“Corre, vovô. Tá queimando. Te amo, vovô. Corre. Tá queimando". Essas foram as palavras ditas pelo menino Ângelo Valério, de 8 anos, ao ser socorrido pelo avô após ter o corpo incendiado, na última segunda-feira (4), enquanto dormia. Ele morreu neste sábado (9). A suspeita do crime, ocorrido em Itapemirim, é Raquel de Jesus, 33 anos. Ela é ex-companheira do pai do garoto, Ademilson Rosa Valério, 39 anos, também atingido pelo fogo e que acabou falecendo na quarta (6).
Demir da Silva Valério, 68 anos, contou à reportagem da TV Gazeta que ajudou a socorrer o filho e o neto. Ele relatou que Ademilson pedia para que a prioridade fosse salvar Ângelo. “Papai, eu te amo. Socorre o meu filho. Quero que o senhor socorra o meu filho. Quero o meu filho vivo”, teria dito a vítima.
O idoso afirma que era muito apegado ao filho e ao neto. “Meu filho era muito gente boa, todo mundo gostava dele, amava ele. Meu neto era muito bom, me abraçava, me beijava, fazia tudo comigo e falava que me amava. Sempre perguntava onde eu estava. Eles não me deixavam por nada”, lembrou.
Muito abalado ao receber a notícia da morte de Ângelo, Demir precisou ser medicado. “ Passei mal. Fiquei nervoso. É muito triste uma coisa dessas. Não pensava que ela [ex de Ademilson] faria isso”, lamentou.
Ângelo teve 82% do corpo. Já o pai, Ademilson teve 98% do corpo afetado pelas queimaduras graves. A motivação do crime, segundo a polícia, é o fim do relacionamento de Raquel com o pai do garoto.
A mãe de Ângelo e o padrasto seguiram para Vitória para fazer a liberação do corpo do menino, no IML. O garoto morreu no Hospital Infantil, em Bento Ferreira, onde estava internado tratando as queimaduras.
Sem data e horário previstos, o velório será na Igreja Batista de Graúna e o enterro será no cemitério de Itapemirim, onde Ademilson foi sepultado.
Ângelo e o pai dormiam em casa quando a principal suspeita do crime, Raquel de Jesus, de 33 anos, invadiu a residência, jogou gasolina nas duas vítimas, e ateou fogo, segundo informações da Justiça. Raquel foi detida pela Polícia Militar após ser encontrada no local de trabalho com uma faca e uma caixa de fósforo. Ela tinha queimaduras na canela, nas coxas, nos pés, além de feridas nas mãos e cabelos chamuscados. Ela foi encaminhada para o hospital onde ficou internada sob escolta policial.
A suposta incendiária teve a prisão em flagrante convertida para a preventiva, diante da gravidade do caso, em audiência de custódia, realizada na quinta (7). Ela não participou da audiência, pois ainda estava hospitalizada.
"Em análise dos autos é possível concluir que existem provas suficientes da existência de crime a ensejar a materialidade do delito e fortes indícios de que a autuada realmente tenha praticado o crime que lhe foi atribuído... Desta forma, a liberdade da autuada, neste momento, se mostra temerária e a prisão preventiva oportuna, ressaltando-se as circunstâncias e a gravidade concreta dos fatos narrados no APFD, considerando a natureza do delito, se tratando de crime gravíssimo, bem como a periculosidade da autuada, demonstrando que seu comportamento criminoso coloca em risco a ordem pública e a sociedade e que uma vez em liberdade esta poderá voltar a cometer atos da mesma natureza, intimidar testemunhas e se evadir do distrito de culpa, estando evidente, em cognição sumária, o periculum libertatis no caso concreto", determinou a juíza Raquel de Almeida Valinho, que presidiu a sessão.
A Secretaria de Estado da Justiça (Sejus) foi demandada para saber se Raquel já deu entrada no sistema prisional, mas até o momento o nome dela não consta entre os detentos.
Com informações de Matheus passos, TV Gazeta Sul.
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