Há quatro anos, uma conversa mal-entendida culminou no fim da vida de quatro jovens inocentes no crime que ficou conhecido como a Chacina da Ilha. Os assassinatos aconteceram em 28 de setembro de 2020, na Ilha Doutor Américo de Oliveira, região de Santo Antônio, em Vitória.
Além dos jovens mortos, outros dois ficaram feridos, mas conseguiram fugir. Os amigos assassinados foram:
A Polícia Civil inicialmente indiciou seis autores e coautores do crime, mas só quatro deles foram denunciados pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES). Todos estão presos. São eles:
Havia uma expectativa do julgamento dos envolvidos acontecer em 2022, o que não aconteceu. Agora o julgamento está marcado para 29 de outubro.
Na época da chacina, o delegado Marcelo Cavalcanti, que era titular da Delegacia de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vitória, explicou que o crime foi um quebra-cabeça elucidado em menos de dois meses.
As investigações apontaram que as vítimas estavam na ilha em um momento de lazer. Os jovens de Santo Antônio, em Vitória, se encontraram no local com outros dois, de Cariacica.
Em um determinado momento, as vítimas até conversaram com os dois jovens, mas depois disso, os grupos se separaram no local.
Foi aí que tiveram início os fatos que culminaram na chacina. Os jovens de Santo Antônio começaram a conversar. Um rapaz, de Cariacica, ouvindo o assunto, deduziu que as vítimas seriam de uma facção criminosa de Vitória, rival do tráfico de Porto de Santana, de Cariacica.
Foi quando o rapaz, de Cariacica, ligou para Felipe Domingos Lopes, o Boizão, líder do tráfico de Porto de Santana. Este homem reuniu comparsas para realizar um ataque contra as vítimas. Posteriormente, as investigações apontaram que a informação estava errada e que os rapazes que foram mortos não teriam ligação com nenhuma facção.
Felipe e os suspeitos pegaram um barco e saíram em direção à ilha. Quando chegaram lá, desembarcaram e já tinham a informação de que as vítimas estavam desarmadas e o local onde estavam.
Em um primeiro momento, apenas três das seis vítimas foram rendidas. Isso porque os outros três tinham ido a Santo Antônio buscar cerveja e drogas para consumo. No entanto, ao voltarem, os jovens também foram rendidos. Segundo o delegado Marcelo Cavalcanti, eles foram ameaçados e subjugados por pelo menos 30 minutos.
Durante a ação, um dos autores ligou para uma pessoa do celular de uma das vítimas, para perguntar quem seriam e se teriam envolvimento com a facção criminosa. De acordo com as investigações, a pessoa que atendeu o telefone negou que os jovens tivessem ligação com alguma organização. E, mesmo de posse dessa informação, eles acabaram executados.
“Mesmo assim, tendo essa negativa, foram feitos os vídeos que foram divulgados, e o Felipe Boizão resolveu executar as vítimas, sendo seguido pelos outros quatro, com exceção do Adriano, que não atirou, pois tinha certeza que as vítimas não eram envolvidas”, disse o delegado na época do caso. “Esse fato é comprovado pela perícia, pois ele estava com uma arma de calibre 9mm e nenhuma cápsula desse tipo foi encontrada no local”, completou Marcelo Cavalcanti.
Naquele dia, uma segunda-feira, os moradores da região relataram terem ouvido muitos tiros vindos da Ilha Dr. Américo de Oliveira, uma coisa incomum para um lugar usado de lazer por quem habita a Grande Santo Antônio.
Em pouco tempo a informação começou a circular através de redes sociais. Familiares correram para os arredores do Sambão do Pov, em busca de mais detalhes.
Na ocasião, para salvar a própria vida, um dos baleados se fingiu de morto durante o ataque. Ele foi socorrido por um tio, que ouviu os disparos e foi de barco até a ilha salvar o sobrinho.
A tia de uma das vítimas, que prefere não se identificar e nem informar de qual vítima é familiar, contou que os jovens foram criados na região, iam para a ilha nadando ou de barco.
Ela lembra que, na época do crime, algumas pessoas chegaram a julgar a morte do sobrinho, dizendo que era usuário de drogas e com envolvimento no tráfico de entorpecentes.
Todos os apontados pela Chacina da Ilha estão presos. O último a ser detido foi Victor Bertholini Fernandes, em janeiro de 2022, no bairro Porto de Santana, Cariacica.
Os quatro acusados pelo crime foram ouvidos pela Justiça estadual em maio de 2022.
Segundo apurou na época a colunista de A Gazeta, Vilmara Fernandes, na audiência em que os acusados foram ouvidos em juízo, Victor negou a participação no crime. Adriano e Felipe decidiram permanecer em silêncio, mas no processo há depoimentos deles prestados à polícia onde confessaram o crime. Já Werick optou por confessar a sua participação, sem citar o nome dos demais envolvidos.
Procurada pela reportagem para atualizações do processo, o Ministério Público do Estado de Espírito Santo (MPES), por meio da Promotoria de Justiça Criminal de Vitória, informou que ofereceu denúncia contra os quatro réus e requereu que fossem julgados perante o Tribunal do Júri.
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