O taxista José Herculano Marques, de 75 anos, morreu de infarto devido às condições as quais foi submetido após ser rendido e abandonado por criminosos, em março deste ano, na Serra. Ele foi abordado por um trio no ponto de táxi em Cariacica. Os bandidos pediram uma corrida, mas, na verdade, queriam roubar dinheiro da vítima. Após concluírem o objetivo, eles deixaram o idoso preso no porta-malas, debaixo do sol. Lá dentro, segundo a perícia, a temperatura ultrapassou os 50 °C.
Imagens divulgadas nesta quinta-feira (11) mostram o trio minutos antes de eles chegarem ao ponto de táxi (confira acima). São dois homens e uma mulher. José Herculano trabalhava há 35 anos no mesmo local, e tinha o hábito de guardar dinheiro em espécie no bolso, além de deixar as notas em uma bolsa dentro do veículo. A Polícia Civil acredita que os bandidos sabiam disso, por isso, já foram direto no idoso.
Isso fica provado pelo seguinte fato: José era o quarto da fila dos táxis, mas foi o escolhido pelo trio. De lá, os bandidos seguiram com ele em direção à Serra.
Câmeras de monitoramento também flagraram o momento em que o trio para o veículo ao lado de uma ferrovia, próximo à região do Contorno do Mestre Álvaro (veja acima). O carro fica no sol. Dentro do porta-malas, José ainda estava vivo. Ele ficou pelo menos seis horas lá, lutando pela sobrevivência.
Dentro do porta-malas também foi encontrada uma barra de ferro, que José usou para tentar abrir e sair. "A gente pode afirmar que essa vítima foi colocada viva dentro do carro e lutou até o final da sua vida para sair daquele espaço pequeno", pontuou Chamoun.
A perícia concluiu que a causa da morte foi infarto causado pelo calor extremo ao qual foi submetido. "Consta em laudo que a morte foi por infarto agudo do miocárdio (ataque cardíaco) podendo ter sido provocada, claramente, pela condição que a vítima foi exposta. As pessoas expostas a isso passam por intenso sofrimento, convulsões, alucinação, perda da consciência, coma e morte", finalizou o perito.
Os três criminosos que aparecem no vídeo ainda não foram identificados, por isso, a Polícia Civil pede ajuda da população, que pode denunciar de forma anônima pelo telefone 181 ou pelo site disquedenuncia181.es.gov.br.
O policial militar Flávio Vinicius, filho do taxista, conversou com a repórter Priciele Venturini, da TV Gazeta. Ele disse que a família continua muito abalada, principalmente a mãe dele, casada com José a vida inteira.
"Foi um assassinato desnecessário, não havia motivo para ter deixado meu pai dentro do porta-malas de um carro no sol, se vocês verem na imagem eles passam em uma sombra, poderiam ao menos ter deixado ali. Nas imagens dá para ver que meu pai foi guerreiro até o final da vida", desabafou.
O táxi de José ficou na casa com o filho, que pôde ver as marcas deixadas pelo desespero do idoso.
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