Repórter / jafonso@redegazeta.com.br
Publicado em 29 de agosto de 2022 às 19:37
- Atualizado há 3 anos
A apreensão de 221 quilos de cocaína escondidos no casco de um navio em Aracruz, nesta segunda-feira (29), chama a atenção para o crime. Isso porque não é a primeira vez, só neste ano, que a Polícia Federal descobre drogas nessas circunstâncias aqui no Estado: em maio, outros 235 quilos foram encontrados em um Porto da Capital. Antes, em março, 40 quilos foram achados também em Aracruz. Ainda houve o caso, em maio, de um mergulhador capixaba morreu a serviço do tráfico internacional na Austrália.
Somando os três últimos casos, em apenas cinco meses, 496 quilos da droga foram apreendidos pela Polícia Federal no Estado.
"Isso reforça o 'modus operandi' das organizações criminosas que estão se valendo dos portos brasileiros – e aqui no Espírito Santo não é diferente – para mandar cocaína para Europa", pontuou o superintendente da PF no Espírito Santo, Eugênio Ricas, em entrevista à TV Gazeta.
Nesta segunda-feira (29), a PF apreendeu 221 quilos de cocaína escondidos em um navio atracado em um porto de Aracruz, Norte do Estado. De acordo com as investigações, a droga foi colocada no Porto de Santos, em São Paulo, e trazida até o Espírito Santo, onde seguiria com destino ao exterior.
"Mergulhadores da Polícia Federal realizaram a busca no casco do navio e identificaram a droga, que foi apreendida e será encaminhada à Superintendência da Polícia Federal no Estado”, afirmou o superintendente Eugênio Ricas. O caso seguirá sendo investigado, para identificar os envolvidos.
Inicialmente, a PF havia informado que 450 kg de cocaína haviam sido apreendidos, segundo a corporação, partindo da percepção de que os nove pacotes encontrados teriam o mesmo peso de apreensão semelhante ocorrida anteriormente, já que possuíam as mesmas dimensões.
“Entretanto, o peso divulgado não se verificou após a pesagem oficial. Retiradas todas as embalagens e vários pesos utilizados para a colocação da droga, verificamos tratar-se de 221 kg de cocaína”, informou a corporação, em nota de errata enviada nesta terça-feira (30).
Em 25 de maio deste ano, a Polícia Federal apreendeu 235 quilos de cocaína que estavam escondidos no casco de um navio atracado em um porto privado na Baía de Vitória. O cargueiro seguiria para a Europa, sem passar por outro porto no Brasil.
Tripulantes do cargueiro perceberam a aproximação de uma pequena embarcação durante a madrugada e comunicaram ao capitão, que acionou a PF. Os policiais seguiram para o porto e decidiram realizar uma busca completa no navio, encontrando a carga de drogas no compartimento na parte submersa do casco.
Foram identificados cinco pacotes, com cerca de 45 quilos de cocaína cada. A apreensão foi realizada com apoio de mergulhadores especializados. A droga apreendida foi levada para pesagem oficial e confecção dos laudos periciais. A Polícia Federal informou que uma investigação segue em andamento para identificar os envolvidos.
Em 6 de março, a Alfândega do Porto de Vitória flagrou 40 quilos de cocaína dentro de uma bolsa que estava amarrada ao casco de um navio atracado num porto privado de Aracruz.
Após suspeita de tráfico de drogas, equipes inspecionam navio atracado em Aracruz
O navio Raven Arrow levaria uma carga de celulose para a Holanda e sairia de Vitória com destino imediato ao exterior, sem parar em outro porto do Brasil.
A suspeita do transporte de drogas foi levantada no dia anterior, após tripulantes do navio observarem um barco, com um mergulhador, rondando o local. A agência marítima notificou a Alfândega de Vitória, pedindo o auxílio de mergulhadores para inspecionar o espaço. No dia seguinte, a PF foi ao local e fez a apreensão.
Um mergulhador capixaba, identificado como Bruno Borges, de 31 anos, morreu afogado na Austrália enquanto agia a serviço do tráfico internacional de drogas. As informações foram divulgadas pela PF em 12 de maio deste ano.
O capixaba foi encontrado morto no mar por moradores da região de Newcastle, e era investigado em uma megaoperação de combate ao comércio de entorpecentes em larga escala. Perto do corpo dele, foram encontrados 54 quilos de cocaína, avaliados em cerca de R$ 71 milhões.
Segundo a Polícia Federal, o capixaba era mergulhador profissional e teria sido contratado por traficantes internacionais para colocar uma carga de cocaína no casco de um navio para o exterior.
Durante a empreitada das forças policiais, um australiano foi preso. Na ocasião, a cooperação internacional apreendeu 179 quilos de cocaína na Indonésia e outros 104 na Austrália.
Bruno tinha família em São Mateus, Norte do Estado, e também já tinha atuado como pintor industrial. À época, em conversa com a reportagem, o pai de Bruno, o pescador Natanael Benedito Martins, de 60 anos, contou que a família é de Barra Nova, no litoral de São Mateus. O filho dizia aos familiares que atuava entre São Paulo, Rio de Janeiro e em Vitória, como mergulhador profissional, pintor e irata – quando a pessoa trabalha em altura, segurada por cordas.
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