A Polícia Civil concluiu o inquérito da chacina na Ilha Doutor Américo Bernardes, em Vitória, onde quatro jovens foram mortos e dois ficaram feridos no dia 28 de setembro. Na ocasião, foram mortos Pablo Ricardo Lima Silva, Wesley Rodrigues Souza, Yuri Carlos de Souza Silva e Victor da Silva Alves. Em coletiva de imprensa nesta quinta-feira (26), a polícia informou que seis pessoas foram indiciadas e a pena pode chegar a 150 anos de prisão para cada uma.
De acordo com a polícia, seis homens foram indiciados e já são réus em ação penal, sendo dois menores de idade. Três deles estão presos, dois estão foragidos e para um deles a polícia aguarda um mandado de apreensão da Justiça. São eles:
Felipe Domingos Lopes, vulgo Cara de Boi ou Boizão, de 22 anos. Segundo a polícia, ele foi o responsável pela ordem do crime, além de ser o primeiro a atirar contra as vítimas. Foi preso em 26 de outubro;
Adriano Emanoel de Oliveira Tavares, vulgo Balinha ou Da bala, de 22 anos. Segundo a polícia, é coautor do crime. Foi preso no dia 02 de outubro;
Werick SantAnna dos Santos da Silva, vulgo Mamão, de 18 anos, foi o responsável por pilotar o barco, além de ser um dos executores, segundo a polícia. Foi preso no dia 03 de outubro.
Victor Bertholini Fernandes, de 19 anos. Foi um dos executores do crime, de acordo com a polícia. Está foragido.
Além deles, dois adolescentes de 17 anos foram indiciados. Um deles foi um dos executores do crime e também está foragido. O outro foi o responsável por informar a Felipe Domingos Lopes, o Boizão, a localização das vítimas e que elas teriam ligação com uma facção criminosa rival.
Eles foram indiciados pelos crimes de homicídios consumados e tentados triplamente qualificados, por motivo torpe, cruel e meio que dificultou ou impossibilitou a defesa das vítimas; associação para o tráfico; e, para os maiores, corrupção de menores. Segundo o delegado, se somadas, as penas podem chegar a 150 anos de prisão para cada um.
Uma conversa mal-entendida foi a causa da ligação que terminou com a chacina na Ilha Doutor Américo Bernardes. O secretário de Estado da Segurança Pública, Alexandre Ramalho, deu detalhes da conclusão do inquérito, em conjunto com o delegado titular da DHPP de Vitória, Marcelo Cavalcanti. Segundo eles, os jovens de Santo Antônio se encontraram com outros dois de Cariacica na ilha. Eles estariam no local buscando lazer com consumo de cerveja e maconha.
Em um determinado momento, as vítimas até conversaram com os dois jovens, pedindo seda para uso de maconha, material que foi compartilhado por eles. Depois disso, os grupos se separaram no local. Foi aí que tiveram início os fatos que causaram a chacina.
Os jovens de Santo Antônio começaram a conversar, e um dos jovens de Cariacica, ouvindo o assunto, deduziu que eles seriam de uma facção criminosa de Vitória, rival do tráfico de Porto de Santana.
Neste momento, ele ligou para Felipe Domingos Lopes, o Boizão, liderança do tráfico em Porto de Santana, que se juntou com mais quatro indivíduos que pegaram um barco e saíram em direção à ilha. Quando chegaram lá, desembarcaram e já tinham a informação de que as vítimas estavam desarmadas, o local onde estavam e que poderiam pertencer a essa facção de Vitória, disse o delegado Marcelo Cavalcanti.
No local, apenas três das seis vítimas foram rendidas. Isso porque os outros três tinham ido a Santo Antônio buscar cerveja e drogas para consumo. No entanto, ao voltarem, os jovens também foram rendidos. Segundo o delegado, eles foram ameaçados e subjugados por pelo menos 30 minutos. Durante a ação, um dos autores ligou para uma pessoa do celular de uma das vítimas, para perguntar quem seriam e se teriam envolvimento com a facção criminosa.
De acordo com as investigações, a pessoa que atendeu o telefone negou que os jovens tivessem ligação com alguma organização. E mesmo de posse dessa informação, os jovens foram executados.
Mesmo assim, tendo essa negativa, foram feitos os vídeos que foram divulgados, e o Felipe Boizão resolveu executar as vítimas, sendo seguido pelos outros quatro, com exceção do Adriano, que não atirou, pois tinha certeza que as vítimas não eram envolvidas, disse o delegado. Esse fato é comprovado pela perícia, pois ele estava com uma arma de calibre 9mm e nenhuma cápsula desse tipo foi encontrada no local, completou.
Durante as investigações, o delegado informou que o menor de 17 anos, foi induzido por Felipe Domingos Lopes a se entregar e dizer que era o autor do crime, fato que foi descartado pela polícia.
O menor que fez a ligação foi usado na investigação pelo Felipe, que mandou que o jovem viesse até a delegacia e dissesse que foi o autor do crime, algo que foi descartado na investigação. Nós fizemos uma série de perguntas e em todas elas as respostas eram erradas, as informações não batiam, disse.
Segundo o secretário Alexandre Ramalho, o ataque a tiros feito contra um carro no Centro de Vitória, que aconteceu menos de uma semana depois da chacina na ilha, não tem nenhuma ligação com o crime onde foram vitimados os quatro jovens. "O crime do Centro de Vitória, quando um veículo foi atingido por disparos, não tem relação com o crime da ilha. É outro crime que está sob investigação", rechaçou.
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