Uma confusão envolvendo um policial militar e um frentista em um posto de gasolina chamou a atenção de clientes na manhã desta quarta-feira (30), em Cachoeiro de Itapemirim, Região Sul do Espírito Santo. Vídeos que circulam nas redes sociais mostram que o funcionário teve o uniforme rasgado, foi imobilizado no chão e algemado durante a ação do policial. Assista:
Tanto as versões da Polícia Militar quanto a de testemunhas apontam que a discussão teria começado porque no local existe uma estrutura de ferro cercando a direção que os veículos devem seguir para o abastecimento. O policial teria comentado que aquilo parecia um curral e o frentista, segundo a PM, se sentiu ofendido e teria respondido: "Só se fosse sua mãe que estivesse aqui".
O funcionário acabou detido pelo policial e levado a uma delegacia. A Polícia Civil informou que o trabalhador assinou um termo circunstanciado (TC) por desacato, e foi liberado após assumir o compromisso de comparecer em juízo. "O caso seguirá sob investigação da Delegacia de Infrações Penais e Outras (Dipo) de Cachoeiro de Itapemirim".
Câmeras de monitoramento do posto flagraram toda a confusão. As imagens mostram dois ângulos das mesmas cenas. Em determinado momento, o policial chega a retirar a arma da farda, mas, em seguida, guarda. Assista:
De acordo com a corporação, dois policiais militares (um sargento e um tenente) pararam em uma fila do para abastecer o veículo, quando viram que somente uma bomba estava funcionando e a outra, desativada. Em seguida, o sargento saiu do carro e perguntou ao frentista o que teria acontecido, mas teria sido tratado com rispidez pelo funcionário. “O militar, então, respondeu ao homem que não havia necessidade de ser mal-educado e retornou ao carro para aguardar a sua vez”, informou a PM.
Ao conversar com o tenente sobre o local, o sargento comentou que o ambiente era semelhante a uma área de curral. “Porém, o frentista teria ouvido e se sentido ofendido, respondendo ao militar ‘só se fosse sua mãe que estivesse aqui’. Diante da situação, o sargento saiu à procura da gerência do estabelecimento para registrar oficialmente uma reclamação”, explicou a polícia.
Ainda conforme a PM, o tenente teria permanecido no local e falado ao frentista que, enquanto consumidor, se sentiu ofendido com o tratamento, e que o funcionário deveria tratar o cliente com mais profissionalismo e respeito. “O homem não gostou também e passou a direcionar as ofensas ao tenente”, disse a corporação, em nota.
Em meio à discussão, a polícia contou que o militar avisou ao funcionário que, por ainda estar fardado e de serviço, as agressões verbais poderiam ser registradas como desacato, no entanto, as ofensas teriam continuado. “Momento em que o sargento retornou ao local e foi necessário o uso de força progressiva para imobilizar o homem e conduzi-lo à delegacia”, garantiu a PM.
Um colega de trabalho do frentista detido contou que, já na fila para abastecer o carro, o policial entrou no local reclamando. “O cliente já chegou criando atrito. Foi quando ele usou a frase 'essa entrada está parecendo um curral' que ele e o funcionário do posto de desentenderam, trocando ofensas”, explicou.
Ainda de acordo com testemunhas, eram dois militares, mas somente um estava fardado. No momento da imobilização, o policial que estava com a farda começou com o ato e o de camisa preta ajudou logo depois. “Os rapazes que trabalham aqui tentaram ajudar, clientes pediram para parar, mas ele continuou, machucou e rasgou o uniforme”, contaram à reportagem.
Acionado pela reportagem, o posto não quis se manifestar durante a apuração dos fatos . Veja na íntegra:
"A empresa não se manifestará a respeito do ocorrido, pois os fatos estão sendo apurados. De qualquer forma, a empresa dará todo apoio necessário para o colaborador, pois se trata se uma pessoa íntegra e de conduta honrada".
Para algumas testemunhas, houve abuso do policial durante a confusão, inclusive por ter sacado a arma. "Todo mundo está muito apreensivo", disse uma delas. A reportagem também tentou localizar o frentista, mas, segundo colegas, ele havia sido liberado para realizar exames de corpo e delito.
Acionada pela reportagem, a assessoria do 9º Batalhão da Polícia Militar informou que, inicialmente, não foi observada nenhuma irregularidade na ação policial. “Não houve lesões ao conduzido e a questão a respeito do abuso de autoridade precisa de uma representação. Ou seja, alguém precisa descrever qual foi o comportamento que, em tese, configurou abuso de autoridade e por parte de quem”.
No entanto, explicou que nada impede que surja outro entendimento após as investigações da Polícia Civil. “Nesse caso, se surgir outro entendimento, um inquérito é instaurado no âmbito da Polícia Militar (pois, em tese, se trataria de crime militar ou transgressão da disciplina). Além disso, se chegarem denúncias formais ao cartório da Unidade, elas também deverão ser apuradas”, finalizou.
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