança e a visita está restrita. Ela está muito bem cuidada”.

Imagina que ele pudesse agredir Jane?

"A gente vê isso acontecer na vida das pessoas e vem e acontece com você. Somos uma família simples, pacata. Vivemos em uma região tranquila, não temos problema com ninguém, pelo contrário: temos um círculo de amizade muito grande. E, de repente, a gente abraça uma pessoa, traz para o convívio da família e acontece uma coisa dessas. Eu chamo a atenção dos outros pais. Eu sou pai, tenho uma filha de 21 anos (choro), e me preocupa demais".

E os filhos de Jane?

“O filho mais velho está dedicado, acompanhando tudo de perto. Optamos por proteger o mais novo nesse sentido. Trouxemos ele pra minha casa, a minha esposa está dando total atenção a ele. A minha secretária também. Está todo mundo envolvido tentando manter ele longe dessa situação toda. Não sei se estamos agindo certo, mas acreditamos que não é o momento de levar para ele esta informação. Vamos esperar ela melhorar um pouco mais e vamos levando conforme ”.

Acredita que foi premeditado?

“A gente acredita que sim. Ele mandou áudio para minha mãe no ato, depois não sei precisar o momento – se foi antes, no meio ou no fim – falando que ela estava ali no asfalto deitada se fingindo de desmaiada. E não é o caso. Ele já estava alterado, naquele momento do áudio ele já tinha cometido tudo. Esse desmaiado que ele menciona é o que a gente viu nas imagens”.

Você acredita que Jonas achou que ela estava morta?

“Eu acredito que ele acreditou. A intenção era essa, tanto que desviou atenção do meu irmão, ele não queria que ela fosse encontrada. Mais meia hora, uma hora não era mais vida para ela. Era o fim”.

AGRESSOR ENVIOU ÁUDIO PARA SOGRA APÓS CRIME

Depois de espancar a namorada quase até a morte, Jonas enviou um áudio por um aplicativo de mensagens para a sogra. Na fala do vendedor, é possível perceber o nervosismo de Jonas, que fala que Jane está desmaiada no asfalto, "fingindo", diz.

"Eu estava lá no bar trabalhando, pedi para ela ir perto de mim lá e ela não quis, para fazer desfeita da minha pessoa, Dona Maria, e ela está aqui agora fingindo que não é sei o quê, ela está desmaiada no asfalto. Eu cansei dessa vida, Dona Maria, eu fiz de tudo para vocês, cansei dessa vida hipócrita minha. Cansei mesmo, de coração."

OUÇA

Jonas de Amaral enviou áudio para a sogra

GRAVAÇÃO MOSTRA CASAL MOMENTOS ANTES DO CRIME

Um vídeo de sistema de segurança mostra o exato momento em que Jonas e Jane deixavam a cervejaria em que trabalharam. Minutos após a gravação, ela foi levada para uma estrada, onde foi brutalmente atacada pelo companheiro. 

JUSTIÇA DECRETA PRISÃO

A Justiça decretou a prisão de Jonas, que é acusado de ter espancado a namorada. O pedido de prisão foi feito pelo delegado Ricarte Teixeira, que investiga o caso.

Jonas teve a prisão decretada. (Reprodução/Instagram)

Jane e Jonas moram em Espera Feliz, em Minas Gerais, onde atuam como vendedores de uma loja de calçados. Eles estavam em um cervejaria, onde um dos irmãos da vítima é gerente, fazendo um serviço temporário durante o carnaval. Após sair do local, por volta de 3h, ocorreu a agressão. De acordo com Ricarte Teixeira, um dos irmãos da vítima, acompanhado de um advogado, foi ouvido e contou que a briga pode ter sido motivada por ciúmes.

AJUDA DA POLÍCIA MINEIRA

Além de fazer buscas na região do Caparaó, a polícia capixaba já alertou a polícia mineira para ajudar na localização de Jonas. O vendedor vai responder pelo crime de tentativa de feminicídio e pode pegar até 20 anos de prisão.

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