A 517 quilômetros de Vitória, uma "nova área" do Espírito Santo é formada no Complexo da Maré, na Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro. Conhecida como "Vila Capixaba", a região é formada por duas vielas onde vivem não só espírito-santenses comuns, mas também chefes de tráfico e aliados.
Os criminosos se deslocam até a região em busca de refúgio em território carioca. Pela identificação cultural, muitos procuram o local para se esconder. A maioria, segundo o secretário de Estado da Segurança Pública e Defesa Social, Eugênio Ricas, é envolvida com o tráfico de drogas.
E não é exclusividade do Complexo da Maré a presença de traficantes capixabas. Um levantamento publicado no jornal O Globo, a partir de dados a Polícia Civil do Rio de Janeiro (PCERJ), informa sobre a presença de dez chefes de facções criminosas no Complexo do Alemão, também na Zona Norte carioca.
Todos eles são integrantes da facção Comando Vermelho, que, em solo capixaba, é ligada ao Primeiro Comando de Vitória (PCV), uma das maiores organizações envolvidas com o crime no Estado.
A saída de criminosos de Vitória para a capital fluminense e outras comunidades do Rio é uma situação cada vez mais recorrente. Ao conversar com a reportagem de A Gazeta, o secretário confirmou que lideranças de facções e pessoas ligadas a elas estão indo para lá.
O motivo é a facilidade de "sumir" em meio às vielas dos morros. “Não temos um registro de quantos já foram presos. Isso porque são investigações individuais onde acabamos descobrindo a localização deles [traficantes] lá [no Rio]”, frisou o comandante da Sesp.
Exatamente pela dificuldade de os encontrar em terras fluminenses, a maioria é presa quando retorna ao território capixaba. O caso mais recente é a captura de Fernando Moraes Pereira Pimenta, conhecido como Marujo.
Líder do PCV e considerado o criminoso mais procurado do Espírito Santo, ele foi preso em março deste ano no bairro Bonfim, em Vitória, mas viveu no estado do Rio de Janeiro, segundo o chefe da Sesp.
Apesar de ser mais comum serem encontrados por aqui, há casos de prisão no estado vizinho. Durante uma operação da polícia do Rio de Janeiro no Complexo da Maré, Luan Resende Buarque, o Luanzinho, chefe do tráfico de várias áreas de Vila Velha, foi capturado.
A PCERJ explicou que o processo de migração também acontece depois que os bandidos têm a prisão decretada, mas sem interferência no controle do tráfico: isso porque eles continuam atuando, repassando ordens por meio de outros integrantes das quadrilhas ou de advogados.
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