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Como funcionava envio de ordens de dentro de presídio no ES

Como funcionava envio de ordens de dentro de presídio no ES

A Polícia Civil conclui investigação contra a organização criminosa PCV, acusando 13 indivíduos por crimes relacionados ao tráfico de drogas, organização criminosa e outros delitos.

Publicado em 6 de dezembro de 2024 às 19:45

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Denunciados na Operação Machine Head
Denunciados na Operação Machine Head . (Divulgação | Polícia Civil)

Uma investigação de um ano e meio levou à polícia a denunciar 13 pessoas para o Ministério Público, incluindo membros do alto escalão do Primeiro Comando de Vitória (PCV). Dentre eles estão familiares de criminosos, responsáveis por repassarem ordens do interior da Penitenciária de Segurança Máxima II, em Viana, para quem está do lado de fora, e até levar drogas para a cadeia.

A Operação Machine Head foi realizada em setembro deste ano e chegou a ser divulgada pela reportagem de A Gazeta.

Segundo o coordenador do Centro de Inteligência e Análise Telemática (Ciat), delegado Alan Moreno de Andrade, além de familiares, outras pessoas, incluindo advogados, eram responsáveis por levar esses recados.

“Durante as investigações, conseguimos comprovar a participação de 10 familiares, e delimitar que eles pegavam as ordens que emanava da chefia do PCV dentro do presídio e trazia para fora para subordinados cumprirem as ordens. A gente conseguiu ver que o poder estava no Maxima 1, e que o tempo das ordens devem ser cumprido segundo o que eles querem, não conforme os subordinados fazem na rua”, explicou o delegado Alan Moreno de Andrade.

O coordenador do Ciat destaca a importância da ação para quebrar esse ciclo de informações saindo e voltando para presídios.

“O Robson, indivíduo de extrema periculosidade, inteligente, consegue fazer todo controle de gestão, de pessoal enquanto estava preso. Hoje ele está solto e a gente até pede ajuda da população. É a cabeça pensante. Rodolfo, é um indivíduo importante. Esses dois dão as ordens que devem ser cumpridos em todo Complexo da Penha (região que contempla o Bairro da Penha e adjacências, em Vitória)”, disse o delegado.

Dentre os denunciados está Maycon Pereira Cardoso, Vulgo “Maycão”. Segundo a Polícia Civil, ele é um importante membro do PCV, que possui destaque no tráfico de drogas da cidade de Cachoeiro de Itapemirim. Foi condenado a mais de 111 anos de prisão e, por meio de recados, continua ordenando e controlando seus subordinados do tráfico de drogas.

Em vermelho está as áreas dominadas pelo PCV; em azul, o TCP. Já em amarelo, as regiões do PCC
Em vermelho estão as áreas dominadas pelo PCV; em azul, o TCP. Já em amarelo, as regiões do PCC. (Divulgação | Polícia Civil)

O delegado Alan Moreno de Andrade destacou que a polícia não proíbe a conversa entre presos e seus familiares, não sendo uma prática ilegal.

“Ilegal são as ordens para tráfico de drogas, os crimes são cometidos através desses recados”, disse.

Durante as investigações, a polícia conseguiu descobrir tanto a gestão do tráfico de drogas em diversos bairros do Estado, como, até mesmo, o transporte de drogas e homicídio determinados de dentro da cadeia

Veja os denunciados e a participação de cada um:

Robson Santos da Silva, vulgo "Caveira” está foragido(Divulgação | Polícia Civil)

  • Robson Santos Da Silva, vulgo “Caveira”. Exerce posição de destaque na facção, integrando o alto escalão e liderando pontos de venda de drogas no Morro da Garrafa. Condenado a mais de 26 anos de reclusão, está foragido.

  • Rodolfo da Silva Santos, vulgo “Hazard”. Integra o grupo criminoso, ocupando posição de destaque no tráfico de drogas no Morro da Garrafa. Condenado a 10 anos e 6 meses de reclusão. Aparece em fotos com Fernando Moraes Pimenta, o Marujo, e com armas. Está preso.

  • Danilo Pires Nunes, irmão adotivo de Robson, participa ativamente do tráfico de drogas no Complexo da Penha. Recebe ordens de Robson e Rodolfo. Envolvido em atividades relacionadas ao tráfico de drogas. Solicita informações sobre a "scama" (cocaína). Está preso.

  • Alecsandro dos Santos Júnior, vulgo "Juninho". Ocupa posição de destaque no PCV, gerenciando o tráfico de drogas no Morro da Garrafa, aliado de Robson e Rodolfo. Condenado definitivamente a mais de 35 anos de reclusão. Envolvido em atividades relacionadas ao tráfico de drogas.

  • Maycon Pereira Cardoso, vulgo "Maycão". Importante membro do PCV, possui posição de destaque no tráfico de drogas da cidade de Cachoeiro de Itapemirim. Condenado definitivamente a mais de 111 anos de reclusão, encontrando-se custodiado no PSMA I. Por meio de "catuques", continua ordenando e controlando seus subordinados do tráfico de drogas.

  • Jhonatan de Jesus da Silva, vulgo "Jhonny", preso no Centro de Detenção Provisória de Aracruz, e condenado a mais de 18 anos de reclusão, continuava, mesmo preso, atuando no tráfico de entorpecentes por meio de sua amásia, Janayna Guerra Gonçalves.

Familiares denunciados e o papel de cada uma:

Iranildes Santos Pires (mãe de Robson) está presa(Divulgação | Polícia Civil)

  • Iranildes Santos Pires, mãe de Robson e Danilo, participa ativamente das comunicações com membros da Organização Criminosa, recebendo ordens e viabilizando o controle do tráfico por seus filhos. Presa

  • Aline Pires da Silva, irmã de Robson, auxilia o irmão nas movimentações financeiras e na comunicação entre criminosos, repassando mensagens e informações. Responde em liberdade.

  • Dayane Andrade da Silva, companheira de Robson, participa da transmissão de "catuques", coletando mensagens durante suas visitas e repassando-as a Wanderson. Presa.

  • Jeysiane Pereira Rocha dos Santos, irmã de Alexsandro, participa da transmissão de "catuques", possibilitando que o mesmo continuasse gerenciando o tráfico de drogas. Também recebia valores para transportar recados para outros presos. Responde em liberdade.

  • Josiane Pereira Ramos, mãe de Alecsandro, também transmitia os recados do mesmo, além de receber valores para passar recados para outros presos. Está presa.

  • Paula Cardoso Leal, irmã de Maycon, transmitia "catuques" com orientações para o indivíduos atuantes no tráfico de drogas de Cachoeiro de Itapemirim. Responde em liberdade.

  • Janayna Guerra Gonçalves, companheira de Jhonatan, possuía importante participação no tráfico de drogas, inclusive fazendo o transporte de entorpecentes, além de transmitir catuques. Responde em liberdade

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