Depois de mais de 15 horas de julgamento, o Tribunal do Júri absolveu o coronel da reserva da Polícia Militar Walter Gomes Ferreira e mais dois réus denunciados pelo Ministério Público do Espírito Santo por um assassinato em Baixo Guandu, no Noroeste do Espírito Santo. Em 2015, Ferreira havia sido condenado à prisão por mandar matar o juiz Alexandre Martins de Castro Filho, caso de grande repercussão nacional, ocorrido em março de 2003, em Vila Velha. Ele está preso por esse homicídio.
Desta vez, coronel Ferreira estava sendo julgado, após denúncia do MPES feita em 2008, por participação no homicídio de Esmário Mota Soares, conhecido como Mazinho Mota, no distrito de Alto Mutum Preto, em Baixo Guandu, em 22 de março de 2002. Ele era apontado pelo órgão ministerial como líder de uma rede criminosa que teria cometido diversos crimes no Noroeste do Estado.
O julgamento começou na manhã de sexta-feira (3) e foi até 1 hora da madrugada deste sábado (4), no Fórum Desembargador Otávio de Carvalho Lengruber, em Baixo Guandu. Além de Ferreira, enfrentaram o júri popular pelos mesmos crimes os réus Vilma Aparecida Tesche e Fábio Eugenio Bastos. Os três foram absolvidos, por quatro dos sete jurados, dos crimes de associação criminosa e homicídio duplamente qualificado, praticado em atividade de grupo de extermínio.
A promotoria apresentou o caso por duas horas e meia durante o julgamento, e a defesa fez suas considerações também pelo mesmo tempo. Depois disso, houve o período de réplica e tréplica, que durou mais 4 horas.
Conforme a denúncia ajuizada pelo MPES, as investigações apontaram que Ferreira e os demais réus fariam parte de um grupo criminoso que contava com uma extensa rede de colaboradores que agiam deliberadamente para cometer crimes diversos, como homicídios, extorsão, agiotagem e coação, sob a liderança de Ferreira.
No dia 22 de março de 2002, o corpo de Esmário Mota Soares, foi encontrado dentro do seu próprio carro, em Baixo Guandu. A polícia diz que ele foi vítima de uma emboscada e morto a tiros.
Segundo a denúncia do MPES, Mazinho, como era conhecido, também fazia parte da organização criminosa, mas em determinado momento decidiu agir por conta própria, o que teria motivado sua execução. A organização criminosa teria sido responsável por crimes nas cidades de Baixo Guandu, Colatina e Pancas.
Coronel Ferreira segue preso no quartel da Polícia Militar, após ter sido condenado por um Tribunal do Júri realizado em agosto de 2015, em Vila Velha, por mandar matar o juiz Alexandre Martins de Castro Filho. O crime aconteceu em março de 2003 e teve grande repercussão nacional.
Inicialmente, Ferreira havia sido condenado a 23 anos de prisão, mas os desembargadores da 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado (TJES) — que mantiveram a condenação do coronel reformado da PM — acataram o pedido de redução da pena para 16 anos de prisão, em regime fechado.
Procurada pela reportagem da TV Gazeta, a defesa de Fábio Eugênio Bastos declara que seu cliente é inocente. Em depoimento, coronel Ferreira também declarou-se inocente de todas as acusações. As defesas dele e de Vilma Aparecida Tesche não quiseram se manifestar.
Após a absolvição dos réus pelo Tribunal do Júri, o MPES, por meio da Promotoria de Justiça de Baixo Guandu, apresentou recurso. O órgão ministerial sustenta que a decisão foi manifestamente contrária às provas contidas nos autos do processo.
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