A conduta de um major e de um soldado da Polícia Militar que se envolveram em uma briga em Vitória, na madrugada deste sábado (3), será apurada pela Corregedoria da corporação. A confusão aconteceu na saída de uma boate na Praia do Canto. O soldado teve que receber cuidados médicos por conta dos ferimentos. Já o major foi preso em flagrante por lesão corporal, ameaça, desobediência e desacato. Ele foi detido no Quartel do Comando Geral (QCG) da Polícia Militar.
Segundo nota enviada pela PM, depois da finalização dos procedimentos na delegacia de Vitória, ambos serão encaminhados à Corregedoria para prestarem novos esclarecimentos. Lá, será feita uma análise das versões apresentadas pelos dois policiais e "adotadas as medidas administrativas e/ou criminais cabíveis". Os nomes dos dois envolvidos não foram divulgados, mas A Gazeta apurou que o major preso em flagrante é Marcos Vinicius Mattos Gandini.
Durante o dia, o registro da ocorrência foi acompanhado pelo comandante do 1° BPM, na Delegacia Regional de Vitória. Na noite deste sábado (3), a corporação disse que os procedimentos na Corregedoria ainda não tinham sido finalizados. Por esse motivo, não havia mais informações a respeito da apuração administrativa dos fatos.
Vídeos enviados por leitores ao site A Gazeta mostram o momento em que o major, de camisa azul na imagem, dá vários socos no soldado, que está machucado e caído no chão. Pelas imagens, também é possível ver um homem de camisa verde, que seria instrutor de tiro e amigo do soldado, tentando separar a briga. Outro registro mostra o major ameaçando o instrutor, dizendo, inclusive, que iria matá-lo.
Segundo o boletim da Polícia Militar (PM), a ocorrência teve início dentro de uma boate da região. Contudo, o major e o soldado dão versões diferentes para os acontecimentos.
Na versão do major, ele teria ido embora da boate logo após sua mulher ter sido assediada pelo soldado. Segundo o relato, o casal se deslocou até a Avenida Saturnino de Brito para pegar um táxi e, nesse momento, dois indivíduos teriam aparecido — incluindo o militar — e apontado uma arma na direção dele. Não está registrado o porquê de o casal ter sido rendido.
Na tentativa de desarmar o soldado, o major conta que entrou em luta corporal. De acordo com o boletim, o militar do baixo escalão posteriormente acabou desarmado pela mulher do major, que caiu no chão e sofreu lesões nos braços e nas pernas.
O major também alegou, no atendimento da ocorrência, que uma pessoa aplicou um golpe gravata, que quase o deixou desacordado, causando-lhe lesão na orelha e mãos. Com os dois militares, foram apreendidas armas, carregadores e munições.
O repórter André Falcão, da TV Gazeta, esteve no DPJ de Vitória pela manhã e conversou com policiais e testemunhas. O soldado, que precisou ser atendido no hospital por conta dos ferimentos, deu outra versão da história. De acordo com ele, o major teria sido expulso da boate por causa de uma discussão com a esposa. Já do lado de fora, tentou separar a briga, quando começou a ser agredido pelo oficial.
Testemunhas contaram que, após a confusão, o major foi para a delegacia, onde chegou transtornado. Ele também teria ido antes ao hospital, para fazer novas ameaças ao soldado. Por volta das 10h deste sábado, a mulher do major ainda tentou ir embora da delegacia, sem autorização.
A Polícia Civil destacou que o major, de 45 anos, foi autuado em flagrante por lesão corporal, ameaça, desobediência e desacato à funcionário público e foi encaminhado ao presídio militar, no Quartel do Comando Geral (QCG) da Polícia Militar, onde ficará à disposição da Justiça.
"Uma cópia do procedimento do flagrante será encaminhada à Corregedoria da PM para apurar possíveis infrações administrativas ou crimes militares. O soldado foi qualificado como vítima na ocorrência", ressaltou a corporação.
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