Os corpos de dois dos três adolescentes encontrados mortos na última sexta-feira, dia 1° de setembro, em Sooretama, no Norte do Espírito Santo, podem ser liberados nesta terça-feira (5) para as famílias. Segundo os familiares, a Polícia Civil já conseguiu identificar Kauã Loureiro, de 15 anos, e Wellington Gomes, de 14. Carlos Henrique Trajanos, de 15 anos, é o único que vai precisar de exame de DNA, porque era adotado.
"O que não deveria acontecer, já aconteceu. A gente fica sem trabalhar, esperando resolver. Já passou da hora de ser resolvido", disse Marcelo Correa, pai de Kauã. Segundo ele, a Polícia Civil informou sobre a identificação dos dois adolescentes nesta segunda-feira (4) e, por isso, há a expectativa de os familiares irem até o Departamento Médico Legal (DML) de Vitória para a liberação.
Para tentar a liberação de Carlos Henrique, o pai dele, Milton Trajanos, disse que vai até Pedro Canário para buscar uma irmã biológica do menino e levá-la para realizar o exame de DNA. "Amanhã vamos em Pedro Canário para buscá-la e ela fazer o exame. O que eu e os outros dois pais queremos é liberar os meninos juntos. Já sofremos demais", disse.
Segundo a Polícia Civil, por conta do adiantado estado de decomposição, os corpos dos adolescentes foram encaminhados ao Departamento Médico Legal (DML) de Vitória para serem necropsiados ainda na sexta-feira (1º), dia em que foram encontrados, em meio a uma plantação de eucalipto, em Sooretama.
Um dia após os jovens serem encontrados mortos, no sábado, dia 2 de setembro, a corporação informou que a liberação dos corpos não foi feita porque, devido ao estado de composição deles, o reconhecimento não foi possível e também havia dificuldade na coleta de amostras.
Nestes casos, segundo a polícia, o DML utiliza outros meios de identificação, o que inclui análise de arcada dentária ou, em último caso, identificação por DNA.
Os três adolescentes desapareceram no dia 18 de agosto, em Sooretama, mobilizando familiares, amigos e as forças de Segurança do Espírito Santo para encontrá-los. Após 120 horas de investigação, utilizando cães, drones, além de outros recursos, a polícia encontrou os corpos dos garotos enterrados em uma plantação de eucalipto da região.
De acordo com o Secretário de Segurança Pública do Espírito Santo (Sesp), Alexandre Ramalho, os adolescentes foram vítimas da guerra do tráfico da região. Os meninos desapareceram após um tiroteio registrado em Areal, em Sooretama, bairro vizinho onde eles moravam.
"Esses jovens vão, por curiosidade, segundo a família, até o bairro Areal, para verificar uma situação de que uma pessoa tinha sido baleado. Lá, aquela pessoa que morreu seria da Baixada (onde os adolescentes moravam). Então, quando eles (os criminosos) souberam que aqueles três jovens pertenciam à Baixada, eles fizeram a apreensão deles e uma série de crueldade, que não vamos relatar em respeito à família", disse Alexandre Ramalho.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Estado, a localização dos corpos dos adolescentes só foi possível após a prisão de dois homens e a apreensão de um adolescente suspeito de participação no crime.
A polícia informou ainda que o primeiro a ser detido foi um motorista de aplicativo, de 43 anos, em Sooretama, na quinta-feira (31). O indivíduo é responsável por transportar os adolescentes para a área onde foram cruelmente assassinados.
Em seguida, as diligências apontaram ainda a participação de um adolescente, que havia fugido do município onde ocorreu o crime para o bairro Jardim Carapina, na Serra, Grande Vitória. O suspeito foi apreendido também na quinta-feira.
Logo em seguida, de acordo com a corporação, mais diligências foram realizadas e a polícia identificou a participação de Marcos Vinícius Coutinho de Carvalho, o Caíque, de 20 anos, que é apontado como chefe do tráfico de drogas do bairro Areal, onde houve o tiroteio antes do desaparecimento dos meninos.
Marcos foi preso na sexta-feira (1°), após troca de tiros com militares. Ainda de acordo com a corporação, investigação segue em andamento por meio da Delegacia de Polícia de Sooretama, que conta com apoio da Superintendência de Polícia Regional Norte, do CIAT Norte, da Delegacia Regional de Linhares e da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa de Linhares.
*Com informações do g1ES
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