Morreu no início da tarde desta segunda-feira (21) o jovem Filippe Siqueira Khroling, 24 anos, que estava internado em estado grave desde domingo (13) após usar a droga mexicana identificada como mescalina, em uma rave em Guarapari. A morte foi confirmada pelo delegado que investiga o caso, Diego Bermond, e pela família do jovem.
De acordo com informações preliminares, Filippe teve uma parada cardíaca por volta das 15h, os médicos tentaram reanimá-lo mas ele não resistiu.
A reportagem esteve no Hospital Antônio Bezerra de Faria, em Vila Velha, onde a morte do rapaz também foi confirmada. A mãe do jovem passou mal ao receber a notícia e foi medicada. Ainda no fim da tarde, a família foi ao Departamento Médico Legal de Vitória, para liberar o corpo.
Na manhã desta terça-feira (22), o corpo do jovem é velado na Comunidade Santo Antônio, bairro Cruzeiro do Sul, em Cariacica. Segundo um primo, o sepultamento será às 15h, no Parque da Paz, no mesmo município.
Era madrugada de sexta-feira (18) quando a Polícia Civil recebeu a informação de que 11 jovens teriam sido internados em hospitais da Grande Vitória após o uso de uma droga em uma festa rave em Guarapari no sábado (12). Após a denúncia, o Departamento Especializado de Narcóticos (Denarc) foi acionado para iniciar uma investigação.
Após buscas nos hospitais da Grande Vitória, a Polícia Civil confirmou a internação de três jovens pelo uso de uma substância conhecida como mescalina. Eles teriam sido inicialmente atendidos pela UPA em Guarapari, e por causa do estado grave, foram transferidos para hospitais da Região Metropolitana.
A droga utilizada pelos jovens foi identificada como mescalina e tem uso devastador, segundo o especialista em dependência química e saúde mental, João Chequer. De acordo com ele, a droga é de origem mexicana e obtida de um cacto. Os efeitos dela são alucinógenos e podem levar a pessoa à morte em caso de overdose aguda. "É uma substância sintética com efeito similar ao causado pelo LSD. Quando ela age, provoca aceleração dos batimentos cardíacos, da frequência cardiorrespiratória, depressão, paranoia, medo e sensação de pânico. Pode paralisar órgãos vitais também", disse.
Segundo a polícia, a mescalina é nova no Espírito Santo e provavelmente foi utilizada em conjunto com outras substâncias. "As informações que o Denarc possui é que o comprimido ingerido era uma mistura de mescalina com ecstasy. Duas substâncias alucinógenas e que, quando usadas juntas, potencializam o efeito. É algo que traz muita preocupação para gente", disse o delegado geral da Polícia Civil, José Arruda.
Felipe era o único jovem que continuava internado após o uso da droga. Os outros dois tiveram alta na última sexta-feira (18) e no domingo (20). Um deles conversou com a reportagem de A Gazeta e disse ter "nascido de novo".
O jovem também relatou que havia encomendado a droga por WhatsApp um mês antes da festa e que pagou, por meio de transferência bancária, R$ 140 por três comprimidos. A droga foi entregue dentro da festa.
Ele contou que usou apenas um comprimido. Cinco minutos depois, ele começou a se sentir mal e logo depois desmaiou. "Só lembro de acordar na segunda-feira no hospital. Desesperado, sem saber o que estava acontecendo", declarou. Confira a entrevista completa aqui.
A polícia já tem o suspeito de ter comercializado a droga com os jovens que frequentavam a festa. De acordo com o delegado titular da Denarc Diego Bermond, além de tráfico de drogas, o responsável pela venda da substância pode responder por tentativa de homicídio e por homicídio. A polícia vai ouvir os organizadores da festa, assim como pessoas que estavam no local e não consumiram as drogas. A investigação continua tentando identificar outros jovens que teriam sido intoxicados com a droga.
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