O Espírito Santo teve o final de semana mais violento do ano. Apenas entre o último sábado (7) e domingo (8), foram 13 homicídios dolosos, em uma média de um assassinato a cada intervalo de três horas no Estado. Os dados são do levantamento da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp).
No sábado (7), seis pessoas perderam a vida por causa da violência. As outras sete morreram no domingo (8). Dos sete assassinatos, quatro aconteceram em Cariacica, cidade da Grande Vitória que conta com o reforço da Força Nacional desde setembro do ano passado. Os outros três assassinatos foram nos municípios de Serra, Pinheiros (Norte) e Laranja da Terra (Noroeste).
Esse total de homicídios dolosos (quando há intenção de matar) iguala o registrado no primeiro final de semana de fevereiro (dias 1 e 2), que também contou com 13 ocorrências do tipo - no qual o domingo (2) figura como o dia mais sangrento de 2020, com dez assassinatos. Ao todo, ao longo do ano, já foram registrados 230 homicídios no Espírito Santo.
Se comparado ao mesmo período do ano passado, são dez homicídios a mais. Na comparação mês a mês, apenas janeiro registrou um decréscimo, passando de 103 homicídios dolosos para 93. Enquanto isso, fevereiro registrou uma alta de 16 assassinatos; e março um ligeiro acréscimo de quatro ocorrências.
Para entender o que há por trás de um final de semana tão violento no Estado, A Gazeta conversou com dois especialistas e professores de segurança pública: o Henrique Herkenhoff e o Pablo Lira. Para ambos, o fato dos dias mais violentos do ano terem caído em finais de semana não surpreende e eles explicam o porquê.
Um dos principais fatores é a maior concentração das pessoas nas ruas e o maior consumo de bebidas alcoólicas. A maioria dos homicídios não é planejada e durante as semanas as pessoas estão trabalhando ou se recolhem mais cedo. O fato delas estarem fora de casa favorece que o autor e a vítima se encontrem, afirmou Herkenhoff.
Além disso, o final de semana também é um período de mais ações por parte de traficantes, de acordo com Lira. Os assassinatos estão relacionados à concentração de pessoas em ambientes que envolvem o consumo de drogas lícitas e ilícitas, cujas compras também costumam acontecer no final de semana ou próximo a ele, comentou.
A maior atividade relacionada ao tráfico de drogas, então, se traduziria em homicídios. Essas mortes podem acontecer por meio de conflitos entre gangues, que tentam dominar o território e o mercado, e a eliminação de rivais. Além da morte de devedores, pois é no sábado e no domingo que é mais fácil de encontrar essas pessoas, completou.
Porém, de acordo com os especialistas, esse aumento momentâneo no número de homicídios, que aconteceu neste final de semana, não significa, necessariamente, que a ocorrência do crime está crescendo no Estado. Seria prematuro fazer uma afirmação desse tipo. Só poderemos analisar esses números daqui seis meses ou um ano, explicou Herkenhoff.
Manter a redução do índice, que já apresentou decréscimo nos últimos anos, no entanto, será um desafio. O que vimos agora pode ser só uma variação porque a gente vem reduzindo esses números desde 2017. Também por isso será um desafio continuar a diminuir a taxa de assassinatos, mas é um desafio possível de ser alcançado, adiantou Lira.
A Sesp garantiu que há um monitoramento diário nos locais com maior incidência de crimes e que a Polícia Militar sempre reforça o policiamento ostensivo nessas regiões, mas que há diversos fatores sociais que levam ao homicídio. Todos os casos registrados estão sob investigação da Polícia Civil.
A pasta também informou que desde a reimplantação do Programa Estado Presente houve uma redução do número de homicídios e destacou o resultado obtido em 2019 quando, pela primeira vez desde 1996, o Estado encerrou o ano com menos de 1.000 homicídios. O primeiro bimestre deste ano também teria tido o segundo melhor resultado da série histórica.
Já em relação ao cenário em Cariacica, a Sesp afirmou que já há uma queda de 7% no total de homicídios registrados na cidade, se comparados os seis meses de atuação da Força Nacional, com o mesmo período do ano anterior. Bem como este primeiro bimestre seria, também, o segundo melhor da série histórica, perdendo apenas para 2016.
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