Cerca de 60% das mulheres presas no Espírito Santo foram detidas por envolvimento com o tráfico de drogas. São 575 presidiárias do total de 1.021 que se encontram em penitenciárias do Estado. Os dados foram repassados pela Secretaria de Estado da Justiça (Sejus). Outras 136 foram presas por homicídio simples ou qualificado. Juntos, os dois tipos de crimes somam 70% da população carcerária feminina no Espírito Santo.
É o caso de Jully Brenda Ribeiro. Presa há dois anos e 10 meses, a interna ainda tem pelo menos mais um ano de regime fechado antes de ir para o semiaberto. Ela relatou que era uma "mula" do tráfico, mas acabou sendo presa como se fizesse parte da "gerência".
Dentro da penitenciária que fica em Cariacica, Jully trabalha na fábrica de sapatos que funciona na unidade. Assim, consegue reduzir sua pena e ganhar um salário. Parte do dinheiro fica guardado para quando ela sair, e outra ela envia para a mãe que está do lado de fora.
O número de mulheres presas representa pouco mais de 4% do total de presos no Estado. Ao todo, 21.742 homens cumprem pena em todo Espírito Santo.
A maioria das detentas, segundo Graciele Sonegheti, diretora do Centro Prisional Feminino de Cariacica, chega ao presídio com um histórico de violência. "Muitas delas sofreram violência psicológica, física, chegam com uma condição de ensino fundamental incompleto, com alternativas difíceis lá fora. Aqui elas têm outras possibilidades. Elas aprendem a estudar, trabalhar, e elas têm muita capacidade para sair de uma forma diferente da unidade prisional", disse.
Dentre elas está Verônica Soares. O vício nas drogas a levou até a prisão. Ela foi presa por praticar furtos e, na cadeia, fez cursos e se apaixonou pelo mundo dos livros. Presa há 12 anos, a interna está em regime semiaberto e deve deixar a prisão em 2023. "Eu acredito que vou conquistar tudo aquilo que Deus tem preparado para mim. Eu já passei por muita dificuldade no mundo das drogas, muita violência, agressões, mas mudou. Eu estou atrás das grades, mas eu não faço mais parte da massa carcerária".
Na saída, destacou a diretora do presídio, a capacidade da sociedade de dar uma oportunidade para essas mulheres é o que pode fazer a diferença. "Aqui elas aprenderam a lição, estão tendo outras oportunidades, estão se capacitando, elas precisam ter portas abertas lá fora se não elas não vão conseguir. Nós precisamos acreditar e dar uma nova chance", apontou.
Com informações de Gabriela Martins, da TV Gazeta
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