De janeiro a novembro deste ano, 29 mulheres foram vítimas de feminicídio no Espírito Santo. O número é menor que o do mesmo período do ano passado, que foram 32 feminicídios - 9,4% de redução. Mas acende um alerta. Só neste fim de semana, já em dezembro, pelo menos outras duas foram mortas pelos companheiros. Para especialistas, os números reforçam a necessidade de políticas públicas voltadas para o auxílio a mulheres. Na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), um laboratório tenta encontrar respostas e oferece serviços para vítimas.
De acordo com a Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp), a Divisão Especializada de Atendimento à Mulher em 2019 contabilizou 1.299 prisões em flagrante, mais de 14 mil boletins de ocorrência e mais de 7,3 mil medidas protetivas de urgência.
O último feminicídio registrado em Vitória foi o de Cristina Mello do Rosário, de 34 anos. Ela foi morta com oito facadas pelo marido, na frente das duas filhas de oito e 11 anos. O crime aconteceu na madrugada de domingo (1º).
O suspeito, Eduardo Cruz da Silva, é servidor da Ufes. Na mesma instituição, existe o Laboratório de Pesquisa sobre Violência Contra a Mulher no Espírito Santo (Lapvim/ES), cujo objetivo é entender quem são as vítimas e o que fazer para ajudá-las.
A ideia do laboratório surgiu porque a gente começou a ver na universidade vários projetos de pesquisa que estavam analisando questões relativas à violência contra a mulher no Espírito Santo. A gente buscou todos esses projetos, reuniu num grande laboratório de pesquisa, que hoje conta com professoras do curso de direito, psicologia, serviço social, cinema, enfermagem, medicina, explicou a professora Brunela Vicenzi.
De acordo com ela, a pesquisa já mostrou que as mulheres negras são as maiores vítimas desse tipo de violência e que as políticas públicas para evitar os crimes não alcançam essa parte da população.
Um dado que temos concreto é que o Espírito Santo está em segundo lugar no índice de violência contra mulheres negras. Isso é um número muito grave. Outro dado é que as políticas públicas de combate à violência contra a mulher fizeram efeito nos período de 2012 até 2017, que é o último dado oficial que a gente tem, para mulheres não negras. As políticas públicas não estão chegando nessas mulheres que sofrem mais violência. É preciso fazer algo direcionado para essa população, disse.
Pensando em como auxiliar essas mulheres, o laboratório também oferece serviços voltados para as vítimas de violência.
O grupo é para pesquisa, mas, a partir da pesquisa, a gente também criou algumas atividades de extensão, que são para atendimento da população. A gente tem no Hospital das Clínicas o Pavivis [Programa de Atendimento à Vítimas de Violência Sexual]; e o Pavis, que é um sistema que atende vítimas de violência pós-parto, durante o parto; e o atendimento jurídico para dar aconselhamento à mulher, disse a pesquisadora.
Ainda de acordo com ela, em casos de violência, a orientação é acionar as autoridades policiais.
Laboratório de Pesquisas sobre Violência contra a Mulher - LapVim / Ufes
Por Gabriela Ribeti, da TV Gazeta
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