Uma operação realizada na manhã desta quinta-feira (23) no Hospital Estadual Sílvio Avidos, em Colatina, no Noroeste do Espírito Santo, desmantelou um esquema de tráfico de drogas e extorsão dentro da unidade. Segundo a Polícia Civil e a Secretaria de Estado da Justiça (Sejus), o comércio dos entorpecentes seria feito por dois funcionários que ameaçavam presos do regime semiaberto que trabalham na unidade para que comprassem e revendessem as drogas.
A operação foi realizada pela Sejus e pelo Departamento de Investigação de Narcóticos (Denarc) da PC. As investigações foram iniciadas a partir de levantamentos da Polícia Penal e da Polícia Militar após denúncias.
Segundo as corporações, os levantamentos apontam que os presos do semiaberto seriam ameaçados pelo coordenador do núcleo de trabalho do hospital, responsável por monitorar a atividade deles na unidade.
O funcionário extorquia dinheiro deles e dos familiares, além de ameaçar a dupla de desligamento do programa de ressocialização. Parte do dinheiro era utilizada para o tráfico de drogas nas dependências do local.
Os servidores públicos obrigavam também os internos a comprarem os entorpecentes com traficantes de Colatina e Baixo Guandu e, na sequência, revendê-los. Os presos ainda eram obrigados a repassar os valores da venda aos funcionários investigados.
Segundo o responsável pela investigação, o Deverly Pereira Júnior, o comércio de drogas dentro do hospital acontecia há alguns meses.
“Conforme as denúncias relatam, já tinham alguns meses que essa prática acontecia. A Sejus e a Delegacia de Narcóticos do município também já tinham observado movimentações estranhas, além da trocas de objetos entre os presos e os funcionários. O que vamos tentar, ao longo do inquérito, é evidenciar como sendo um comércio da droga”, afirma o delegado.
Os materiais que comprovam o comércio de entorpecentes dentro do hospital foram encontrados em um sótão. No local, foram apreendidas embalagens de drogas e material para o uso de crack e cocaína, completou Deverly.
“Nós pedimos mandados de buscas e apreensão para o hospital e para as residências desses funcionários. Nada foi achado nas casas, mas no hospital foi encontrado material de uso próprio. Papelotes de cocaína, lata e cachimbo para uso de crack estavam no sótão do centro cirúrgico. Um local de difícil acesso onde só o pessoal que trabalha na manutenção chega lá”, afirma o delegado.
Os dois funcionários foram conduzidos à Delegacia Regional do município, onde foram ouvidos e liberados. Segundo o delegado, a investigação continua para comprovar a participação deles no esquema.
Se comprovada, os investigados poderão responder pela prática dos delitos de extorsão, tráfico e associação para o tráfico de drogas.
“Até o final da investigação, esses funcionários serão ouvidos e interrogados, e a partir daí e dos outros elementos que temos, filmagens e quebra de sigilo, vamos tentar comprovar essas denúncias", disse.
O delegado também disse que o material foi levado para a Delegacia e, posteriormente, será encaminhado à perícia.
A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), responsável pelo do Hospital Estadual Silvio Avidos, informou que os servidores envolvidos na operação serão afastados de suas atividades e terão as condutas laborais apuradas por meio de processos de sindicância.
A Sesa disse ainda que está à disposição das autoridades policiais para colaborar com as investigações.
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