Depois de quase quatro meses, a Polícia Civil avançou nas investigações sobre o assassinato de Mário André Morandi, que era policial militar da reserva e assessor de gabinete do Capitão Assumção. Durante a chamada "Operação Emaranhado", cinco pessoas foram presas por envolvimento no crime. Um dos envolvidos, um menor de idade, já encaminhado ao Centro Integrado de Atendimento Socioeducativo (Ciase), confessou ter recebido o valor de R$ 15 mil para a prática do ato criminoso, confirmado como um crime de mando pelas autoridades policiais. Os demais detidos já se encontram no Centro de Triagem de Viana e as investigações seguem em curso. A polícia ainda não informou quem seria o mandante do crime.
Em entrevista coletiva concedida na tarde desta sexta-feira (30), no Departamento Especializado de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), em Vitória, o titular da DHPP de Vila Velha, Tarik Souki, contou como se deu a dinâmica do crime. "Os assassinos marcaram e contrataram serviços advocatícios da vítima, que foi atraída para a padaria sob o argumento de atender um cliente. Chegando lá, os assassinos pararam o veículo, observaram e identificaram a vítima. Então saíram do veículo, que ficou parado um pouco mais à frente. Os dois assassinos desembarcaram e foram em direção à padaria e o motorista deu a volta no quarteirão. Enquanto dava a volta, os assassinos entraram armados no estabelecimento, executaram a vítima e foram para o lado oposto ao que vieram. Desceram correndo pela rua e embarcaram em um Corolla. Então fugiram e minutos depois incendiaram o veículo na rodovia Leste-Oeste", narrou.
Sobre os antecedentes criminais dos envolvidos, a autoridade policial destaca a extensão das fichas. "Um deles, o adolescente e um dos executores, de 17 anos, tem envolvimento com o tráfico do Beco do Alemão. Já os demais têm passagens por diversos crimes. Estes indivíduos foram pistoleiros contratados. O motorista, de 29 anos, tinha passagem por estupro, roubo e tráfico, o outro executor, de 32 anos, também conta com várias passagens por assalto e tráfico, o intermediador, de 40 anos, por tráfico, por assalto e homicídio e o outro comparsa do adolescente, não diretamente envolvido no homicídio do policial, também tem passagem por tráfico", disse.
A Guarda Municipal de Vila Velha contribuiu dando apoio operacional às investigações. Segundo o comandante da Guarda , Yuri Silva, apenas um dos envolvidos tentou reagir à prisão. "A Guarda Municipal atuou dando apoio operacional, dando cumprimento aos mandados de prisão e busca e apreensão. Foram cumpridos 14 mandados de busca e apreensão domiciliar, um mandado de busca de um menor envolvido e as outras prisões foram em flagrante. Apenas o menor esboçou reação, tentando fugir, mas como o endereço estava cercado, as equipes impediram a fuga e ele foi apreendido dentro da residência", afirmou.
Na manhã desta terça-feira (27), uma operação chamada de Emaranhado, realizada em conjunto pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vila Velha e pela Guarda Municipal de Vila Velha (GMVV), foi iniciada com o objetivo de prender os envolvidos no homicídio de Mário André Morandi, policial militar da reserva e assessor parlamentar morto a tiros. Nesta data, o adolescente de 17 anos foi apreendido, bem como um suspeito de 24 anos, comparsa do menor e envolvido no narcotráfico. Com eles também foram encontradas drogas, balanças de precisão e material para embalagem dos entorpecentes. As prisões aconteceram após recebermos diversas informações sobre a atividade criminosa praticada pelos detidos. Em razão disso, realizamos a operação que culminou na captura de dois comparsas, explicou Souki.
De acordo com detalhes apontados pelo delegado, nesta quinta-feira (29) foi deflagrada a segunda fase da operação. "Nela prendemos o motorista do veículo utilizado no homicídio, o segundo executor e o intermediador do crime. O segundo executor, inclusive, foi preso no dia 18 de outubro pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), após uma perseguição na BR 101, em que este indivíduo sofreu um acidente. À ocasião, foi preso portando armas. Segundo as investigações, ele estava vindo de Minas Gerais, tinha acabado de praticar um homicídio contra um proprietário de um supermercado da região, e por isso nós demos cumprimento ao mandado de prisão dele com ele já preso. As investigações continuam para identificar outros atores do assassinato de Morandi. Pedimos a população que colabore com a polícia caso saibam de mais detalhes", acrescentou.
O homicídio do policial Mário André Morandi aconteceu no dia 7 de julho, em uma padaria do bairro Itapuã, em Vila Velha. Ele foi morto a tiros. Testemunhas relataram ter ouvido mais de cinco disparos e que os criminosos chegaram ao local em um veículo prata, que depois foi encontrado queimado na Rodovia Leste-Oeste.
Mário André do Carmo Morandi foi admitido no gabinete do deputado Capitão Assumção no dia 12 de fevereiro de 2019 e trabalhava em regime comissionado, segundo o site da Transparência da Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales). Morandi também era conhecido do ex-deputado federal Carlos Manato, que também confirmou a identidade do policial e lamentou o ocorrido, à época.
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