A Polícia Civil concluiu as investigações do atropelamento que resultou na morte de Luísa Lopes, de 25 anos, na orla de Camburi, em Vitória, no dia 15 de abril deste ano. O inquérito policial constatou contradições no depoimento da familiar da motorista do carro e comprovou que Adriana Felisberto Pereira, de 33 anos, ingeriu bebida alcoólica antes de atropelar a vítima.
A Gazeta listou, com base em informações divulgadas pela Polícia Civil em coletiva de imprensa nesta quinta-feira (6), um ponto a ponto que mostra inverdades ditas no depoimento de Adriana, fatos que comprovam a responsabilidade da corretora de imóveis e agravantes do crime.
A Polícia Civil descartou o envolvimento de um segundo veículo, além do Chevrolet Onix branco de Adriana Felisberto Pereira. Imagens do cerco inteligente mostraram que a marca de batida na lateral do veículo foi provocada antes do acidente e não durante o atropelamento.
Imagens publicadas pela motorista nas redes sociais mostram um copo na mesa em que ela estava que não era de água. A comanda do primeiro estabelecimento em que ela esteve antes do atropelamento mostra que foram compradas duas cervejas de marcas diferentes e não água, como alegado pela corretora.
A comanda do segundo bar pelo qual ela passou mostra a compra de outras duas cervejas. Além disso, imagens de videomonitoramento desse segundo estabelecimento mostram Adriana levando o corpo de cerveja 23 vezes até a boca.
Nas imagens desse segundo bar foi possível ver um indivíduo oferecendo vodca para Adriana. A bebida aparece na comanda da mesa onde estava o homem. Segundo as investigações, tanto ele ofereceu como ela pediu. Ao todo, foram quatro copos de vodca no intervalo de cerca de 1h20. Ela levou o copo 20 vezes até a boca.
A perícia concluiu que a motorista estava acima de 72 km/h, além do permitido na Avenida Dante Michelini, cuja velocidade máxima permitida é de 60 km/h. Com o impacto, a modelo foi lançada a uma distância de 40 m.
Diferente da análise preliminar da Prefeitura de Vitória, a investigação da Polícia Civil concluiu que Luísa Lopes seguia em cima da faixa de pedestres e só se afastou para o lado quando percebeu que o carro de Adriana se aproximava em alta velocidade.
Além do consumo de bebidas alcoólicas, foi encontrado no carro da motorista o medicamento Prebictal. A bula mostra que o fármaco pode causar sonolência, dor de cabeça, tontura, insônia, alucinações, agitação e pesadelos.
Como agravante do crime, a Polícia Civil levantou os depoimentos de testemunhas do crime, onde foram resgatadas frases que a motorista teria dito após o atropelamento: "Eu acabei de estourar a cabeça dessa mulher aí", "Não quero saber dela não", "Ela era provavelmente uma empregada doméstica, sem importância" e "Olha o que aconteceu com o meu carro". Na avaliação dos investigadores, as afirmações demonstram um desprezo pela vida da modelo.
Nas investigações, a polícia buscou imagens de dois bares de bares por onde Adriana passou. Ficou comprovado que a corretora de imóveis consumiu copos de cerveja e doses de vodca com uma familiar.
Primeiro, por volta das 17h, ela parou em um bar em Jardim Camburi, onde ficou por 45 minutos. No local, consumiu dois caranguejos e alegou para a polícia ter consumido água. No entanto, a comanda do bar mostra dois caranguejos e duas cervejas de marcas diferentes, e não água.
Depois, foi para um bar no Triângulo das Bermudas, na Praia do Canto, onde ficou por 1h40. Câmeras de segurança do bar do Triângulo mostraram Adriana pegando uma garrafa de cerveja. É possível ainda ver que ela bota a cerveja no copo dela e consome. Ao todo, segundo a polícia, ela levou o copo à boca durante 23 vezes.
Posteriormente, ainda segundo a polícia, ela fez ingestão de outra bebida, vodca. A comanda mostra que a vodca foi paga por um indivíduo da mesa ao lado de Adriana. A análise mostrou que a Adriana levou o copo de vodca 20 vezes na boca em 1h22. O homem que serve a vodca levou, pelo menos, quatro copos da bebida para a condutora do veículo. Segundo o delegado, tanto o individuo oferece, como ela pede mais a ele. O último copo foi servido cerca de 10min antes do atropelamento ocorrer na Avenida Dante Michelini.
O titular da Delegacia de Delitos de Trânsito (DDT), delegado Mauricio Gonçalves, destacou o desprezo de Adriana pela vida de Luísa Lopes. "Verifica-se que a conduta da motorista é de preocupação nenhuma com o que aconteceu e com o resultado que ela produziu. Ela menosprezou a vítima", afirmou.
Adriana Felisberto Pereira segue em liberdade. Mas a polícia adiantou, na coletiva, que vai pedir a prisão dela à Justiça.
A modelo Luísa Lopes morreu após ser atropelada na Avenida Dante Michelini, na altura do bairro Jardim da Penha, em Vitória. O acidente aconteceu na noite de 15 de abril de 2022. O carro que atingiu a ciclista seria dirigido pela corretora de imóveis Adriana Felisberto Pereira, de 33 anos.
Na data do atropelamento, a motorista foi presa em flagrante por embriaguez ao volante. Segundo a Polícia Militar, ela apresentava sinais de embriaguez e se negou a fazer o teste do bafômetro. No dia seguinte, ela pagou uma fiança de R$ 3 mil e deixou a prisão, mas deveria obedecer algumas medidas restritivas.
Para conceder a liberdade provisória, o magistrado José Leão Ferreira Souto considerou a ausência de antecedentes criminais e a própria autuação. Na decisão, o juiz destacou que policiais afirmaram ter recebido, no local do acidente, a informação de que outro carro teria atropelado a modelo. A Polícia Civil descartou essa hipótese no inquérito policial e disse que as marcas de batida no carro da corretora ocorreram antes do acidente.
No dia 19 de abril, A Gazeta teve acesso a imagens de videomonitoramento da Prefeitura de Vitória que mostram o momento do acidente.
Dias após Adriana ser solta, amigos e familiares da Luísa Lopes fizeram um protesto para pedir por Justiça. Durante o ato, os manifestantes seguraram cartazes, pintaram parte do asfalto de vermelho e penduraram uma bicicleta no poste para chamar atenção para a morte da modelo.
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