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Caso Luana: assassinato em Cariacica teve "requintes de crueldade"

Caso Luana: assassinato em Cariacica teve "requintes de crueldade"

Declaração é do delegado-geral da Polícia Civil do ES, José Darcy Arruda, sobre ação de Rodrigo Pires Rosa, indiciado por matar a ex-namorada Luana Demonier a facadas

Publicado em 10 de fevereiro de 2021 às 21:05- Atualizado há 3 anos

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Acusado de matar a namorada em Cariacica
Rodrigo Pires Rosa foi preso por matar a namorada Luana Demonier e encaminhado para o Centro de Triagem de Viana nesta quarta-feira (10). (Carlos Alberto Silva)

assassinato da jovem Luana Demonier, de 25 anos, impressionou até quem lida diariamente com crimes – muitos deles pesados e extremamente cruéis. É o caso da delegada Rafaella Aguiar, que está à frente da Delegacia de Homicídios e Proteção à Mulher (DHPM), e do delegado-geral da Polícia Civil do Espírito Santo, José Darcy Arruda.

Na tarde desta quarta-feira (10), ambos participaram de uma coletiva de imprensa a respeito do homicídio cometido pelo ex-companheiro da vítima, Rodrigo Pires Rosa. "Não há o que se falar em comportamento. Ele pode ter agido em violenta emoção, mas isso não o exime da responsabilidade. Ele mata com requintes de crueldade", afirmou Arruda.

Aspas de citação

A doutora Rafaella me confidenciou que, dos crimes que ela já investigou, esse foi um dos mais perversos e a chocou profundamente

José Darcy Arruda
Delegado-geral da Polícia Civil do Espírito Santo
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O assassinato aconteceu na noite de terça-feira (9), quando a jovem voltava do trabalho. O ex-namorado a acompanhava, aparentemente de forma amigável, e de repente começou a esfaquear a vítima, na rua onde ela morava, no bairro Vila Capixaba, em Cariacica. Luana morreu no local, com 19 perfurações profundas no corpo.

Câmeras de segurança flagraram o momento exato em que tudo aconteceu, por volta das 19h20. Ao lembrar e comentar sobre as fortes imagens que viu, a delegada Rafaella Aguiar declarou: "Até eu... me deu uma dor no coração". Apesar de divulgado, o vídeo passou por edição para preservar a família da jovem. Veja abaixo:

Horas após o crime, no início da tarde desta quarta-feira (10), Rodrigo Pires Rosa se entregou à Delegacia da Praia do Canto, em Vitória. No depoimento prestado às autoridades, ele confessou ter esfaqueado Luana e acabou preso em flagrante por homicídio duplamento qualificado: por impossibilitar a defesa da vítima e por feminicídio.

De acordo com a delegada, o assassinato foi premeditado. "Ele pegou a faca depois do almoço e acompanhou Luana na volta do trabalho (à noite). Ele já sabia a rotina e não teve uma discussão entre os dois para ele ter agido com raiva no momento da ação. Por isso, acredito que ele premeditou", argumentou Aguiar.

Luana Demonier foi morta a facadas quando chegava em casa em Cariacica
Luana Demonier trabalhava como técnica em segurança do trabalho e foi na volta do serviço. (Reprodução/Instagram)

HOMEM JÁ ERA PROCURADO PELA POLÍCIA

Agora indiciado por homicídio duplamente qualificado, Rodrigo Pires Rosa já era investigado desde 2015 pela Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam). Contra ele, havia dois mandados de prisão em aberto por descumprir medidas protetivas. Ele também responde por mais oito inquéritos policiais, todos relacionados à violência doméstica.

Em um desses episódios, Rodrigo foi flagrado correndo atrás de uma outra ex-companheira com uma faca. Em 30 de julho do ano passado, ele foi preso em flagrante pelo crime de ameaça e encaminhado ao Centro de Triagem de Viana, mas ganhou liberdade no dia 3 de setembro.

Ele ainda era um dos alvos na última edição da Operação Maria’s, realizada em dezembro de 2020, mas não foi localizado na ocasião. Em janeiro, novas diligências foram realizadas, mas ele também não foi encontrado. Após tomar conhecimento da ordem de prisão, o investigado teria passado a viver em condição de andarilho, sem endereço fixo, o que dificultava a localização.

AMEAÇAS QUE TERMINARAM EM MORTE

Antes de protagonizarem esse crime bárbaro, Luana Demonier e Rodrigo Pires Rose mantiveram um relacionamento por um ano e tiveram uma filha que faleceu aos cinco meses de idade, em maio do ano passado, de parada cardiorrespiratória. Segundo a família, o suspeito abandonou as duas assim que a menina nasceu.

Luana Demonier
Luana Demonier teve uma filha com Rodrigo, mas a pequena veio a óbito com menos de um ano de idade. (Facebook)

Na manhã desta terça-feira (9), dia do crime, o suspeito teria entrado no mesmo ônibus em que a vítima estava e começado a falar, em voz alta, da morte da criança. Segundo a família, outros passageiros entenderam a postura como uma ameaça. Os parentes de Luana também contaram que ele já tinha ameaçado a ex-namorada em outras ocasiões.

De acordo com a Polícia Civil, a jovem já tinha uma medida protetiva contra o suspeito. Enquanto voltava para a casa, ela recebeu uma mensagem do ex-companheiro, que afirmava que iria matá-la. Ao chegar na rua onde morava, no bairro Vila Capixaba, a vítima foi surpreendida por ele e levou as facadas. Luana morreu no próprio local.

Rodrigo Pires Rosa foi autuado em flagrante por feminicídio e homicídio duplamente qualificado. Ele foi levado para a Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vitória, onde prestou depoimento na tarde desta quarta-feira (10). À noite, o acusado foi passou por exames no Departamento Médico Legal (DML), em Vitória, e foi encaminhado para o Centro de Triagem de Viana (CTV).

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