Entre os quatro detidos nesta quarta-feira (12) suspeitos de ordenar os ataques a ônibus na Grande Vitória está um adolescente de 17 anos que veio da Favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, para comandar o tráfico no bairro Maria Ortiz, em Vitória. A informação é do inspetor André Olmo, da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que participou da apreensão do menor e detenção dos outros três indivíduos.
Segundo o inspetor André Olmo, o adolescente estava escondido na favela porque havia contra ele um mandado de apreensão em aberto por tráfico de drogas. O carro em que estavam os quatro indivíduos era monitorado pela PRF e foi interceptado em um trecho de rodovia federal em Guarapari. Os suspeitos foram encaminhados para a Delegacia Especializada de Investigações Criminais (Deic), em Vitória.
"Houve um reforço do policiamento no Espírito Santo [após os ataques], e a inteligência direcionou um veículo, pedindo que a gente abordasse. Os quatro [detidos] mostraram nervosismo exacerbado. Quando perguntamos sobre a origem deles, eles deram versões diferentes", afirmou.
Ainda durante a abordagem, o adolescente de 17 anos tentou enganar a polícia informando um nome falso. A equipe da PRF, no entanto, identificou que o suspeito não era quem informava ser.
Os três, que são maiores de idade, foram ao Rio de Janeiro buscar o adolescente, que seria "frente" do tráfico do bairro Maria Ortiz, de acordo com o inspetor André Olmo.
O inspetor, porém, não confirmou se a vinda do adolescente poderia gerar novos ataques, como foi visto nesta terça-feira (11).
Quatro suspeitos de terem ordenado os ataques a ônibus na Grande Vitória foram detidos na manhã desta quarta-feira (12), segundo o secretário de Estado da Segurança Pública e Defesa Social, coronel Marcio Celante. O grupo estava sendo monitorado e os quatro foram abordados dentro de um veículo pela Polícia Rodoviária Federal, em um trecho de rodovia federal em Viana.
O coronel ainda não deu detalhes nem identificação dos suspeitos, como nome e idade, ou se confessaram participação no crime. Eles foram levados pela PRF para a Delegacia Especializada de Investigações Criminais (Deic), em Vitória.
O repórter fotográfico de A Gazeta Carlos Alberto Silva esteve no local e identificou as viaturas da PRF na delegacia, onde os suspeitos estão sendo ouvidos.
Por volta das 13h desta quarta-feira, policiais militares em patrulhamento ostensivo abordaram um veículo suspeito na Avenida Dante Michelini, na altura de Jardim Camburi. No carro, pertencente a uma locadora, estava um homem de 42 anos. O indivíduo foi conduzido à Divisão Patrimonial da Polícia Civil.
Através de investigações, os policiais militares também localizaram um homem de 45 anos responsável pelo aluguel do carro. Nas oitivas, foi constatado que ele está diretamente envolvido nos ataques, tendo sido autuado em flagrante. O outro conduzido, de 42 anos, foi liberado.
Um total de 16 suspeitos foram detidos, até o momento, por envolvimento nos ataques em Vitória, segundo afirmou a Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social, considerando os quatro abordados pela PRF. Em relação às detenções de suspeitos realizadas na terça-feira, dia dos ataques, inicialmente a pasta havia informado que 10 haviam sido detidos – cinco adolescentes e outros cinco autuados em flagrante. Nesta quarta-feira (12), a Sesp atualizou para 11.
"O 11º foi naquele ataque que houve próximo ao pedágio da Terceira Ponte. Ele buscou socorro no Pronto Atendimento da Praia do Suá, onde foi informado a entrada de uma pessoa com queimaduras. Quando a Guarda Municipal foi até o local, verificou que se tratava de um dos atores dessa ação de queima de ônibus. Temos então, no total, 15 criminosos presos", detalhou o coronel Marcio Celante, secretário de Estado de Segurança Pública e Defesa Social, na manhã desta quarta. No fim da tarde, foi divulgada a prisão do 16º suspeito.
Por volta de 10h desta quarta (12), o governador Renato Casagrande (PSB) confirmou a informação em rede social e citou o serviço de inteligência, que foi utilizado para efetuar as prisões em Viana.
"Resposta rápida de quem realmente se preocupa com a segurança da população. Aqui crime organizado é combatido com rigor", escreveu o governador.
Após a prisão dos suspeitos, o secretário afirmou que o objetivo da Secretaria de Segurança Pública do Espírito Santo é conseguir prender Fernando Moraes Pimenta, o Marujo, que comanda o tráfico de drogas no Bairro da Penha.
“Nosso foco agora é buscar a liderança e fazer a prisão. Na noite do confronto, a inteligência recebeu a informação que Marujo poderia estar no Bonfim com seus seguranças. Ainda precisamos confirmar se ele está aqui na Grande Vitória ou conseguiu fugir”, disse o secretário.
Perguntado sobre a possibilidade de uma intervenção federal no Espírito Santo ou da vinda da Força Nacional, o secretário Marcio Celante afirmou que "isso está descartado".
