A denúncia apresentada pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES) sobre a morte do perito aposentado Celso Marvila Lima revela conversas entre os denunciados pelo crime. Os relatos fazem parte das provas obtidas durante a investigação e comprovam que o assassinato foi premeditado, além de motivado por discordâncias com a venda milionária do Jockey Clube, em Vila Velha.
Os quatro denunciados por envolvimento no crime são:
Na “nuvem” (armazenamento digital) do WhatsApp do ex-perito, continha um documento com proposta no valor de R$ 148 milhões para a compra do Jockey Clube. Como os associados são cotistas, receberiam um valor proporcional ao número de cotas que possuíssem, em eventual venda.
Na denúncia do MPES, consta que Wenos não teria recebido qualquer valor referente à venda de um terreno do Jockey Clube, avaliado em R$ 38 milhões. A situação o desagradou profundamente, conforme áudios recuperados do celular dele, nos quais comenta sobre Celso Marvila.
Uma conversa ocorrida após o crime, de um companheiro de trabalho de Wenos, mostra a suspeita em relação à morte do perito aposentado. O homem não teve o nome divulgado na denúncia, mas o documento mostra que o sargento já teria relatado a ele a intenção de matar o perito aposentado.
O MPES aponta que Wenos uniu-se ao irmão Wesley, a Milton (gerente do Jockey Clube), a Lucas e a outras pessoas não identificadas para matar a vítima, com o objetivo de vingar o prejuízo que entendia ter sofrido. Além de lucrar, fazendo com que pudesse ter participação na futura venda.
Trechos de mensagens de áudio extraídos de conversas do telefone de Lucas e transcritos durante a investigação evidenciam a proximidade entre os dois militares envolvidos no crime.
O MPES afirma que os denunciados escolheram o dia 3 de agosto de 2022 para a prática do homicídio, a ser cometido nas dependências do Jockey Clube, onde Wenos era responsável por um dos pavilhões. Uma interceptação telefônica feita em setembro revela o provável horário em que a morte ocorreu.
Na transcrição feita pelos investigadores é possível notar que Celso Marvila estava prestes a deixar o Jockey Clube para comprar medicamento para a esposa, quando acabou assassinado.
Outra conversa telefônica, do dia seguinte ao crime, mostra uma mensagem enviada por Lucas, dizendo que iria levar um "negócio" para uma pessoa. O MPES entende que seria o anel da vítima – uma joia peculiar com formato de ferradura – com o qual o denunciado queria fazer um cordão.
Já no dia 13 de agosto, uma interceptação telefônica revela que Lucas foi informado que o cordão estava quase pronto. Durante diligências cumpridas na casa dele, em 1 de setembro, o anel de Celso Marvila foi encontrado na residência do policial militar, junto com armas, drogas e um celular.
Diante de todos os diálogos e das imagens de videomonitoramento coletadas, o Ministério Público do Espírito Santo concluiu que o crime ocorreu por volta das 17h30 do dia 3 de agosto de 2022, de forma premeditada e por motivo torpe.
O órgão pediu que a prisão temporária dos denunciados seja convertida em preventiva e que eles respondam pelo homicídio de Celso Marvila, pela subtração do anel de ouro dele, por fraude processual e por ocultação de cadáver.
O advogado João Gualberto, que faz a defesa de Milton Cândido, informou que ainda não teve acesso aos autos e assim não há como se manifestar no momento. O espaço está aberto para caso os outros advogados queiram se manifestar.
A reportagem de A Gazeta procurou o Ministério Público, questionando sobre o fato de a Polícia Civil ter prendido seis pessoas e o MPES ter denunciado quatro. Sobre isso, o órgão enviou uma nota, alegando que, por meio da Promotoria Criminal de Vila Velha, "informa que os nomes em tela não foram indiciados pela Autoridade Policial". Destacou ainda que a participação de outras pessoas não está excluída, conforme consta na própria denúncia ajuizada.
Também em nota, o Corpo de Bombeiros Militar informou que a Corregedoria da Corporação aguarda o andamento do Processo Criminal, que tramita na Justiça Comum, para adotar as medidas cabíveis em âmbito administrativo e/ou criminal militar.
A Polícia Civil, por meio da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vila Velha, informa que na conclusão do inquérito policial, quatro pessoas foram indiciadas pelo crime de homicídio qualificado, ocultação de cadáver, furto qualificado (anel da vítima) e fraude processual. No andamento da investigação, não foi possível juntar elementos técnicos suficientes para comprovar a participação dos outros dois envolvidos, bem como outras pessoas.
Atualização (23/01 - 13h24): a versão anterior deste texto apresentava o nome de todos os seis presos durante as investigações da Polícia Civil, mas como não houve o indiciamento de duas pessoas, apenas os nomes dos quatro citados na denúncia foram mantidos.
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