Um novo tiroteio foi ouvido por moradores da região de Mangue Seco, em Vitória, no início da tarde desta quinta-feira (9). Com medo, eles acionaram a Polícia Militar. Porém, quando a equipe chegou ao local, testemunhas contaram aos militares que o autor dos disparos já havia fugido.
Na mesma localidade, há cerca de duas semanas um homem foi morto a tiros, próximo ao bairro Andorinhas — que tem sido palco de frequentes conflitos relacionados ao tráfico de drogas na Capital. Segundo a PM, o patrulhamento foi intensificado na região, mas nenhum suspeito foi detido.
Moradora de Mangue Seco há uma década, uma mulher — que não está sendo identificada por questões de segurança — relata viver em "um inferno" e diz que a situação tem piorado. Segundo ela, os tiroteios acontecem diariamente e a qualquer hora. Os disparos ouvidos nesta quinta-feira (9) não teriam demorado, mas ainda assim geraram medo.
Desempregada, ela contou que passa o dia todo em casa e teme pela filha adolescente. "Aqui é um lugar bonito, mas nem à esquina tenho coragem de deixá-la ir, por causa de bala (perdida). Ela é estudante, é uma menina boa, mas está presa em casa. Não sai porque eu não deixo", desabafa.
A mulher afirma ter depressão e que a doença piorou com o clima de insegurança na região. "Os policiais ficam perto da Reta da Penha, para o lado de Maruípe. Aqui dentro, onde tem um monte de beco e tiroteios, ninguém fica. Eles só vêm correndo", disse.
A região de Mangue Seco fica no bairro Santa Martha, próximo também ao Bairro da Penha e a Itararé. Ou seja, na principal zona de conflito de Vitória devido a disputas entre traficantes. O contexto foi explicado recentemente pelo secretário Municipal de Segurança Urbana, Ícaro Ruginski.
"Os traficantes do bairro da Penha estão tentando tomar algumas áreas que eles ainda não controlam. A principal delas é a de Andorinhas (bairro vizinho a Santa Martha), onde diversos ataques têm sido feitos. Por outro lado, os criminosos de Andorinhas fazem ataques na região de Itararé", detalhou.
Como exemplo do clima de insegurança, basta olhar para o último mês de agosto, quando pelo menos três tiroteios foram registrados em Andorinhas e dois assassinatos aconteceram em Itararé — na praça do bairro, foram mortos a tiros um homem e um jovem de 20 anos, ambos à luz do dia.
Já nos episódios em que pessoas da região ouviram disparos, chamam a atenção dois casos: um registrado em 23 de agosto, quando uma escola municipal precisou suspender as aulas após um tiro atingir o colégio; e outro ocorrido no início do mesmo mês, quando uma dupla de criminosos passou atirando pela orla. Ouça o barulho dos tiros:
Na época, o secretário Ícaro Ruginski admitiu a complexidade de combater crimes relacionados ao tráfico. "Muitas vezes, as pessoas não querem se envolver ou denunciar. Então, é importante ter imagens dessas ocorrências, mas não adianta só colocar uma câmera, porque os traficantes vão lá e tiram", disse.
Segundo ele, a Secretaria de Segurança Urbana de Vitória atu junto à Polícia Militar e à Polícia Civil. "Temos conversado com os delegados e com o chefe do Departamento Especializado de Homicídios de Proteção à Pessoa (DHPP) e intensificado o patrulhamento, assim como a PM", garantiu.
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