O motorista de aplicativo Saulo da Silva Abner, de 25 anos, suspeito de ser o autor da chacina que deixou cinco mortos no bairro Darly Santos, em Vila Velha, no último sábado (16), registrou um boletim de ocorrência em que simulou ter sido sequestrado no dia do crime para criar um álibi e despistar a polícia.
A informação foi revelada pelo titular da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) Vila Velha, delegado Tarik Souki, durante coletiva de imprensa realizada nesta terça-feira (19).
O documento foi registrado na Delegacia Online (Deon). Na ocorrência, Saulo disse que às 15h do último sábado, dia e horário da chacina em Vila Velha, foi sequestrado e teve R$ 10 mil roubados. No boletim e no depoimento prestado à polícia, ele explica onde foi abordado e abandonado.
Após analisar as imagens de videomonitoramento colhidas na região, os policiais identificaram o assassino e o veículo usado por ele. "Esse assassino é um velho conhecido da nossa delegacia. No dia 18 de dezembro de 2020, cumprimos um mandado de busca e apreensão na sua residência e, com ele, apreendemos diversas munições", ressalta o delegado.
Na segunda-feira (18), a polícia recebeu informações de que Saulo estaria em uma casa no bairro Primeiro de Maio, em Vila Velha. Os policiais civis da DHPP do município fizeram o monitoramento em frente ao imóvel indicado e viram o suspeito entrar no local. No entanto, ele não foi localizado no interior da residência — o motorista de aplicativo fugiu, pulando muros e telhados de outras casas.
"Nós obtivemos a informação de que ele estava escondido em uma mercearia. Localizamos a mercearia e fomos revistar. Com ele, foram encontradas uma espingarda e munições. Ele alegou que vendeu a arma do crime [pistola calibre 380] em uma feira", disse Tarik.
Policiais da DHPP de Cariacica, da Polícia Militar e agentes da Guarda Municipal foram acionados. De acordo com a major Samiramis, chefe da divisão operacional do 4º Batalhão, 40 imóveis foram vistoriados em cerca de 3h30.
O titular da DHPP Vila Velha, Tarik Souki, disse que Saulo vai responder por cinco homicídios, quatro tentativas de homicídio, porte ilegal de arma de fogo e falsa comunicação de crime.
Uma das pessoas assassinadas é a professora de Inglês Elaine Cristina Machado, 49 anos. Ela foi encontrada morta com dois tiros ao lado de um carro. Em depoimento à Polícia Civil na última segunda-feira (18), Saulo disse que conhecia a vítima e que tinha intenção de contratar os serviços dela.
Segundo o genro de Elaine, Wagner Mendes, a professora tinha quatro filhos e era divorciada. “Todo mundo está de luto pelo que aconteceu. Ela morava perto de onde aconteceu o crime e, segundo nos falaram, Elaine ouviu muito barulho e foi lá ver o que estava ocorrendo. Minha sogra não era de participar de festas, ela nem estava lá, só ia de casa para igreja”, relatou.
Outra vítima é o líder comunitário da Associação de Moradores do bairro Darly Santos, José Quirino Filho, de 59 anos, conhecido como Mosquito. Ele estava participando do churrasco e levou dois tiros: na costela direita e nas costas. O homem era casado, tinha quatro filhos e cinco netos.
Segundo a viúva de José Quirino Filho, Cícera Gomes, o casal tem um bar próximo de onde ocorreu a chacina. "Ele tinha ido até em casa para almoçar e descansar. Por volta das 16h30 ele decidiu ir à casa do amigo onde estava tendo o churrasco”, desabafou.
O aposentado Claudionor Liberato, de 59 anos, e José Roberto, de 54 anos, conhecido como Gordinho, também estavam participando do evento e os dois foram mortos com dois tiros cada.
A quinta vítima é Felipe dos Santos, de 31 anos. Ele foi baleado enquanto trabalhava na barraca de verduras dele, que fica na rua transversal de onde acontecia o churrasco. Ele foi socorrido, mas morreu ao dar entrada no Hospital Antônio Bezerra de Faria.
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