A Polícia Civil e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) iniciaram, nesta quarta-feira (23), a Operação Ratoeira, que mira a atuação de uma quadrilha especializada de furto de combustíveis de dutos da Petrobras Transporte S.A (Transpetro). Segundo as investigações, criminosos articulavam as ações pelo WhatsApp. O grupo criado no aplicativo foi batizado de "BR Ratobras".
Agentes saíram para cumprir 10 mandados de prisão e 26 de busca e apreensão no Rio de Janeiro, no Espírito Santo, em Minas Gerais e em Pernambuco. De acordo com a denúncia, os criminosos agiam pelo menos desde 2017. Foram denunciados e tiveram a prisão preventiva decretadas:
1. Adriano Marcelo Gomes, motorista de caminhão;
2. Daniel José Campagnaro, empresário dono de caminhões;
3. Dionathan Rodrigues Lima, empresário dono de caminhões;
4. Franz Dias da Costa, motorista de caminhão;
5. João Luiz Gomes Diogo, empresário dono de caminhões;
6. Magnojai Rizzari Recla, empresário receptador do combustível furtado;
7. Mauro Pereira Gabry, empresário dono de caminhões;
8. Milton Carlos Felix de Souza, responsável por perfurar dutos;
9. Robson Teixeira Alves Gusmão, empresário receptador do combustível furtado;
10. Rogerio Peixoto Gomes, responsável por perfurar dutos.
A ação foi realizada em conjunto com o Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio de Janeiro e conta com apoio de delegacias do Departamento-Geral de Polícia Especializada (DGPE) e da Polícia Civil do Espírito Santo.
De acordo com as investigações, os integrantes do BR Ratoeira marcavam as perfurações geralmente em áreas remotas e em horários noturnos, a fim de tentar dificultar o trabalho da polícia.
As investigações tiveram início a partir da prisão em flagrante de dois integrantes da quadrilha no município de Magé, quando conduziam petróleo furtado. Na ocasião, os aparelhos de telefone celular da dupla foram apreendidos e passaram a fazer parte do processo investigatório. Com o andamento da apuração dos fatos, os agentes identificaram os criminosos e as respectivas funções na prática das derivações clandestinas.
De acordo com os policiais, a estrutura do bando é formada por três núcleos. Um é o responsável por efetuar a perfuração nos dutos com uso de equipamentos próprios; o outro pela extração e transporte do petróleo e combustível subtraídos em caminhões; e o terceiro é composto por empresários receptadores do produto.
A comunicação entre eles é feita por meio de aplicativo de mensagens, no qual planejam estratégias de atuação, principalmente em áreas remotas e em horários noturnos. O grupo criado para as conversas da organização criminosa é denominado “BR Ratobras” e possui uma espécie de logomarca com a imagem de um rato portando um fuzil.
A Delegacia de Defesa de Serviços Delegados (DDSD), do Rio de Janeiro, vem atuando constantemente para coibir esse tipo de prática delituosa no estado fluminense, onde as derivações clandestinas estão cada vez mais escassas em virtude dos intensos trabalhos investigativos da Polícia Civil. Nos últimos dois anos, essa modalidade criminosa reduziu 98%.
O furto de petróleo e derivados a partir da perfuração de dutos da Transpetro/Petrobras é classificado como um crime de alta periculosidade social. Além de causar prejuízos econômicos à empresa e, por via indireta, ao consumidor, cria um risco concreto de vazamentos, incêndios, explosões e danos ambientais, colocando em perigo as comunidades vizinhas às faixas de dutos e o meio ambiente.
De acordo com a denúncia, o grupo especializado na perfuração de dutos da Transpetro localizados no Estado do Rio de Janeiro, retirava o combustível e o transportava para o Espírito Santo e Minas Gerais, onde há o transbordo e a receptação do material roubado.
Ainda segundo a denúncia, Robson e Magnojai eram os líderes da organização criminosa, além de serem receptadores do óleo subtraído, recebendo o produto no Espírito Santo e então destinando-o às empresas nas quais figuram como sócios.
Eles também, segundo as investigações, financiavam a estrutura da quadrilha sendo os responsáveis pelos pagamentos dos gastos com as viagens dos motoristas que faziam o transporte da carga subtraída e demais despesas necessárias para o desempenho da atividade criminosa. Robson e Magnojai providenciavam os “batedores”, ou seja, os veículos que iam à frente dos caminhões com o combustível furtado para verificar a existência de fiscalização e de policiamento durante o trajeto.
Já Milton e Rogério, revelam as investigações, eram os responsáveis por escolher e preparar os locais nos quais ocorria a subtração do combustível. Mauro, Dionathan, João Luiz e Daniel tinham a função de fornecer os caminhões utilizados pela organização criminosa. Franz e Adriano eram motoristas da organização criminosa, cabendo a eles a função de conduzir as carretas até local da subtração e lá carregá-las com o produto furtado dos dutos.
No Espírito Santo, ao menos três envolvidos no esquema foram procurados. Em Ibiraçu, Daniel José Campagnaro, empresário e dono de caminhões, foi preso, levado para a delegacia da cidade e posteriormente conduzido ao Centro de detenção Provisória de Aracruz.
Já em Vitória, a operação procurou por Robson Teixeira Alves Gusmão, empresário apontado como receptador de combustível furtado no esquema. Ele, entretanto, não foi localizado nos endereços. Outro que também não foi localizado foi Magnojai Rizzari Recla. A investigação apontou que o empresário também receptava o combustível desviado.
As buscas por ele foram concentradas na cidade de João Neiva, mas o alvo não foi encontrado. Magnojai já esteve preso em 2016, por adulteração de combustíveis na cidade, quando a polícia estourou um laboratório clandestino. Na casa dele, os policiais apreenderam um Kia Optima e uma moto esportiva da Yamaha de alta cilindrada.
Com informações do G1 e PC-RJ
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