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Como empresário foi descoberto em esquema de venda de armas no ES

Como empresário foi descoberto em esquema de venda de armas no ES

O comerciante preso em 18 de dezembro do ano passado "facilitava" o processo e falsificava a documentação para vender pistolas, fuzis de maneira ilegal a interessados, segundo a polícia

Publicado em 28 de janeiro de 2025 às 20:03

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Armas apreendidas em inquérito que investigava empresário de Cachoeiro de Itapemirim
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Devido a um comentário, um empresário acabou preso por vender armas de forma ilegal em Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Espírito Santo. Isso porque um homem começou a se vangloriar com amigos por adquirir uma arma e a posse dela por R$ 50 mil com o comerciante, que é dono do estabelecimento de customização de armas na região. Só que esse direito só é concedido pelo Exército ou Polícia Federal, e não por terceiros. O comerciante não teve a identidade divulgada. 

A história foi contada pelo comprador a algumas pessoas. Por conhecer o processo para conseguir o documento, um dos que escutaram sobre a situação foi à Polícia Civil.

Com o documento em mãos, o denunciante contou toda a história. Assim começou a investigação, com o primeiro passo sendo enviar o suposto papel autorizando a posse de arma para análise do Exército.

“A operação começou em outubro de 2024. Sabemos que o Exército só tem como autorizar militares a terem porte. Encaminhamos o documento ao Exército para confirmarem a suspeita e a partir da consulta, foram descobertos outros documentos falsos da mesma natureza”, informou o titular da Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (Desarme), delegado Guilherme Eugênio Rodrigues.

Com a existência das “autorizações” para quem não poderia ter arma em casa, iniciaram-se buscas sobre a origem dos armamentos. Todas as pesquisas retornaram com o nome da mesma loja, que pertence ao empresário preso. Além de fraudar os documentos, o homem ainda vendia para milicianos e pessoas com histórico criminal, como estelionato e porte de arma ilegal, que não poderiam nem comprar os artefatos.

Homem preso por vender de forma ilegal armas em Cachoeiro de Itapemirim tinha autorização somente para customizar as armas.
Até uma pistola customizada da marca italiana Beretta foi apreendida. (Mikaella Mozer)

“Então o Exército começou uma fiscalização que mostrou que as pistolas e fuzis entraram na loja de forma lícita e a fraude se dava na saída delas. Esse estabelecimento se valia de documentos falsos no qual justifica a arma para quem não teria direito legal de tê-la. Ele precisava informar ao Exército sobre as vendas, mas não fazia”, contou o titular da Desarme.

A descoberta levou à prisão do suspeito em 18 de dezembro de 2024. Conforme a PC, ele permanece no sistema prisional e foi autuado por lavagem de dinheiro, estelionato e posse ilegal de arma de uso irrestrito.

O delegado reforça que foram muitos crimes cometidos pelo engenheiro. “Ele fraudou a compra de um fuzil 556 que foi comprado legalmente por uma pessoa de bem. O lojista enganou o vendedor ao dizer que tinha feito a transferência do nome dele e avisado ao exército, mas, na verdade, estava no nome do antigo dono. Isso é perigoso”, afirmou o delegado.

Com o empresário foram encontrados diversas armas e munições, veja a quantidade:

73 contas bancárias

Outro fator que auxiliou na identificação dos crimes cometidos pelo empresário foram os números de contas bancárias. De acordo com a polícia, ele tinha 73, tendo uma delas já identificadas ilegalidades nas movimentações.

Só nessa instituição, ele movimentou quase R$ 1 milhão de reais em nove meses. Porém, havia indicado a renda bruta de R$ 17 mil por mês quando abriu a conta.

Além da diferença entre o que entrava e o que havia sido passado como produzido financeiramente pela loja, acabou sendo descoberto o uso de laranjas. “Ele mandava o dinheiro para terceiros que mandavam para laranjas que mandavam paro banco. Dessa forma não mostrava de onde via o dinheiro”, informou Eugênio.

Homem é preso após vender de forma ilegal armas em Cachoeiro de Itapemirim.(Yago Martin)

Os erros ao comandar o estabelecimento não terminaram no momento do depósito na conta bancária. As falhas do empresário continuavam na documentação do local, que estava em nome do faxineiro de 25 anos, que não tinha conhecimento das irregularidades, conforme o delegado. Como pessoas com menos de 25 anos não podem ter armas, o Exército mandou ele alterar a quem pertencia o comércio.

O "caminho mais curto"

Enquanto a aquisição de uma arma com autorização do Exército Brasileiro pode levar mais de um ano, na loja do empresário, em alguns casos, o equipamento era entregue no mesmo dia. “Imagina, de repente uma loja aparece e promete desembaraçar o procedimento burocrático com uma incrível agilidade, prometia eficiência maior, custo menor e conseguia entregar uma arma muitas vezes até no mesmo dia”, explicou o delegado.

O "caminho mais curto", segundo Rodrigues, era dizer aos clientes que a fiscalização e liberação para o uso seria feito por uma unidade do Exército no Rio de Janeiro, por isso a liberação do equipamento seria mais rápida.

Segundo a polícia, 15 armas foram vendidas ilegalmente, desde o 2023, e a maioria dos clientes são do Rio de Janeiro e do Espírito Santo. Também foi identificado que nove armas saíram do estoque da empresa de forma misteriosa, ou seja, ele não chegou nem a criar documentos para falsificar para quem foi a venda, segundo a PC.

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