Preso na manhã desta sexta-feira (8), Fernando Moraes Pereira Pimenta, o Marujo, traficante mais procurado do Espírito Santo nos últimos anos, foi comparado ao narcotraficante colombiano Pablo Escobar pelo delegado Romualdo Gianordoli, superintendente da Polícia Especializada.
Marujo estava escondido na casa do pai no bairro Bonfim, em Vitória, quando foi surpreendido pela ação da Polícia Civil (PC). Na coletiva de imprensa que detalhou a prisão do traficante, a polícia o classificou como “carismático” e “querido pela comunidade”.
“Ele realmente tinha guarita na comunidade dele. Ele é aquele líder parecido com o Pablo Escobar, que fazia o bem para a comunidade, distribuía dinheiro, medicamentos, ajudava e tudo mais”, disse Gianordoli.
“Nós tínhamos vídeos de traficantes com fuzil distribuindo chocolates na Páscoa e brinquedos no Dia das Crianças. Colocavam pula-pula e promoviam recreação. Foi assim que, por tanto tempo, ele [Marujo] conquistou as pessoas”, completa o delegado.
Escobar, morto em 1993 durante uma ação policial, era o chefe do Cartel de Medellín, organização criminosa sustentada pelo dinheiro do tráfico de drogas e armas. Entre as décadas de 1980 e 1990, o cartel comandado pelo colombiano chegou a ser responsável por mais de 80% da cocaína traficada entre países da América do Sul, América do Norte e também da Europa, dando a ele o título de criminoso mais procurado do mundo.
Segundo a PC, assim como Escobar, Marujo estaria usando o dinheiro do tráfico para comprar o silêncio dos moradores da região onde se escondia. No momento da prisão, a Polícia Civil do Espírito Santo chegou a ser atacada com pedras e com gritos de apoio a Marujo.
Marujo estava em uma casa de quatro andares que, segundo a PC, é de propriedade dos pais dele. O local teria o portão reforçado e uma espécie de túnel entre o telhado e a laje do último andar. Por volta de 8h20 desta sexta-feira (8), a Polícia Civil invadiu a casa, onde tinha a informação da localização do traficante.
"Foram quatro meses de dedicação exclusiva para procurar e prender Marujo. Tivemos um serviço de inteligência muito cauteloso e focado. A família dele foi bastante dissimulada. O tempo todo dizia que ele não estava e que estaria no Rio de Janeiro. Mas fomos martelando a parede, até que ele, escondido, se manifestou. Ele verbalizou, mas não abriu o acesso que usava para entrar e sair dessa espécie de alçapão. Tivemos que quebrar a parede falsa", relata o delegado.
Segundo Romualdo Gianordoli, a fim de evitar uma reação de Marujo, o próprio pai do traficante ficou responsável por quebrar a parede que dava acesso ao esconderijo.
“Marujo teve uma progressão na crueldade dele. Antes, era um líder mais centrado, com medo de repercussões, mas depois foi se tornando mais cruel. Já determinou homicídios em todo o Espírito Santo e tinha pretensão de ganhar todo o Estado, mas os planos dele foram frustrados”, acrescenta Romualdo.
Conforme informações divulgadas pela Polícia Civil, o esconderijo de Marujo contava com tecnologia para abrir e fechar o espaço, onde ele guardava um cilindro de oxigênio para auxiliar a respiração e permanecia armado com um fuzil. O material encontrado no local foi apreendido.
Marujo é o chefe do tráfico de drogas do Bairro da Penha e Bonfim, na Capital. Ele responde diretamente à cúpula da liderança do Primeiro Comando de Vitória (PCV), facção que comanda a região e se estende a vários bairros – não só na Grande Vitória como também no interior do Estado.
De acordo com o Conselho Nacional de Justiça, são pelo menos seis mandados de prisão em aberto contra Marujo, desde 2017, por diversos crimes: homicídio qualificado, tráfico de drogas, associação ao tráfico, organização criminosa e corrupção de menores.
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