O comerciante chinês Weiming Li, morto durante um assalto em julho deste ano, na Serra, foi vítima de uma quadrilha da Bahia especializada em sequestro relâmpago. O plano inicial dos bandidos, conforme as investigações, era colocar a vítima dentro do veículo e obrigá-la a fazer transferências via Pix. O inquérito do caso foi concluído: cinco envolvidos foram identificados — três foram presos e dois seguem foragidos.
A polícia começou a desenrolar o caso através do veículo usado pelos criminosos: no dia do crime, eles estavam em um Gol branco e estacionaram atrás do carro da vítima. Lá, eles esperaram por cerca de 20 minutos até que Weiming Li chegou. Os suspeitos abordaram o chinês, mas o comerciante reagiu e foi baleado. Na ocasião, os bandidos só levaram o celular dele. Veja no vídeo:
As investigações apontaram que o carro tinha vindo da Bahia para o Espírito Santo e depois do crime havia voltado para Itabuna, município baiano. Foi aí que identificaram o primeiro suspeito, o motorista. Era Davi Santos Riba; ele foi preso no dia 16 de agosto e chegou a dizer que só tinha sido contratado por R$ 1.500 para uma "corrida" até o estado capixaba; mas a história não convenceu a polícia.
A partir dessa prisão, a polícia conseguiu informações sobre os outros envolvidos e chegou até mais três: Yonan Bonfim Santana, o Binho ou Bino, mentor intelectual do latrocínio, e dois irmãos gêmeos identificados como Carlos Jockta de Oliveira (suspeito de ser executor do crime) e Daniel Jockta de Oliveira (suspeito de ser executor e atirador).
No dia 28 de agosto, Carlos foi capturado em Feu Rosa, na Serra. Dos presos, ele foi o único que não confessou a participação.
O local onde Carlos foi detido é um ponto chave nessa história. Ele, o irmão Daniel e Bino moraram por um tempo em um sobrado em Feu Rosa. Foi lá que eles conheceram José Carlos de Santana Souza, o Zezinho. José trabalhava na pastelaria do primo de Weiming Li, e conhecia a rotina do comerciante, sabia que às vezes ele saía do estabelecimento com dinheiro. Foi ele, segundo a polícia, quem passou as informações privilegiadas pra a quadrilha baiana.
Agora, dois deles seguem foragidos: Daniel Jockta de Oliveira e Yonan Bonfim Santana, o Binho ou Bino. A polícia pede ajuda com informações através do Disque-Denúncia, pelo telefone 181.
Ainda durante as investigações, 20 dias após a morte de Weiming Li a polícia percebeu movimentações bancárias na conta dele. Inicialmente, eles pensaram que poderia ser alguém envolvido no latrocínio, mas não. Ao rastrearam quem estava fazendo essas transações, eles chegaram a um hacker de 28 anos, morador de Linhares.
O delegado Gabriel Monteiro, chefe do Departamento Especializado de Investigações Criminais (Deic), explicou que o hacker acessava a deep web e tinha acesso a certidões de óbito de pessoas aleatórias. Ele conseguia os dados dessas pessoas e escolhia um alvo com dinheiro no banco.
No caso do comerciante chinês, o hacker disse para a polícia que viu a repercussão da morte e conseguiu os dados dele na deep web. Ele descobriu qual era o banco da vítima e se associou a uma gerente desse banco, que criou um cartão de crédito para o bandido e deu acesso, pelo celular, à conta de Weiming Li.
Desse modo, o hacker conseguiu tirar R$ 600 mil da conta do comerciante. Ele enviava esse dinheiro para dois comerciantes, ambos de 24 anos, que lavavam o dinheiro. "Esse autor (hacker) foi preso, a gerente do banco e os outros dois indivíduos já foram qualificados, já foram indiciados e vão responder por lavagem de dinheiro, associação criminosa e furto qualificado. A gerente, além desses crimes, vai responder por violação de sigilo funcional", disse o delegado Monteiro.
Os nomes dos envolvidos nesse segundo crime cometido contra o comerciante chinês não foram divulgados.
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