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Como foi a compra de carro usado em fuga após furto milionário de banco em Vitória

Como foi a compra de carro usado em fuga após furto milionário de banco em Vitória

Tentativa de pagar pelo Jeep Renagade em espécie levantou a suspeita dos responsáveis pela concessionária onde o casal realizou a compra do veículo

Publicado em 27 de novembro de 2024 às 20:52

Ícone - Tempo de Leitura 4min de leitura
Mikaella Mozer
Repórter / [email protected]

Imagens de videomonitoramento de uma concessionária mostram o momento em que Paloma Duarte Tolentino, 28 anos, chega ao local de moto por aplicativo para comprar um Jeep Renegade. A mulher entra no carro, avalia o veículo e fecha a compra à vista no dia 14 de novembro. O automóvel foi usado para fugir com R$ 1,5 milhão que o marido dela, Eduardo Barbosa de Oliveira, de 43 anos, furtou da agência do Banco do Brasil na Praia do Canto, em Vitória, no mesmo dia.

A audácia do casal foi tanta, que o veículo foi comprado com uma parte do dinheiro furtado. Além disso, ela foi até o banco onde ocorreu o furto dos valores para fazer a transferência financeira e quitar o restante do Renagade.

O plano arquitetado pelos dois – que era morar no Uruguai com as cédulas furtadas – começou a ser executado quando Paloma entrou em contato com a empresa de venda de carros.

“Colocamos um anúncio na internet, nos portais de classificados, e ela entrou em contato via portal. Ela disse que queria mais informações do carro, perguntou e negociou. Ela disse que tinha agendamento no Banco do Brasil para sacar e disse que ia levar até a concessionária”, explicou Felicio Rezende, dono da revenda de carros.

Porém, por questões de segurança, não é aceito pagamento em dinheiro físico na concessionária. Por isso, ela foi orientada a fazer um pix ou depositar diretamente na conta da empresa quando fosse retirar o dinheiro no banco. Ela sentou e se dirigiu ao local com a ajuda dos funcionários da empresa de carros.

Dinheiro apreendido com casal suspeito de furto milionário ao Banco do Brasil(Polícia Rodoviária Federal)

“No momento ela fala para levarmos até a agência para o marido ver e a levamos. Lá ela faz o depósito e já estava com o dinheiro vivo e não informou para gente. Depois ela disse que o marido não poderia levar para casa e solicita para nós levarmos e fazemos isso. Aí começamos o processo de transferência que não levou 30 minutos”, explicou Rezende. 

Eduardo trabalhava como gerente tesoureiro concursado no banco havia 12 anos e a confiança nele era tanta, que ninguém desconfiou quando ele saiu da agência com o dinheiro em uma caixa de papelão.

Carro ajudou a encontrar casal

Foi devido ao carro comprado por Paloma e Eduardo que os dois foram presos. Dias após o crime, a gerente do banco fez um boletim de ocorrência onde informava a desconfiança sobre o funcionário. Com a investigação da Polícia Civil, descobriram a compra do veículo e pegaram a placa do carro.

Eduardo Barbosa Oliveira, de 43 anos, e Paloma Duarte Tolentino, foram presos pelo furto de R$ 1,5 milhão em agência do Banco do Brasil em Vitória
Eduardo Barbosa Oliveira, de 43 anos, e Paloma Duarte Tolentino, foram presos pelo furto de R$ 1,5 milhão de uma agência do Banco do Brasil em Vitória. (Reprodução)

Com o número, a Polícia Rodoviária Federal identificou o Renegade na cidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, no momento em que a dupla estava prestes a completar todo o planejamento. Ao todo, os agentes contabilizaram R$ 763.438, € 70.700,00 (euros) e US$ 41.940,00 (dólares) com o casal.

“A gerente achou estranho porque ele faltou na segunda-feira e estava incomunicável desde sexta-feira (que era feriado). O dinheiro com que compraram o carro era nitidamente do banco, devido à presença de fitas nas cédulas. Assim, entramos em contato com a Polícia Rodoviária Federal, que identificou o veículo três horas depois que as investigações começaram”, contou o delegado Gabriel Monteiro, chefe do Departamento Especializado de Investigações Criminais (Deic) e titular da Delegacia Especializada de Roubo a Banco (DRB), em coletiva de imprensa na última quinta-feira (21). 

Além disso, dois dias após o crime, ainda na Capital do Espírito Santo, os dois fizeram toda a mudança de onde moravam. Testemunhas contaram à polícia que um caminhão esteve no local e a família levou tudo que estava no imóvel, inclusive os animais de estimação.

A decisão tornou mais evidente para a corporação civil a possibilidade de envolvimento de Eduardo no crime. “Com todo o material, não resta dúvida que a intenção (do funcionário) era fugir”, afirmou Monteiro.

A participação do colaborador do Banco do Brasil foi confirmada nas gravações de videomonitoramento da agência (veja acima). Nelas, é possível ver que ele sai com caixas de dinheiro do local. Por trabalhar lá há 12 anos, ele era uma pessoa de confiança e não levantou suspeitas até a segunda-feira seguinte (18), primeiro dia útil após o feriado de Proclamação da República, na sexta-feira (15) anterior, conforme a corporação.

Na sequência, os dois seguiram para o Sul do país, onde terminaram presos após abordagem. Segundo o superintendente da PRF/ES, Wemerson Pestana, o dinheiro estava todo no carro embaixo do estepe, no porta-malas.

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