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Crimes em shoppings do ES: o que diz delegado da Antissequestro

Crimes em shoppings do ES: o que diz delegado da Antissequestro

Alysson Pereira Pequeno comentou sobre os episódios em entrevista à CBN Vitória e deu dicas para não se tornar uma vítima dos criminosos

Publicado em 6 de junho de 2024 às 14:55- Atualizado há 7 meses

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Grupo de chilenos foi preso por roubar shoppings da Grande Vitória
Grupo de chilenos foi preso por roubos a shoppings da Grande Vitória. (Divulgação)

Somente em 2024, a Polícia Civil já registrou quatro casos de sequestros-relâmpagos em shoppings da Grande Vitória. Os crimes são parecidos: suspeitos localizam clientes saindo do estabelecimento ou entrando em carros, abordam e fazendo eles reféns. Em troca da liberdade, exigem transferências bancárias das vítimas.

A reportagem de A Gazeta publicou na quarta-feira (5) casos desse tipo de crime e a prisão de um grupo chileno responsável por roubar lojas dos centros comerciais e três casos de assalto e sequestro a clientes foram registrados nos estacionamentos dos locais. 

O delegado titular da delegacia Antissequestro, Alysson Pereira Pequeno, esteve na edição desta quinta-feira (2), do "Segurança em Foco", da CBN Vitória, onde falou sobre os casos e deu dicas de como se prevenir para não se tornar mais uma vítima ou como agir caso se torne alvo desses criminosos.

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Segundo o delegado, as pessoas não estão acostumadas a esse tipo de crime em shoppings, onde se pressupõe que sejam locais seguros. "Infelizmente a criminalidade está em todos os locais, o que a gente recomenda é nunca reagir porque são indivíduos geralmente armados e a gente tem nossa vida que é nosso bem maior", disse Alysson Pereira Pequeno.

E o que fazer quando abordado pelos criminosos? O titular explicou que o melhor, neste momento, é evitar olhar para eles e obedecer aos comandos dados. Segundo o delegado, os bandidos costumam procurar vítimas que demonstrem ter um alto poder aquisitivo. 

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Obedeça o que ele pede, se você tem o cartão, passe o cartão, faça, se possível, o pix, não se indisponha com ele, tenta manter a calma e dos familiares que estiverem juntos, até que a situação acabe

Alysson Pereira Pequeno
Delegado titular da delegacia Antissequestro
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Após o crime, as vítimas devem buscar a delegacia mais próxima e registrar um boletim de ocorrência para que as investigações aconteçam e os criminosos sejam detidos.

Para os motoristas, o ideal é que estacione os veículos em locais com iluminação e próximo a câmeras de segurança. Além disso, estar atento à movimentação do local. Caso perceba alguém com comportamentos estranhos, como estar te seguindo ou te vigiando, o ideal é informar o setor de segurança do shopping. 

"Quando for em direção ao seu veículo, olhe se há pessoas próximas a esse carro. Evitar entrar no veículo e ficar mexendo no celular, você embarca e sai. Evitar tempo dentro do veículo porque você se torna um alvo fácil, pois está com a atenção dispersa ao equipamento eletrônico e o indivíduo está ali esperando", explicou o titular da Delegacia Antissequestro.

Sobre os casos citados na reportagem de A Gazeta, o delegado afirmou que as investigações estão a cargo do 6º Distrito Policial de Vila Velha e que providências já estão sendo tomadas. 

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A princípio não se trata de uma quadrilha. São indivíduos oportunistas, onde encontraram uma fragilidade, se aproveitam das vítimas que estão no local desatentas, por estarem dentro de um shopping

Alysson Pereira Pequeno
Delegado titular da delegacia Antissequestro
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Apesar dos casos terem chamado bastante atenção, o delegado afirmou que não houve aumento em relação ao ano passado. Até o momento, quatro casos foram registrados. "O fato de você ter um, dois, três casos de uma vez, parece ser um aumento de casos, mas são isolados", aponta.

Em relação à segurança dos shoppings, o gerenciamento é privado e não compete à Polícia Civil, cabendo a eles a adoção das providências. 

Casos

Os shoppings da Grande Vitória são os novos alvos de criminosos no Espírito Santo. Só no último mês, um grupo chileno foi preso por roubar lojas dos centros comerciais e três casos de assalto e sequestro a clientes foram registrados nos estacionamentos dos locais.

No dia 14 de maio uma empresária de 43 anos, que não quis se identificar, se tornou uma das vítimas. Enquanto entrava no Peugeot 3008 estacionado no andar conhecido como G3 do estacionamento do Shopping Praia da Costa, um homem armado entrou no veículo. 

Durante os minutos em que passou com ele no veículo, o criminoso a obrigou a enviar R$ 9,6 mil por pix e pegou joias. Além dos objetos, o momento de tensão se tornou em risco à saúde quando ele a obrigou a passar para o assento do passageiro.

“Ele pediu R$ 30 mil e disse que não tinha. Ele não acreditou e eu mostrei que não tinha e que tinha saído da academia e não tinha nem cartão, porém ele insistia e como sou hipertensa comecei a passar mal. E aí eu vi que minha pressão subiu e comecei a falar que estava passando mal, para acabar logo com isso e que eu podia ter um derrame”, explicou.

