A corregedoria da Polícia Militar vai investigar o cabo Fábio Fonseca devido a uma foto publicada por ele na rede social Instagram, na noite desta terça-feira (30). Na imagem, o militar exibe um colete à prova de balas e um cassetete com a palavra 'resistência', expressão muito usada por eleitores que não são a favor do novo presidente eleito no último domingo (28), Jair Bolsonaro (PSL).
Na legenda da foto, o policial ainda ataca simpatizantes do Partido dos Trabalhadores (PT). "Você, jovem 'petista', é apenas um conformado de bunda no sofá que durante mais de uma década se calou diante do financiamento da opressão das ditaduras que mataram de forma covarde aqueles que realmente têm motivos para resistir, como Óscar Pérez", dizia o post.
A postagem recebeu apoio dos seguidores da rede social e muitos parabenizaram o militar. "Boa guerreiro. E a borracha vai cantar kkkkkkk", diz um internauta. "Isso deve doer hemm @cabofonseca? Concordo com o senhor", diz outra seguidora.
A Polícia Militar foi acionada pela reportagem na noite desta terça-feira (30) que, por meio de nota, informou que não compactua com a atitude do policial.
"A Polícia Militar informa que não coaduna com posturas ofensivas ou ameaçadoras de seus integrantes, em especial aquelas que deturpam e agridem, com viés autoritário equivocadamente associado à imagem institucional, posicionamentos legitimados pela democracia".
A polícia ainda afirmou que o caso será devidamente apurado pelo setor correcional da instituição.
"MEU DIREITO DE LIBERDADE DE EXPRESSÃO"
Na manhã desta quarta-feira (31), o policial militar conversou por telefone com a reportagem do Gazeta Online e disse que pretende manter a foto publicada na rede social. O militar não demonstrou qualquer preocupação com o fato de o caso ser investigado pela Corregedoria da PM e afirmou que qualquer manifestação contrária ao presidente eleito Jair Bolsonaro é "vandalismo".
"MANIFESTAÇÃO PESSOAL", DEFENDE ASSOCIAÇÃO"
A Associação de Cabos e Soldados (ACS) também defendeu o policial e concordou que o militar tem o direito de manifestar sua opinião. Para o sargento Renato Martins, presidente da ACS, trata-se de uma manifestação pessoal que não interfere na conduta do PM durante o período em que o mesmo estiver trabalhando.
"Vejo como uma manifestação pessoal, como muitas que a gente vê nas redes sociais. Não é posicionamento institucional. Está dentro da liberdade de expressão, assim como alguns estão se posicionando contra o pleito democrático. Não se converte em ato ilegal na prática. Quando o PM for atuar, ele vai atuar sempre seguindo a lei", defendeu o presidente da ACS.
O QUE A OAB DIZ SOBRE O CASO?
A reportagem do Gazeta Online entrou em contato com Verônica Bezerra, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil do Espírito Santo (OAB-ES), que, em nota, informou que a Ordem vê com preocupação este caso, que deve ser apurado pela Polícia Militar.
"Trata-se de um caso complexo diante do momento que vivenciamos, caracterizado por acirramentos e intolerância. É preciso que tenhamos tranquilidade e respeito aos Direitos Fundamentais previstos na Constituição Federal. A liberdade de expressão é um direito fundamental, que não poderá ser confundido com suposta violação de direitos de outras pessoas. A construção de uma sociedade justa e igualitária somente será possível com diálogo, e não com enfrentamentos", informou.
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