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Comoção e escola de luto: quem eram os 3 jovens mortos em Sooretama

Comoção e escola de luto: quem eram os 3 jovens mortos em Sooretama

Familiares dos três adolescentes relatam que eles eram amigos e não tinham envolvimento com drogas; nenhum deles tinha passagem pela polícia

Publicado em 2 de setembro de 2023 às 16:02

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Corpos encontrados são dos três jovens desaparecidos em Sooretama
Corpos encontrados são dos três jovens desaparecidos em Sooretama. (Montagem | A Gazeta )

Amigos de infância e sem envolvimento com o tráfico de drogas. É assim que os familiares definem Kauã Loureiro Corrêa, Carlos Henrique Trajanos, 15 anos, e Wellington Gomes, 14 anos, que desapareceram no 18 de agosto, em Sooretama, no Norte do Espírito Santo, e foram encontrados mortos na sexta-feira (1°).

As buscas pelos adolescentes aconteceram até o dia 27 de agosto, após 120 horas de trabalho da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp). As investigações foram coordenadas por meio de uma sala de situação instalada na Prefeitura de Sooretama.

De acordo com a pasta, a localização dos corpos dos adolescentes só foi possível após a prisão de dois homens, sendo eles um motorista de aplicativo e um chefe do tráfico, e a apreensão de um adolescente.

Segundo o secretário estadual de Segurança Pública, coronel Alexandre Ramalho, os adolescentes foram vítimas da guerra do tráfico da região. Os meninos desapareceram após um tiroteio registrado em Areal, em Sooretama, bairro vizinho onde eles moravam.

"Esses jovens vão, por curiosidade, segundo a família, até o bairro Areal, para verificar uma situação de que uma pessoa tinha sido baleada. Lá, aquela pessoa que morreu seria da Baixada (onde os adolescentes moravam). Então, quando eles (os criminosos) souberam que aqueles três jovens pertenciam à Baixada, eles fizeram a apreensão deles e uma série de crueldade, que não vamos relatar em respeito à família", disse Ramalho.

Luto na escola e na cidade

Após a confirmação da localização dos corpos, a Escola Professor Alberto Stange Junior decretou luto pela morte dos adolescentes e colocou uma faixa preta no portão da unidade.

A Prefeitura de Sooretama também publicou uma nota oficial decretando luto oficial de três dias pela memória dos adolescentes Kauã, Carlos Henrique e Wellington.

"Comunicamos com pesar que os adolescentes Wellington Gomes Simon, Carlos Henrique do Nascimento Trajano e Kauã Loureiro Corrêa foram encontrados sem vida na tarde desta sexta-feira. Neste momento de dor e sofrimento, nos solidarizamos com os familiares e amigos dos adolescentes e rogamos a Deus para que conforte o coração de todos", informou a nota.

Amigos de infância

De acordo com os familiares, os três adolescentes eram amigos de infância e não tinham envolvimento com o tráfico de drogas. Além disso, os meninos eram queridos pelos colegas de escola. O pai de Wellington disse que que o filho era querido e sem antecedentes.

"Meu filho nunca teve envolvimento. É tudo dentro da norma. Pro meu filho nunca faltou nada. É um menino doce, bem arrumado de boa aparência. Não tem envolvimento com nada de coisa errada", disse o pai de Wellington.

Marcelo Corrêa, pai de Kauã, disse que o filho estudava e comentou sobre o vazio que sente ao chegar em casa e não ver mais o filho.

Aspas de citação

Eu chego em casa e me dá aquele vazio. Eu vejo a bolsa do meu filho ir pra escola, vejo as roupas dele lá, vejo a cama e meu filho? Cadê meu filho? Tudo dele está lá, mas o mais necessário não está.

Marcelo Corrêa
Pai do adolescente Kauã Loureiro Corrêa
Aspas de citação

Desaparecimento

De acordo os familiares, Kauã Loureiro, Carlos Henrique Trajanos, ambos de 15 anos, e Wellington Simon, de 14 anos, moravam em Sayonara, Sooretama, quando, no dia 18 de agosto, após um tiroteio, foram até o bairro Areal para saber o que tinha acontecido.

Ainda de acordo com moradores, na região existe uma guerra entre traficantes da Baixada e Areal, mas garantiram que nenhum dos adolescentes tem envolvimento com o tráfico e nem são usuários de drogas.

Polícia Militar confirmou que nenhum dos adolescentes tinha passagens pela polícia.

As famílias, sem saber que podiam registrar o Boletim de Ocorrência horas após perceberem o desaparecimento dos adolescentes, esperaram o prazo de 24 horas para realizar o registro. Durante este período, eles tentaram localizar os meninos por conta própria, sem sucesso.