Com medo, ele a liberou, mas foi embora com o carro. O que a vítima não consegue entender é como ele saiu do prédio. “Ele abandonou o carro e consegui encontrar com minha bolsa dentro, onde estava o ticket para liberar a saída. Ou seja, ele não usou e as travas do shopping não foram quebradas. Como ele saiu?”, frisou a vítima.

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Depois que fui ver que não tinha nem câmera de segurança [no estacionamento], eu falei 'gente, como que cobra o estacionamento do Shopping que não tem um mínimo de uma câmara de segurança?'. Então assim, a gente tá sendo meio que enganado, as pessoas como eu, todas estão apavoradas porque elas achavam que elas estavam seguras dentro do shopping

Vítima de assalto no estacionamento do Shopping Praia da Costa
Empresária
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Modus operandi: dois novos casos

A situação se repetiu no mesmo formato no dia 28 de maio e 2 de junho, respectivamente, com uma professora que também saía da academia, no Shopping Boulevard, e com uma família, no Shopping Praia da Costa. Nos dois casos as vítimas foram abordadas quando entravam no automóvel para sair do centro comercial. 

Todos eles também estavam com os carros parados no parque onde ficam os carros sob responsabilidade dos shoppings. Segundo a Polícia Militar (PM), a mulher assaltada teve o carro levado pelo criminoso.

Já no segundo caso, o pai, mãe e filha levaram um susto quando um homem entrou no carro logo após os três entrarem. Após render a família, o criminoso os ameaçou pedindo pix, e após a transferência, ele saiu do veículo e fugiu.

Eles não foram o único grupo familiar a sofrer na mira de bandidos. Em janeiro deste ano, três mulheres e duas crianças da mesma família foram reféns de dois suspeitos, sendo um homem de 30 anos e outro de 17 anos. A abordagem aconteceu no estacionamento do shopping em Vila Velha quando estavam dentro de um Fiat Fastback, mas imagens mostram que o grupo foi seguido pelos suspeitos antes do crime. 

"Pelo horário não conseguiram realizar o envio bancário. Já tinha passado das 20 horas, então não havia habilidade técnica para uma transferência de maior montante. Pouco a pouco, ela foi sendo obrigada a dividir, de mil em mil reais, o valor da transação a ser efetuada. Por isso essa privação de liberdade perdura por mais tempo", afirmou o delegado Guilherme Eugenio Rodrigues, titular do 6º Distrito de Polícia do município na época.

A Polícia Civil informou que os três casos que aconteceram no último mês seguem sob investigação. A corporação solicitou ajuda da população ao contribuir com informações de forma anônima através do Disque-Denúncia 181, que também possui um site onde é possível anexar imagens e vídeos de ações criminosas, o disquedenuncia181.es.gov.br. O anonimato é garantido e todas as informações fornecidas são investigadas.

Comerciantes prejudicados

Assim como os clientes, os comerciantes dos shoppings também vivenciaram situações difíceis. Os locais de venda estavam sendo o foco de um grupo criminoso composto por chilenos. Os integrantes não tinham um tipo favorito e entravam em comércio de cosméticos, perfumes, óculos, relógios e roupas.

Segundo apuração da TV Gazeta, o prejuízo dado a lojistas chega a R$ 20 mil. Dois homens e duas mulheres foram presos suspeitos de envolvimento nos crimes na última sexta-feira (31) saindo de um shopping em Vila Velha.

“Quatro chilenos estavam em um veículo, e, no interior do carro, foram encontrados produtos furtados de shoppings localizados em Vitória, Cariacica e Vila Velha. Na porta do automóvel também foram apreendidas três buchas de maconha", informou a polícia. Todos foram levados para a Delegacia Regional de Vila Velha, onde foram autuados em flagrante pela Polícia Civil por furto qualificado e encaminhados ao sistema prisional.

Chilenos presos acusados de roubo a lojas de shoppings
Chilenos presos acusados de roubo a lojas de shoppings. (Montagem A Gazeta)

O que dizem os Shoppings?

Shopping Praia da Costa

O shopping informa que está atento à situação que vem ocorrendo em diversos pontos da cidade e está à disposição das autoridades para contribuir com as investigações. O empreendimento reforça ainda que está implementando diversas ações no âmbito da segurança, como o aumento do efetivo, e a ampliação da cobertura do circuito já existente de videomonitoramento

Shopping Boulevard

O Boulevard Shopping Vila Velha informa que a equipe de segurança detectou a ação criminosa e realizou buscas. Logo, o suspeito foi localizado na condução do veículo roubado, ainda no estacionamento do centro de compras. Na fuga, ele avançou sobre as cancelas, escapando sentido Guarapari. A direção do Boulevard Shopping informa que o esquema de segurança do local é realizado por equipe especializada/terceirizada, com apoio de monitoramento integrado para detecção imediata de delitos, inclusive como o ocorrido na tarde desta terça-feira (28). O fato foi registrado junto à Polícia Civil e a direção colaborará com todas as informações para que o suspeito seja localizado. A cliente foi acolhida pela equipe de segurança do Shopping e está bem.

A reportagem de A Gazeta também procurou pela Associação Brasileira de Shopping Centers para um posicionamento sobre os casos registrados em estabelecimentos do Espírito Santo, mas não houve retorno até a publicação da reportagem. O espaço segue aberto para a Abrasce.

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