O secretário lembrou a invasão de Santa Leopoldina, onde homens armados foram presos no dia seguinte ao ataque na Região Serrana do Espírito Santo, para justificar que as forças de segurança do Espírito Santo têm capacidade de lidar com a situação.
“Isso está descartado. Como foi em Santa Leopoldina, daremos a resposta aos capixabas aqui mesmo no Estado. Contamos com as polícias Militar e Civil, além do Corpo de bombeiros e da Guarda Municipal. Temos o apoio da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal. Temos capacidade de dar essa resposta.”
Seis ônibus incendiados e ainda outro metralhado. Atividades suspensas em escolas e comércio. Entre as pessoas, o medo se espalhou. Ao longo desta terça-feira (11), a Capital capixaba (e também a Serra) sofreu uma série de ataques orquestrados pelo Primeiro Comando de Vitória (PCV), principal organização criminosa do Espírito Santo, cuja marca de destruição pode ser vista em inúmeras regiões da cidade.
Pelo menos sete coletivos viraram alvo dos bandidos — seis foram incendiados e um fuzilado. O carro da TV Tribuna também foi atacado por criminosos, que renderam um funcionário da emissora. A reportagem de A Gazeta preparou um ponto a ponto de tudo o que aconteceu ao longo do dia e se prolongou também à noite. Confira:
Os ataques foram motivados pela morte de um jovem de 26 anos, identificado como Jonathan Candida Cardoso, após um confronto com a Polícia Militar na noite desta segunda-feira (10), no bairro Bonfim. Ele seria o segurança do criminoso mais procurado do Espírito Santo, Fernando Moraes Pereira Pimenta, conhecido como Marujo – chefe do tráfico de drogas no Bairro da Penha.
De acordo com a PM, equipes policiais se deslocaram até o local após receber uma denúncia de que o traficante estaria na região com seguranças armados, entre eles o suspeito que foi morto, planejando efetuar ataques a gangues rivais.
Horas depois da morte de Jonathan, um grupo fechou a Avenida Marechal Campos, próximo ao Bonfim. Segundo a Polícia Militar, a maioria dos integrantes era mulher. Elas gritaram contra os policiais e acabaram se dispersando quando o efetivo aumentou no local.
A sequência de ações criminosas começou por volta de 10h30, quando um ônibus foi metralhado no bairro Consolação. A Polícia Militar afirmou que indivíduos armados retiraram o motorista e passageiros de um coletivo e atiraram contra o veículo. Além disso, a corporação confirmou que a ação teria, de fato, relação com a morte do traficante.
No final da manhã, outro ataque aconteceu na mesma região. Dessa vez, um carro de reportagem da TV Tribuna foi incendiado por criminosos. A repórter Daniela Carla, da TV Gazeta, foi ao local e relatou ao vivo, no ES1, que equipes de reportagem estavam sendo ameaçadas a deixarem o local
A partir de 13h30, o primeiro ônibus foi incendiado na Avenida Marechal Campos, altura de Consolação, em Vitória. A fumaça de Consolação pôde ser vista de diversos pontos de Vitória. Confira no vídeo:
Enquanto um ônibus era incendiado em Consolação, criminosos orquestraram mais um ataque, desta vez no bairro Santo Antônio. As ações aconteceram praticamente ao mesmo tempo, porém em pontos diferentes da Capital capixaba.
Em meio ao caos que se instaurou na cidade, moradores sofreram com o medo e a sensação de insegurança. Imagens dos repórteres fotográficos Carlos Alberto Silva e Fernando Madeira, de A Gazeta, mostram a população dos bairros mais atingidos fugindo dos incêndios, além de policiais trabalhando e até resgatando crianças dentro de uma casa.
Houve ainda a interrupção de diferentes serviços, desde o comércio até as atividades em escolas e postos de saúde. Além disso, pelo menos dez 10 linhas de ônibus tiveram alguma alteração ao longo do dia.
Outros dois coletivos foram encontrados em chamas nos bairros Enseada do Suá e Moscoso, entre 17h e 17h30. O quarto veículo pegou fogo perto do Parque Moscoso, enquanto o quinto foi depredado em frente à Praça do Papa.
Cerca de uma hora depois, um sexto ônibus entrou em chamas na altura da subida da Terceira Ponte, entre Vitória e Vila Velha.
Um sétimo ônibus se tornou alvo de criminosos durante à noite de terça, desta vez na Rodovia do Contorno, na Serra. Esse foi o primeiro veículo incendiado fora do município de Vitória, após mais de 12 horas de ataque.
Dois menores de idade, de 16 e 17 anos, acabaram apreendidos no meio da tarde, suspeitos de participarem do ataque ao ônibus em Santo Antônio. Mais tarde, outros dois homens - um menor de 17 anos e outro de 21 anos - foram detidos no ponto final do bairro Maria Ortiz, em Vitória, portando um galão de gasolina. Até às 20h desta terça, dez envolvidos nos ataques haviam sido detidos.
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