O boletim foi registrado no sábado (19), com o relato de que o desparecimento aconteceu por volta de 17h de sexta-feira, o dia anterior.

Buscas

De acordo com a Polícia Civil, as investigações começaram ainda no dia 19 de agosto. O delegado Fabrício Lucindo, titular da Delegacia Regional de Linhares, informou que os trabalhos de investigação foram feitos em conjunto com a Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Linhares e a Polícia Militar. A Polícia Civil também trabalhou com um serviço de inteligência utilizado em casos de pessoas desaparecidas.

Durante a espera por respostas sobre o paradeiro dos adolescentes, familiares disseram que caíram em um golpe aplicado por estelionatários, que tentaram passar informações falsas em troca de dinheiro.

O delegado Fabrício Lucindo informou ainda que, ao todo, familiares perderam um valor estimado em R$ 500.

No dia 22 de agosto, em resposta às cobranças dos familiares, o superintendente de Polícia da Região Norte, delegado Fabrício Dutra, disse que a polícia possuía todos os recursos, mas precisava de informações mais detalhadas sobre o desaparecimento dos adolescentes para utilizá-los.

"Todos os recursos estão sendo oferecidos e, a qualquer momento que precisar, podemos solicitar. Caso haja uma testemunha ocular, por favor, nos informe por meio do 181. O sigilo é garantido", pediu o delegado à época.

Na quarta-feira (24), as buscas pelos pelos três adolescentes ganharam reforço de drones e cães farejadores, após a polícia receber informações de que os meninos poderiam estar em um cafezal no bairro Sayonara, na região de Sooretama, mas a polícia foi até o local e não achou nada.

"A gente apura todas as denúncias. Estamos com o efetivo da Polícia Militar e Civil, bombeiros e todas as autoridades que representam a região emprenhados na localização desses meninos. É um sumiço estranho, uma situação que traz uma comoção muito grande para todos nós de ver essa aflição das famílias. Nos reunimos de manhã e à tarde para darmos informações aos familiares do que estamos fazendo", explicou secretário de Segurança Pública.

Além dos cães farejadores e drone, a ação contou com o apoio de mateiros, especialistas nestas áreas de vegetação, explicou o delegado.

Também no dia 24 de agosto, o delegado Fabrício Dutra disse que um veículo suspeito de ter sido usado no caso foi apreendido e encaminhado para perícia. No carro, foram encontrados vestígios de sangue, que, segundo o delegado da Policia Civil Eudson Ferreira, foi confirmado ser de humano.

A corporação não informou o que teria sido encontrado, mas disse que os materiais foram encaminhados para Vitória, onde passaram por perícia ainda no dia 24.

As buscas aconteceram até o dia 27 de agosto, após 120 horas de trabalho da Sesp. As investigações foram coordenadas por meio de uma sala de situação instalada na Prefeitura de Sooretama.

Localização dos corpos e três detidos

Na tarde de sexta-feira, os corpos de Kauã, Carlos Henrique e Wellington Gomes foram encontrados pela polícia em uma área de plantação de eucalipto em Sooretama, no Norte do Espírito Santo. De acordo com a Sesp, a localização só foi possível após a prisão de dois homens e a apreensão de um adolescente suspeitos de participação no crime.

A polícia informou ainda que o primeiro a ser detido foi um motorista de aplicativo, de 43 anos, em Sooretama, na quinta-feira (31). O indivíduo foi o responsável por transportar os adolescentes para a área onde foram cruelmente assassinados.

Em seguida, as diligências apontaram ainda a participação de um adolescente, que havia fugido do município onde ocorreu o crime para o bairro Jardim Carapina, na Serra, Grande Vitória. O suspeito foi apreendido também na quinta-feira.

Logo em seguida, de acordo com a corporação, mais diligências foram realizadas e a polícia identificou a participação de Marcos Vinícius Coutinho de Carvalho, o Caíque, de 20 anos, que é apontado como chefe do tráfico de drogas do bairro Areal, onde houve o tiroteio antes do desaparecimento dos meninos.

Marcos foi preso na sexta-feira (1°), após troca de tiros com militares.

De acordo com a Polícia Civil, por conta do adiantado estado de decomposição, os corpos dos adolescentes foram encaminhados ao Departamento Médico Legal (DML) de Vitória para serem necropsiados e, posteriormente, liberados para os familiares.

Ainda de acordo com a corporação, investigação segue em andamento por meio da Delegacia de Polícia de Sooretama, que conta com apoio da Superintendência de Polícia Regional Norte, do CIAT Norte, da Delegacia Regional de Linhares e da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa de Linhares.

Com informações do g1ES e da TV Gazeta

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