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'Consegui limpar a memória do meu filho', diz mãe de jovem morto por PM no ES

"Consegui limpar a memória do meu filho", diz mãe de jovem morto por PM no ES

Nesta quinta-feira (17), o soldado Igor Moreira da Silva foi condenado a 13,4 anos de prisão e perda do cargo na corporação pela morte de Jean Pierre Otero Lazzarini. Crime ocorreu na manhã de Natal de 2017

Publicado em 18 de dezembro de 2020 às 12:16

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Simone Otero Lazarini, 51 anos, mãe de Jean Pierre Oero Lazarini, assassinado  no Natal de 2017
Simone perdeu o filho, Jean Pierre Oterro Lazzarini há quase três anos e desde então aguardava pelo julgamento e condenação do acusado, o policial militar Igor Moreira da Silva. (Vitor Jubini)

Um dia após o júri popular que condenou o soldado da Polícia Militar Igor Moreira da Silva a 13 anos e 4 meses de prisão pela morte do universitário Jean Pierre Otero Lazzarini no Natal de 2017, em Vila Velha, a mãe do jovem disse estar aliviada e com a certeza de que a honra do filho foi preservada. A empresária Simone Otero Lazzarini acompanhou o julgamento do lado de fora do Fórum de Vila Velha, onde permaneceu até a leitura da sentença proferida pelo magistrado. "Eu consegui limpar a memória do meu filho. Isso não tem preço", desabafou a mãe de Jean.

"Como eu sempre falei... nunca tive dúvidas em relação à honestidade do meu filho. Esse ex-policial, pois agora vai ser expulso da polícia, usou e sujou o nome da corporação para tentar desqualificar meu filho, mas foi condenado. Agora ele pagará por tirar a vida do Jean. Nunca mais vou ter meu filho de volta, mas se eu olhar em frente a um espelho, saberei que descansa em paz e com a certeza de não ter feito nada errado. Já ele (Igor Moreira), não conseguirá se ver sem saber que tirou a vida de um inocente", desabafou Simone.

Jean foi morto há quase três anos, na manhã de Natal do dia 25 de dezembro de 2017, na praça do bairro Araças. Na época com 27 anos, ele estava na companhia de amigos e moradores da região, onde anualmente tinham o hábito de celebrar a data.

O então policial Igor Moreira da Silva, à paisana, passou pelo local e presenciou Jean acompanhado de outras pessoas. Na versão contada ao se apresentar à polícia, o soldado disse ter atirado porque o estudante estava com uma arma e feito menção de sacá-la da cintura. Ele, inclusive, entregou uma pistola calibre 380 com numeração raspada como sendo de Jean. Antes disso, atirou pelas costas no jovem, que morreu no local atingido por três disparos, como constatado pela perícia.

Igor Moreira da Silva, policial militar acusado de matar o universitário Jean Pierre Otero Lazzarini em 2017
O policial militar Igor Moreira da Silva, policial foi condenado pela morte de Jean Pierre Otero Lazzarini em 2017. (Arquivo pessoal)

Após o término da investigação ocorrida em julho do ano passado, Igor Moreira foi indiciado por homicídio qualificado por motivo fútil e uso de meio que impossibilitou a defesa da vítima, e também fraude processual. Desde então, ele encontrava-se preso preventivamente no quartel de Maruípe, em Vitória.

CREMAÇÃO

Com julgamento já finalizado, Simone e a família entrarão nos próximos dias com um pedido de exumação dos restos mortais de Jean Pierre para que possam realizar a cremação do corpo e realizar a vontade do filho.

Vila Velha
Jean Pierre foi morto na manhã de Natal de 2017, com três tiros nas costas. Ojovem sonha em ser médico igual ao pai. (Arquivo pessoal)

"Já estamos vendo isso e pretendemos realizar isso rapidamente, pois era a vontade do meu filho. Ainda estou muito fragilizada por tudo o que aconteceu, mas agora teremos a urna com os restos mortais dele. Ainda não sei se vamos lançá-la em algum lugar, mas por um tempo ficará aqui em casa. O Jean ainda estará conosco, não é só poeira. É o meu filho", disse Simone.

APELAÇÃO

Além da prisão, Igor Moreira também foi condenado à perda ao cargo exercido na Polícia Militar, mas isso apenas ocorrerá somente quando todos os recursos se esgotarem e a decisão transitar em julgado, como dito pelo advogado dele, Marcos Farizel.

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"A votação foi 4x3 para não absolver o Igor, um júri muito dividido", afirmou o advogado. Segundo a defesa do réu, Igor foi absolvido pelo júri na qualificadora do meio que impossibilitou a defesa da vítima e também de fraude processual.

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